Esta é uma verdadeira música sertaneja, feita por um dos nossos artistas universais, Milton Nascimento.
Conta-nos uma história que pode acontecer em qualquer época ou em qualquer rincão de nossa terra, da amizade infantil que se perde no tempo, e nos aponta a realidade da vida no campo.
A interpretação de Elis, abaixo no primeiro player, é de tal intensidade que ela termina chorando, emocionada.
Elis foi a mais importante cantora do Brasil de todos os tempos, pois além da carreira gloriosa, lançou ou projetou vários compositores como Gilberto Gil, Milton Nascimento, Ivan Lins, João Bosco e Aldir Blanc, Belchior e Renato Teixeira entre outros.
É muito difícil achar na música do interior alguma qualidade, hoje em dia os artistas e o publico adoram chorar a traição e o abandono nas relações afetivas, é um "porre" escutar o choro da dor de corno e a suplica ao retorno do objeto de sua fixação amorosa.
No segundo player a versão com o autor, para mim umas das melhores vozes da nossa música.
Morro Velho
Milton Nascimento
Composição: Milton Nascimento
No sertão da minha terra, fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força, parece até que tudo aquilo ali é seu
Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada
Fez a obrigação com força, parece até que tudo aquilo ali é seu
Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho, lindo a crescer
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada
Filho do branco e do preto, correndo pela estrada atrás de passarinho
Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos, sempre pequeninos
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver
Orgulhoso camarada, conta histórias prá moçada
Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos, sempre pequeninos
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha, dá pro fundo ver
Orgulhoso camarada, conta histórias prá moçada
Filho do senhor vai embora, tempo de estudos na cidade grande
Parte, tem os olhos tristes, deixando o companheiro na estação distante
Não esqueça, amigo, eu vou voltar, some longe o trenzinho ao deus-dará
Parte, tem os olhos tristes, deixando o companheiro na estação distante
Não esqueça, amigo, eu vou voltar, some longe o trenzinho ao deus-dará
Quando volta já é outro, trouxe até sinhá mocinha prá apresentar
Linda como a luz da lua que em lugar nenhum rebrilha como lá
Já tem nome de doutor, e agora na fazenda é quem vai mandar
E seu velho camarada, já não brinca, mas trabalha.
Linda como a luz da lua que em lugar nenhum rebrilha como lá
Já tem nome de doutor, e agora na fazenda é quem vai mandar
E seu velho camarada, já não brinca, mas trabalha.
Que maravilha! em um fim de tarde fria e com uma garoa finhinha caindo lá fora, encontrar um texto magnifico...Elis Regina para mim foi e será sempre a pimentinha que sempre gostei muito, a melhor, pena não estar entre nós, mas com certeza encanta os céus....amei seu texto
ResponderExcluirTe sigo com carinho
Preciosa Maria
Olá!
ResponderExcluirMuito obrigada :)
Voce quem escreve bem e eu sempre estou lendo teu blog :)
Esta canção é muito linda, voce tem bom gosto:)
Parabens!
música muito linda, aliás como todas as suas outras composições, cheias de estilo e beleza. precisamos ouvir muitas vezes Milton.
ResponderExcluirElis prá mim é imortal!
ResponderExcluirOi,Macário!
ResponderExcluirGosto muito de modinhas caipiras, aquelas de raiz mesmo. E o interior continua criando composições e melodias maravilhosas. O problema é que conhecemos apenas o que os produtores culturais, a mídia e o mercado elegem como
criação. Hoje os meus progrmas prediletos são Viola minha viola e Senhor Brasil. Ali podemos ter um pouco de prazer em ouvir algo "original", vindo de uma terra que cada vez mais se torna distante e desconhecida por quem se deixa levar pelas novidades e superficialidades urbanas. Beijos
Ana, que lembrança preciosa.
ResponderExcluirAssisto a vários destes programas, com freqüência maior nos do Boldrin, em que vi apresentações memoráveis, de uma beleza ímpar.
Realmente, o que não interessa aos meios de comunicação são deixados de lado ou até desprezados, pois o que realmente interessa é o lucro fácil, sem muito esforço.
Obrigado por mais esse precioso comentário.
Bjs,
Grande Maca,
ResponderExcluirElis e Milton... Esta dupla fez história na nossa música. Não sei qual versão gosto mais. Minha paixão pela Elis me faz pender para o lado dela, mas a voz do compositor é realmente de babar. Isso para não falar da letra, outra obra prima daqueles anos fantásticos e criativos. Parabéns pela postagem, agradável de se ler, como sempre.
Abs,
John Boy
Caríssimo Macário
ResponderExcluirSou músico profissional há 28 anos, amo a música brasileira e não poderia deixar de parabenizá-lo por postar essa música e seus comentários.
Não posso deixar de expressar minha opinião quanto ao valor da Elis, claro que pra mim é a maior cantora que tivemos no quesito musical, mas há outras tão importantes ou mais na questão de revelar compositores e levar a nossa MPB adiante como é o caso da Carmem Miranda, ela fez não só o Brasil conhecer, mas o mundo todo conhecer Caymmi, Assis Valente, Zequinha de Abreu, Ari Barroso e outros.
Temos excelência em música popular como o Japão tem em tecnologia, digo isso porque convivo com a música diariamente e tenho que corrigí-lo quando diz que é muito difícil encontrar música regional de qualidade hoje no interior!
A questão é que espaço a boa música regional ou não ocupa dos meios de comunicação, essa é a questão e não o que se produz, garanto a você que a MPB vai muito bem obrigado com valores excepcionais, compositores ótimos e inspiradíssimos, instrumentistas magníficos, o problema é que como em outros setores da arte, o Teatro, o cinema, as plásticas, há um domínio daquilo que se chama "produto", a música não é arte necessariamente, é produto e isso é tratado como tal, com seu marketing, sua embalagem, seu perfil de consumo, etc... então os programas de TV, rádio, os prêmios da Indústria do entretenimento, vide, Grammy, Oscar, Prêmios Shel, Sharp, Tim, MTV, etc... são prêmios produzidos por essa indústria e só trabalham para ela, até a Revista Bravo, pasmem, tudo é feito com cartas marcadas para servir um comércio genuíno que visa o lucro e nada mais! Pode até calahar de surgir um bom artista que comungue com as propostas comerciais de tais meios e consiga ser "bom" e "comercial" também, isso acontece, mas em geral a qualidade não é pré requisito para fazer parte desse "casting".
É só isso!
Esse debate é saudável e parabenizo-o de novo pela iniciativa e o agradeço pela oportunidade!
ps.Acho que você quis dizer Renato Teixeira entre as revelações da Elis.
Mário, já esta corrigido. Obrigado.
ResponderExcluirConvido-o a ler também a postagem "E a nova MPB" e "Samba da Benção", entre outras em que falo da MPB que eu gosto.
Abraços,