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quinta-feira, 29 de junho de 2017

Brecheret: Encantamento e Força

Essa é uma exposição que apesar de pequena é completa, pois nos apresenta obras de todas as fases da produção artística de Victor Brecheret.

Desde obras do começo de sua carreira com o rigor acadêmico clássico até suas últimas obras que já tem bem definida a estética desenvolvida durante a vida, que lhe é peculiar e de grande impacto visual e emocional.

Só grandes artistas com profundo conhecimento das técnicas de seu mister conseguem desenvolver características próprias, um estilo que é sua assinatura, identificada ao longe.

Um lindo passeio para se conhecer mais desse magnífico artista.





Brasiliana nº 8 - Choro - Radamés Gnattali


Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do evento.













 Dan Galeria traz exposição com esculturas e desenhos de Victor Brecheret
“Encantamento e Força” tem curadoria de Daisy Peccinini e apresenta ao público peças que compõem um panorama abrangente da produção do artista, entre as quais, um desenho inédito do início de sua carreira
Victor Brecheret: Três Graças (c. início déc. 1930), bico de pena sobre papel, 27 x 20 cm | Três Graças (início déc. 1930), bronze, 37 x 15 x 13 cm
Considerado um dos escultores mais importantes do país e criador de um dos monumentos mais icônicos e significativos da cidade de São Paulo, Victor Brecheret tem seu trabalho celebrado pela Dan Galeria, que recebe, a partir de 8 de junho, a exposição Brecheret: Encantamento e Força, com curadoria de Daisy Peccinini, especialista na obra do artista.
A mostra inclui criações do escultor de um período que vai de 1916 a 1955, apresentando ao público um panorama bastante abrangente da carreira artística de Brecheret, expondo, inclusive, as várias possibilidades e momentos estéticos que o artista vivenciou e incorporou em seu trabalho. São 46 obras, entre esculturas e desenhos, que se dividem em núcleos e subnúcleos. "O feminino, o masculino e o idílio", "Arte indígena", "Arta sacra" e "Cavalos" são os temas que se sobrepõem às esculturas. "Desenhos" é apresentado como o quinto núcleo da exposição, por sua vez subdividido pelos temas equivalentes aos dos grupos escultóricos.
Para a curadora, duas qualidades se impõem como marcas estilísticas permanentes na obra do escultor, independente do tema ou código por elencado: o encantamento e a força. "Encantamento, uma especial sedução pela impecável fatura, fazendo os olhares deslizarem pelos volumes flexuosos, interagindo com a sensibilidade e o prazer de cada um que os contempla”, afirma Daisy. “E se de um lado existem encantamentos, por outro há um élan que integra as partes numa pulsão centrífuga, de modo que os volumes sedutores possuem força e tensão que os aglutinam e geram uma aura monumental", completa.
Tema preponderante na produção de Brecheret, a figura feminina convida o público, já na parte exterior da galeria, a imergir em seu universo criativo: a monumental Morena (c. 1951), escultura em bronze com mais de 2,4 metros de altura, recebe-o como uma anfitriã do espaço.
O feminino da mitologia grega ganha forma em Três graças (início da década de 1930), com a representação das deusas da dança, da graça e do amor, que em sua reprodução simbolizam as três raças de acordo com as teorias então vigentes - negra, amarela e branca. Unidas pelos ombros, as figuras desafiavam as mentalidades da época, marcada pelo nazismo e fascismo europeus, que pregavam a superioridade dos brancos sobre os demais. "Um trabalho arrojado plástico e politicamente, que naquele contexto exaltava a harmonia e a fraternidade", acrescenta a curadora.
O bronze Cabeça de Marisa (c. 1955) foi fundido a partir de um gesso modelado pelo artista horas antes de sua morte. Dedicado a imprimir nele o retrato de sua sobrinha, Brecheret, por meio de ordenação rigorosa e refinada, emprega na obra simplicidade, pureza e força plástica de formas, características tão comuns em seus retratos.
Beijo (c. déc. 1930) traz uma das raras peças em sua produção representando o idílio entre um homem e uma mulher. O bronze polido assume uma forma oval, alongada, quebrada por pequenas incisões horizontais, sugerindo ao espectador mão entrelaçadas do casal.
Consciente da importância dos povos da terra para a formação e a expansão territorial da nação brasileira, o artista dedicou-se também, principalmente a partir da década de 1940, ao universo das formas primitivas da cultura indígena do país. Filha da terra roxa (c. 1947-1948) foi um de seus primeiros trabalhos com a temática. Modelada inicialmente com terra roxa, a terracota foi exposta em 1948 na Galeria Domus, primeira a expor os modernistas brasileiros. Na mostra da Dan Galeria, a peça apresentada é fundida em bronze.
Apesar de não ter sido religioso, o artista tinha uma admiração muito grande pela arte sacra, presente em sua produção nas mais diversas épocas. Nesse contexto, A virgem com o Menino Jesus foi um dos temas mais trabalhados por Brecheret, tendo sido realizado em diferentes composições e materiais. Em Virgem (c. 1923-1925), ele inova a tradição iconográfica, dispondo a Virgem de joelhos, construindo um jogo complexo de curvas e contracurvas, que dançam sob a ação da luz sobre o metal polido.
O relevo Cavalos (c. 1953) traz o modelo de um dos painéis de mármore travertino que recobrem as fachadas de ingresso do Jockey Club de São Paulo, onde o artista realizou uma verdadeira saga dos cavalos de corrida, seu ciclo de vida, de vitórias e final de carreira. Na peça apresentada na exposição, os volumes conjugam a tensão e o furor da competição com a exaltação da elegância e da beleza dos animais.
Por fim, o conjunto de desenhos apresentado na mostra tem qualidade e condição singular, uma vez que muitos deles prefiguram a obra escultórica que surgiria posteriormente. Três Graças (c. início déc. 1930), em uma versão de bico de pena sobre papel, é um destes exemplos. O desenho emana o frescor das aparições subconscientes, como uma primeira expressão que depois assumirá materialidade tridimensional na obra escultórica.
San Michelle (c. 1916), um retrato de São Miguel Arcanjo, é um dos destaques do núcleo. Trata-se de um desenho, inédito até então, produzido pelo artista no período de sua formação em Roma. O ensaio, realizado a partir de uma pintura de altar de autoria de Guido Reni, já prenuncia sua grande capacidade e o olhar plástico do artista. "Impressiona a habilidade da transcrição fiel da pintura e sua capacidade de, apenas com o uso do crayon, conseguir dar o modelado dos relevos e das depressões dos corpos, mantendo uma tensão e dinamismo da cena", afirma Daisy.
O artista
Victor Brecheret nasceu em 15 de dezembro de 1894 em Farnese di Castro, na Itália, chegando ainda menino a São Paulo, cidade que adotou como sua. Quando jovem, frequentou aulas no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Aos 19 anos de idade, partiu para Roma, entrando em contato com as vanguardas artísticas das décadas de 1910 e 1920. Foi discípulo de Arturo Dazzi, que ofereceu a ele formação técnica do modelado e dos princípios de anatomia humana e animal. Ainda no período em que esteve em solo italiano, foi influenciado por escultores pós-Auguste Rodin, como Ivan Meštrović e Émile-Antoine Bourdelle.
Pouco depois de retornar ao Brasil, ao fim da Primeira Guerra Mundial, foi descoberto por jovens futuristas, sedentos de modernidade da arte e da cultura. Di Cavalcanti, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia ficaram encantados com a modernidade de suas esculturas. Ao lado de Anita Malfatti, Brecheret passou a ser considerado o precursor do Modernismo no Brasil e do pensamento vanguardista que culminou na Semana de Arte Moderna de 1922, com a exposição de 20 esculturas no saguão e nos corredores do Teatro Municipal de São Paulo.
Em 1921, o artista recebeu uma bolsa do Pensionato Artístico do Governo Paulista e partiu para Paris, em um sonho, para se aprimorar tecnicamente para realizar o Monumento às Bandeiras - concebido no ano anterior, apresentado até então somente em maquete. No período em que esteve na Europa, o artista recebeu a mais alta condecoração da República Francesa, o título de Cavaleiro da Legião de Honra da França. A designação o colocou entre os mais importantes escultores modernos e vanguardistas da época, principalmente aos olhos dos artistas e intelectuais brasileiros.
A encomenda da execução do Monumento às Bandeiras pelo Governo do Estado de São Paulo veio apenas em 1936, após a derrota paulista diante da Revolução Constitucionalista de 1932. O monumento exaltava um sentimento de orgulho perante o Estado e as expedições bandeirantes. O artista dedicou-se à realização desse projeto por quase 20 anos, sendo considerada sua maior obra, a qual foi finalizada em 1953, tornando-se um dos ícones da cidade.
Em 1951, o artista foi premiado como o melhor escultor nacional na I Bienal do Museu de Arte Moderna de São Paulo. Brecheret faleceu na cidade de São Paulo, em 17 de dezembro de 1955.
Clique aqui para mais imagens.
Serviço
Brecheret: Encantamento e ForçaVernissage: 8 de junho, das 19h às 22hPeríodo de exposição: de 8 de junho a 10 de julhoDe segunda a sexta das 10h às 18h, sábado das 10h às 13h
Dan Galeria
Rua Estados Unidos, 1638. Jardim Paulista
Telefone: (11) 3083-4600

Informações para a imprensa:
A4&Holofote
+55 (11) 3897-4122
Cristiane Nascimento - cristianenascimento@a4eholofote.com.brNeila Carvalho – neilacarvalho@a4eholofote.com.br


terça-feira, 6 de junho de 2017

Vicente do Rego Monteiro - Nem Tabu, nem Totem

Existem ocasiões que me sinto privilegiado, conhecer ou rever obras dos grandes mestres das nossas artes plásticas me embevece, pois me lembra que tivemos artistas que exerciam seu mister com maestria e rigor técnico, coisas que hoje em dia são raras ou que não mais existem.

Esta mostra de Vicente do Rego Monteiro é um dessas, que embora pequena, tem obras expressivas de sua produção, inconfundíveis em sua estética com seus traços que são também sua assinatura.

Mais um magnífico evento proporcionado pela galeria Almeida e Dale com curadoria de Denise Mattar, um passeio inesquecível.






Brasiliana nº 8 para Dois Pianos - Choro - Arthur Moreira Lima - Radamés Gnattali






















Galeria Almeida e Dale recebe exposição Vicente do Rego Monteiro - Nem Tabu, nem Totem

Vicente do Rego Monteiro | O vendedor de esteiras | Óleo sobre tela | 50 x 65 cm | Coleção Particullar

“Quero que o meu poema não seja nem tabu, nem totem”
Vicente do Rego Monteiro

O pintor e poeta pernambucano Vicente do Rego Monteiro foi um artista singular, cuja instável personalidade marcou sua produção e também a relação com seus pares e com intelectuais da primeira metade do século XX. Colheu como fruto desse perene desassossego ser lembrado e esquecido, estar presente e ausente. A exposição Vicente do Rego Monteiro - Nem Tabu, nem Totem, que a Galeria Almeida e Dale recebe a partir de 3 de junho, apresenta ao público paulistano um recorte com os principais momentos dessa figura instigante, muitas vezes preterida, apesar de ter sido um dos precursores dos ideais da Semana de 22.
A exposição, que tem curadoria de Denise Mattar, reúne 38 obras do artista, mesclando trabalhos de diferentes períodos agrupados por analogia de linguagem, pondo em relevo a excepcionalidade do artista. O recorte foca em sua produção plástica das décadas de 1920 a 1940, apresentando trabalhos da série "Lendas Amazônicas", um conjunto de obras art déco, a breve influência surrealista, as naturezas mortas perspectivadas, além do seu interesse pela arte sacra.
Participante da Semana de 22, Rego Monteiro, estava muito à frente dos modernistas brasileiros. Já no início dos anos 1920, sua temática era povoada pelas lendas indígenas e pelo sagrado. A exposição que chega à galeria paulistana traz dessa época as aquarelas A rede do amor culpado (Bailado na Lua), Composição indígena e Sem título, que em 1921 integraram uma mostra realizada no Teatro Trianon - na época muito bem recebida pela crítica.
"Vicente do Rego Monteiro queria ser escultor, mas foi como pintor que impregnou sua obra de intensa expressão tátil. Produziu um surpreendente indianismo de vanguarda, mas nunca foi um 'antropófago'. Criou um caminho inteiramente original na pintura, miscigenando o art déco e a cerâmica marajoara, mas nele enveredou para uma religiosidade cristã", destaca Denise Mattar.
A curadora explica que o verso que dá nome à mostra é parte de um soneto, Meu Poema, de autoria do próprio Rego Monteiro. "O título da mostra exprime com precisão a desconcertante personalidade do artista, que, durante toda a sua vida, alternou longos períodos entre o Sena e o Capibaribe, entre as artes plásticas e a poesia, entre a criação e a edição", afirma.
Ainda em meados da década de 1920, morando em Paris, Rego Monteiro desenvolve uma técnica, inteiramente pessoal, reportada às estilizações formais do art déco, num clima mítico, místico e metafísico, passando a integrar o importante grupo L’Effort Moderne. A produção desse período é considerada a melhor fase do pintor. Seus trabalhos da época ganharam destaque pelo caráter escultórico de sua pintura. Os óleos sobre tela Fuga para o Egito e Atirador de arco são algumas das obras primas desse momento.
Na segunda metade da década, Rego Monteiro casa-se com a francesa Marcelle Louis Villard, que herda os bens de seu primeiro marido. Deslumbrado diante de uma nova situação econômica, o artista passa a viver uma vida frenética. Nesta época, alguns de seus trabalhos ganham certa influência surrealista, tais como Arlequim e o Bandolim e Moderna degolação de São João Batista.
Em 1928, Rego Monteiro é convidado por Oswald de Andrade a integrar o movimento Antropófago. O artista não apenas recusa o convite, como também se sente insultado, por se considerar um pioneiro da antropofagia – questão que suscita opiniões diversas pela crítica até hoje. Para o crítico literário Jorge Schwartz, por exemplo, o fato de Rego Monteiro ter sido pioneiro na introdução do indianismo de vanguarda não o torna um antropófago, nos moldes formulados pelo poeta paulista no final da década.
“O movimento oswaldiano não pode ser dissociado de uma proposta revolucionária e utópica. O indianismo de Rego Monteiro não ultrapassa os limites estéticos e até decorativos que imprime a sua extraordinária obra”, afirma o autor em Fervor das Vanguardas.
Após a quebra da bolsa de Nova York, em outubro de 1929, a vida artística parisiense é afetada e Rego Monteiro inicia uma década de pouca produção pictórica. Em 1933, retorna ao Brasil e, pouco tempo depois, passa a dirigir a revista monarquista e nacionalista Fronteiras, onde escreve artigos e realiza uma série de ilustrações e fotografias. A postura conservadora da publicação contribui para o isolamento do artista. Exemplo disso foi a proposta de queima em praça pública de Casa Grande e Senzala, de Gilberto Freyre, seu amigo na juventude.
Em 1942, Rego Monteiro retoma, em pintura, alguns temas nordestinos que desenhara na década anterior. A tela O vendedor de esteiras data deste período. Na mesma época, o artista passou a retratar uma série de naturezas-mortas, da qual figuram Natureza morta e Tulipas. Ainda nesse período, ele pinta algumas obras com princípios figurativistas dos anos 20, a exemplo de Mulher com violoncelo.
De volta a Paris, o artista funda, em 1947, a La Presse à Brass, editora particular que se transformou em símbolo de sua dedicação à poesia e à cultura francesa. Durante esse período de 10 anos Rego Monteiro publica 13 livros de sua autoria, mas sua produção plástica é pequena. Em 1960, recebeu um dos mais importantes prêmios literários da França, o Prix Guillaume Apollinaire.
Rego Monteiro volta ao Brasil em meados de 1950 e a partir daí dedica-se intensamente à pintura. Na década de 1960, retoma os temas regionalistas e as naturezas-mortas desenvolvidos em 1940.
Em 1970, Rego Monteiro figura na 8ª edição da exposição Resumo JB, evento prestigiadíssimo na época, que elegia os mais destacados artistas do ano. Preparando sua ida ao Rio, para a abertura da mostra, ele sofre um enfarte, falecendo a 5 de junho, no Recife.
“Confirmando a incoerência que permeou toda a vida de Vicente do Rego Monteiro, foi exatamente quando sua obra entrou em declínio que ele recebeu o reconhecimento que tanto buscou. Rego Monteiro foi uma personalidade fascinante e incoerente - nem tabu, nem totem”, afirma Denise Mattar.
A exposição reúne ainda seis obras de Fedora e Joaquim do Rego Monteiro, irmãos de Vicente, sempre referidos nas biografias do artista, mas raramente apresentadas em exposições fora do Recife. Fedora foi a primeira mulher brasileira a participar do Salon des Indépendants, em Paris. A artista teve uma produção constante, sempre observada pela crítica francesa, até seu retorno ao Recife e o casamento com o político e jornalista Aníbal Fernandes. Dedicada à família a partir daí, a artista só voltou à sua obra 13 anos depois, pintando, então, com assiduidade, até o seu falecimento em 1975.
Já Joaquim do Rego Monteiro desenvolveu um interessante trabalho de raiz cubista, pleno de simultaneidades informais. As obras apresentadas na exposição são do início de sua carreira e retratam o interior e o exterior do atelier que ele e Vicente partilharam na Rue Gros, em Paris, no ano de 1923. O artista faleceu prematuramente, em 1935.
A exposição Vicente do Rego Monteiro – Nem Tabu, nem Totem insere-se dentro de uma ação institucional da Galeria Almeida e Dale que busca resgatar grandes talentos da arte brasileira, como nas mostras já apresentadas de José Antônio da Silva, Eliseu Visconti, Raimundo Cela, Ernesto de Fiori, Di Cavalcanti, Ismael Nery, Willys de Castro, Alberto da Veiga Guignard, Alfredo Volpi e Aldo Bonadei.
O início da carreira
Vicente do Rego Monteiro nasceu em 19 de dezembro de 1899, no Recife. Por influência de sua mãe, professora, todos os irmãos revelaram seus pendores artísticos: José seria arquiteto, Fedora, Vicente e Joaquim, pintores, e Débora, escritora.
Dez anos mais velha, sua irmão Fedora foi responsável pela mudança da família para Paris em 1911. Numa atitude bastante incomum para a época, sua mãe decidiu que a filha deveria continuar os estudos de artes iniciados na Escola Nacional de Belas Artes na Académie Julian, na capital francesa. Vicente a acompanhava em algumas aulas e frequentava cursos paralelos, mas o que realmente o interessou nessa primeira estadia foi a efervescência cultural da cidade.
A eclosão da I Guerra fez com que a família voltasse para o Brasil, em 1914, fixando-se no Rio de Janeiro. Em 1918, Vicente assiste no Recife às apresentações da companhia de Ana Pavlova, o que o leva a pensar na criação de um bailado inspirado nas lendas indígenas brasileiras. Ele dedica-se então a estudar as lendas amazônicas, e o faz com seriedade.
Em 1920, Vicente apresenta um conjunto de 43 obras na Livraria Moderna, em São Paulo, onde conhece Anita Malfatti, Brecheret e Di Cavalcanti. A mostra segue para a Associação dos Empregados do Comércio, no Rio de Janeiro, e depois é apresentada, com 31 obras, na mesma entidade no Recife. De modo geral, a imprensa recebeu bem a exposição, com destaque para as críticas de Monteiro Lobato e Ribeiro Couto.
Logo após a mostra, o artista decide retornar a Paris. Foi um momento de experimentação, de procura de novos caminhos. Em 1922, participou, por acaso, da Semana de Arte Moderna em São Paulo, com dez obras que ele havia deixado com Ronald de Carvalho quando partiu e que foram incluídas na mostra pelo poeta.
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Vicente do Rego Monteiro, 1970 | Foto: Edmond Dansot
Maturidade
A grande virada na obra de Vicente do Rego Monteiro ocorreu, entre 1923 e 1925, quando o artista teve a sensibilidade de conectar o estilo art déco, em plena ascensão na França, às suas raízes brasileiras e à arte marajoara. Foi também o momento no qual conseguiu transformar a pesquisa sobre as lendas amazônicas num livro e ainda realizar seu sonhado bailado, apresentando-o, em alguns dos melhores teatros de Paris, com dançarino François Malkovikz (1899-1982), sucessor de Isadora Duncan.
Nas décadas seguintes, o artista se divide entre Paris e Recife, em longos períodos intercalados, ora se dedicando com afinco à pintura, ora à poesia e à produção editorial.
Em 1966, é contratado para lecionar no Instituto Central de Artes da Universidade de Brasília, onde assume a direção da Gráfica Piloto. No bojo dos movimentos políticos de 1968, o ateliê de Monteiro no campus da UnB é invadido e algumas de suas obras são destruídas por estudantes extremistas.
Além de estar presente nos principais acervos museológicos do Brasil Rego Monteiro é o artista moderno brasileiro mais bem representado na França, com importantes obras no Museu Nacional de Arte Moderna- Centro Georges Pompidou, Paris, Museu de Arte Moderna de la Ville de Paris, Museu Géo-Charles, Echirolles e Museu de Grenoble.
Em outubro deste ano, o Centro Pompidou apresentará uma importante exposição retrospectiva de Paulo Brüscky, que incluirá na sua exposição dois trabalhos de Rego Monteiro que integram o acervo da instituição francesa. Grande admirador do artista, Brüscky realizou extensa pesquisa documental sobre ele - material que estará presente no Pompidou -, e publicou em 2004, no Recife, um livro reunindo toda a obra poética do artista pernambucano.
Clique aqui para mais imagens.
Vicente do Rego Monteiro - Nem Tabu, nem TotemVernissage: 3 de junho (sábado), das 11h às 14hPeríodo de exposição: de 5 de junho a 29 de julhoDe segunda a sexta, das 10h às 18h; sábado, das 10h às 14h
Galeria Almeida e DaleR. Caconde, 152 - Jardim Paulista, São Paulo – SP
Tel.: 11 3887-7130
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