Através da arte eles nos mostram sua visão do mundo, como eles o veem, às vezes claramente, às vezes através dos filtros de suas psicoses.
Quanta angustia, desespero e desejo de liberdade, a necessidade de ampliar os horizontes estão claramente mostrados em algumas peças.
A visão e principalmente a percepção desses pequenos detalhes e nuances presentes nas obras, menos nos angustiam, mais nos transmitem certa paz, pois ao nos descobrirmos capazes de decifrar os signos, nos percebemos enternecidos e plenos de compreensão com suas dores e dilemas.
Emygdio, ao mesmo tempo que sonha com a liberdade, produz cenas escuras com cores soturnas, como que sentisse medo de realizar deus desejos.
O que há de melhor na exposição, e que desafortunadamente não estão nas imagens abaixo, é o desejo de liberdade, o sentimento de família, desesperada pela doença, de continuidade, perceptíveis em outras imagens.
Balada do louco - Ney Matogrosso
Abaixo das imagens, o press-release, fornecidos pela assessoria de imprensa do IMS.
Exposição no IMS-SP reúne obras de Raphael Domingues e Emygdio
de Barros, artistas que passaram a maior parte de suas vidas no Centro
Psiquiátrico do Engenho de Dentro
O Instituto Moreira Salles de
São Paulo abre em 9 de abril (terça-feira), às 19h30, a exposição Raphael e Emygdio: dois modernos no Engenho
de Dentro, com 100 obras, entre desenhos e pinturas de Raphael
Domingues (1912-1979) e Emygdio de Barros (1895-1986) que, diagnosticados como
esquizofrênicos, frequentaram o ateliê de artes do Setor de Terapêutica
Ocupacional e Reabilitação (STOR) do Centro Psiquiátrico Nacional (atualmente Instituto Municipal Nise da Silveira),
no bairro carioca do Engenho de Dentro. A curadoria é do crítico de arte
Rodrigo Naves e de Heloisa Espada, coordenadora de artes visuais do Instituto
Moreira Salles. A exposição ficou em cartaz no IMS-RJ entre julho e outubro do
ano passado.
O ateliê de artes STOR do
Centro Psiquiátrico Nacional foi fundado em 1946
pela psiquiatra Nise da Silveira (1905-1999) com o objetivo de criar
alternativas aos procedimentos agressivos usados no tratamento de pacientes
psiquiátricos naquele momento: a lobotomia, o choque elétrico e a injeção de
insulina. Para a médica, a produção plástica era uma porta de entrada para a
psique de seus pacientes, uma forma de comunicação com pessoas que tinham
grande dificuldade de se expressar verbalmente. Raphael e Emygdio participaram
dos primórdios do ateliê, tendo sido assistidos pelo artista Almir Mavignier,
que foi monitor daquele espaço entre 1946 e 1951. Todos
os trabalhos produzidos no ateliê foram guardados pela dra. Nise como fonte de
informação sobre o estado psíquico e emocional dos pacientes. Mais tarde, em
1952, essas obras deram origem ao Museu de Imagens do Inconsciente. Todos os
trabalhos apresentados nesta exposição pertencem ao Museu.
De Raphael, serão apresentados
nessa exposição alguns poucos trabalhos feitos na adolescência junto a um amplo
número de desenhos – feitos a bico de pena e pincel – realizados entre 1946 e
1951, enquanto foi monitorado por Almir Mavignier. Os trabalhos chamam a
atenção pela leveza e segurança de uma linha quase sempre contínua, que conjuga
domínio espacial e improviso, figuração e abstração, clareza e ornamento. Já de
Emygdio, foram escolhidas para essa mostra obras realizadas entre as décadas de
1940 e 1980, na maioria sobre papel. Elas apresentam uma surpreendente
diversidade de soluções pictóricas, que têm em comum, no entanto, uma espécie
de conciliação entre luminosidades contrastantes, entre linhas e massas de cor.
Mais sobre os artistas:
Raphael Domingues
nasceu em 1912, em São Paulo ,
mas aos sete anos já morava no Rio de Janeiro. Dos 14 aos 17 anos, estudou
desenho acadêmico no curso noturno do Liceu Literário Português. Nesse período,
trabalhou como desenhista em agências de publicidade. Os primeiros sinais da
esquizofrenia chegaram aos 15 anos. Foi internado pela primeira vez aos 19 anos
no Hospital da Praia Vermelha, onde ficou por um ano e meio. Foi transferido
para a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, onde ficou por mais um ano e
meio. Voltou para casa, onde passou os dez anos seguintes sendo cuidado pela
família. Em 1944, por conta de um câncer, sua mãe se viu forçada a interná-lo
mais uma vez no Hospital da Praia Vermelha. No mesmo ano, o hospital foi
desativado, e Raphael foi transferido para o Centro Psiquiátrico Nacional do
Engenho de Dentro, onde ficou até morrer, em 1979.
Emygdio de Barros nasceu
em 1895 em Paraíba do Sul, no Rio de Janeiro. Desde pequeno, viu sua mãe sofrer
de distúrbios mentais. Aos seis, já apresentava interesse pela pintura e, entre
os 12 e os 13 anos, tornou-se aprendiz de pintor de letreiros e tabuletas. Em
1911, aos 16 anos, iniciou um curso técnico de torneiro mecânico. Ao final do
curso, foi admitido no arsenal da Marinha. Em 1922, foi convidado a participar
da comissão de aquisição de material de guerra que seguia para a Europa, e
permaneceu por dois anos em
Paris. De volta ao Rio de Janeiro, começou a apresentar
distúrbios de comportamento. Em 1924, foi internado no Hospital da Praia
Vermelha, onde permaneceu por 20 anos, até ser transferido para o Centro
Psiquiátrico Nacional do Engenho de Dentro e passou a frequentar o ateliê de
artes do STOR. Em 1950, Emygdio deixou o Centro Psiquiátrico, mas voltou em
1965. Em 1974, a
família fez outra tentativa de tê-lo em casa. Diante das dificuldades do cuidado, optaram
por interná-lo outra vez, mas numa clínica geriátrica. Mesmo morando na clínica
geriátrica, ele frequentava o ateliê do STOR. Continuou a pintar até sua morte,
em 5 de maio de 1986, em decorrência de um AVC.
Catálogo Raphael e Emygdio:
dois modernos no Engenho de Dentro
A publicação reúne, além de
desenhos e pinturas dos dois artistas exibidos na mostra, ensaios dos curadores
e uma seleção de textos de época, que tem por objetivo esclarecer a importância
histórica de Raphael e Emygdio no campo da arte. Traz à tona detalhes sobre sua
formação, o contexto que possibilitou o desenvolvimento de seus trabalhos e o
interesse despertado por eles em alguns dos mais relevantes críticos
brasileiros.
ISBN: 978-85-86707-82-7
Formato: 23 x
Nº de páginas: 208 páginas
R$ 85
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SERVIÇO DA EXPOSIÇÃO:
Raphael e Emygdio: dois modernos no Engenho de Dentro
Abertura: 9
de abril de 2013, às 19h30
Exposição:
de 10 de abril a 7 de julho de 2013
De terça a sexta, das 13h às 19h
Sábado, domingo e feriado, das
13h às 18h
Entrada franca - Classificação
livre
Instituto
Moreira Salles – São Paulo
Rua
Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis
Tel.:
(11) 3825-2560
Informações
para a imprensa:
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