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sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Ron Mueck na Pinacoteca

Demorei bastante até conseguir ir a esta exposição, mas a espera compensou plenamente minha curiosidade e o tempo que perdi na fila, apesar de ter chegado quarenta minutos antes da abertura da bilheteria.

É uma exposição magnífica, tanto pelas obras como pela montagem dentro do grande salão de exposições temporárias da Pinacoteca, que prevendo o enorme afluxo de pessoas está muito bem espalhada pelas salas, nos permitido desfrutar com o vagar necessário este evento.

As obras todas com o preciosismo  já muito falado e comentado, trazem em si uma característica comum a todas, que não sei se as pessoas percebem, que é a profunda melancolia dos personagens. Não há nenhum que não transmita uma enorme tristeza e desesperança nos olhares perdidos.

Cada peça mostrada nos reserva uma surpresa, pois suas dimensões nunca são as esperadas, quando imaginamos gigantescas elas se apresentam diminutas e vice-versa.

Um passeio imperdível, até para quem ainda não gosta de visitar museus e exposições. 



Gema - Caetano Veloso

Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa da Pinacoteca.









De 20 de Novembro de 2014 a 22 de Fevereiro 2015 a Pinacoteca do Estado de São Paulo, Instituição da Secretaria da Cultura, apresenta a exposição do artista Ron Mueck. Com patrocínio do Bradesco, concebida pela Fondation Cartier pour l’art contemporain, Paris, com curadoria de seu diretor, Hervé Chandès, e de sua curadora associada Grazia Quaroni, a mostra vem a São Paulo após exposição no Museu de Arte do Rio de Janeiro e na Fundación PROA, Buenos Aires. Ron Mueck se inscreve na tradição escultórica de representação da figura humana. Os temas, materiais e técnicas utilizados fazem dele um autor original, inovador e contemporâneo. Suas esculturas cativam pela mudança nas dimensões de escala e realismo dos personagens, cujos gestos sutilmente expressam situações cheias de vida e mistério. 

Uma exposição de Ron Mueck é um evento incomum e fez sucesso por onde passou, Japão, Austrália, Nova Zelândia, México, Buenos Aires e Rio de Janeiro. Mueck trabalha lentamente seu pequeno estúdio no norte de Londres, onde o tempo é um importante elemento para o seu processo criativo. O detalhe de suas figuras humanas é meticuloso, com mudanças surpreendentes de escala que estão longe do realismo acadêmico, hiper-realismo ou da pop art. Suas obras não descrevem pessoas reais ou situações, mas a obsessão com a verdade falada de um artista que busca a perfeição e é extremamente sensível com a forma e a matéria. Empurrando a verossimilidade ao limite, Mueck cria obras secretas, meditativas e fascinantes. Uma mãe com seu filho, casais jovens ou adultos que variam entre estados de tensão e calma e um homem nu em um barco à deriva, são algumas das imagens que fazem parte da exposição. Obras que encerram uma interioridade vital e profunda, capazes ao mesmo tempo de expressar a perfeição técnica do artista e sua obsessão com a verdade.

Mueck utiliza materiais como resina, fibra de vidro, silicone e acrílico para reproduzir fielmente cada detalhe da anatomia humana e construir esculturas que tematizam pinturas de vida e morte. Suas obras evocam uma espécie de realismo que é ao mesmo tempo íntimo e monumental. Em diferentes escalas, o artista amplia ou reduz muito o tamanho dos corpos para criar situações que movimentam o espectador.

Dentre as obras apresentadas, Still Life (Natureza morta, 2009) faz parte da tradição clássica do gênero, Woman with sticks (Mulher com galhos, 2008) se inclina para trás em um feixe de lenha e nos lembra contos de bruxas. Drift (A deriva, 2009) e Youth (Juventude, 2009) parecem inspirados por manchetes, mas também evocam obras passadas. Outras esculturas de Ron Mueck, como o grande auto-retrato adormecido Mask II (Máscara II, 2002), chocam os sonhos em realidade.  Jovem casal, 2013, Mulher com as compras, 2013 e Casal debaixo do guarda-sol, 2013, completam a mostra.


Seu reservado processo criativo é revelado no documentário apresentado na mostra. Still life: Ron Mueck at work (Natureza Morta: Ron Mueck no Trabalho). Produzido para a exposição na Fundação Cartier. Foi filmado no estúdio de Ron Mueck enquanto produzia suas obras. É uma oportunidade única para observar o artista mergulhado em seu muito pessoal processo criativo.  A exposição terá ainda o catálogo Ron Mueck, livro referencial sobre seu trabalho artístico. Concentrando-se nas obras que compõe a mostra, revê em seus textos 20 anos da produção, as origens e trajetória do artista. Esta publicação poderá ser adquirida na loja física e virtual da Pinacoteca.

SOBRE O ARTISTA

Ron Mueck nasceu em Melbourne, Austrália, em 1958. A partir do ano de 1996, em colaboração com sua sogra Paula Rego, produz uma série de pequenas figuras como parte de uma exposição que ela estava realizando na Galeria Hayward de Londres. Começa a abandonar gradativamente a produção de maquetes e modelos para o cinema e a televisão. A transição de artesão a artista se completa quando é descoberto por Charles Saatchi, que começa a colecionar suas obras e o consagra com grande valor no mercado de arte. Saatchi elege Dead Dad, uma escultura de pequena escala do pai morto e desnudo de Mueck para a exposição Sensation en el Royal Academy em 1997. Essa exposição inclui também outros novos artistas britanicos como Damien Hirst e os irmãos Jake y Dinos Chapman.
Em 2001, Mueck obtém grande aceitação internacional e se destaca como um dos artistas mas originais da arte contemporânea com Boy, um enorme menino agachado de 5 metros de altura que foi exibido no Milenium Dome e na 49 ª Bienal de Veneza.
Ron Mueck não concede entrevista, nem mesmo antes de novas exposições. Vive e trabalha em Londres

Clique aqui e tire suas dúvidas sobre a exposição.

quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Erwin Blumenfeld no MAB FAAP

Normalmente prefiro as fotos antigas em preto e branco, mas esse artista conseguiu trazer mistério, beleza e emoções em suas fotos coloridas.

Com trabalhos feitos para diversos editoriais de moda nas melhores revistas de sua época e campanhas publicitárias, nos mostram que o poder e o rigor das boas técnicas, iluminação, enquadramento e poses, aplicadas durante a realização dos ensaios alcançam resultados sempre surpreendentes. 

Suas fotos conseguem nos transmitir todo o glamour e sofisticação de um tempo em que a elegância do vestir, do se portar e das artes era valorizada e fazia parte se não do cotidiano das pessoas, dos seus sonhos e anseios.

Ao ver suas fotos nos transportamos aos filmes de Audrey Hepburn, Fred Asteire, Gene Kelly, Bing Crosby entre tantos outros.

Um belo passeio, mesmo para os mais os jovens que ainda não conheçam nada de uma era magnífica.


's Wonderful - Ella Fitzgerald

Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do evento.
Erwin Blumenfeld Autoportrait, New York, vers 1950 © The Estate of Erwin Blumenfeld


The Picasso Girl Vers 1947 © The Estate of Erwin Blumenfeld


Erwin Blumenfeld Soutenez la Croix Rouge Pour la couverture de Vogue US, 15 mars 1945© The Estate of Erwin Blumenfeld


Erwin Blumenfeld Sans titre, 1946 © The Estate of Erwin Blumenfeld


O MAB-FAAP apresenta retrospectiva inédita do fotógrafo Erwin Blumenfeld
A exposição Blumenfeld Studio: New York 1941 – 1960 joga luz sobre um dos fotógrafos mais influentes do século XX, Erwin Blumenfeld (1897 – 1969), e os trabalhos mais relevantes de sua carreira. Autor de extensa produção em 35 anos de trabalho, Blumenfeld ganhou a atenção mundial no pós II Guerra nos EUA, em um contexto de crescimento econômico e de dinamismo da imprensa.
Organizada pelo Museu Nicéphore Niépce, localizado na França, por seu diretor François Cheval, e com curadoria de Nadia Blumenfeld, neta do artista, e cocuradoria de Danniel Rangel, a presente exposição celebra a produção realizada em seu estúdio no Central Park e reúne obras do pós-guerra (fotografia de moda, campanhas publicitárias, retratos de personalidades, cartazes de propaganda e trabalhos experimentais reconhecidos pelos avanços técnicos para a época). A mostra apresenta ainda mais de noventa impressões, totalmente restauradas em cores, recortes de publicações originais e filmes de moda raramente vistos datados do início dos anos 60.
A exposição já foi apresentada na França, Alemanha, Inglaterra, Itália e China e agora a produtora Mega Cultural traz ao Museu de Arte Brasileira da FAAP, com patrocínio da Dafiti.
Blumenfeld já era contratado por revistas francesas quando residia em Amsterdã, mas sua carreira como fotógrafo de moda teve início com a mudança para Paris, em 1936. Seu trabalho em publicações francesas do final de 1930 chamou a atenção do fotógrafo britânico Cecil Beaton, que facultou seu caminho para trabalhar na revista Vogue francesa.
Blumenfeld fez sua primeira viagem à Nova York em 1939, após seu ensaio de fotografias de moda na Torre Eiffel, voltou a Paris como fotógrafo correspondente da Harper’s Bazaar. Em 1941, depois de um ano preso em um campo de concentração na França, ocupada pelos alemães, mudou-se para Nova York com a família. Lá, contratado pela revista Harper’s Bazaar, colaborou com Carmel Snow, Diana Vreeland

em ensaios de moda, e depois de três anos já se tornara um dos fotógrafos mais famosos e bem pagos nos EUA, considerado pelo New York Times como "um líder excepcional em fotografia criativa".
Outro destaque de sua carreira nos Estados Unidos foi sua parceria de 15 anos com a Vogue e Alexander Liberman, então diretor editorial da revista. Juntos, publicaram mais de 50 capas, incluindo retratos de grandes modelos e personalidades, como Babe Paley, Dovima, Jean Patchett e Carmen Dell’Orefice. Também trabalhou regularmente com outras revistas americanas de moda, como Cosmopolitan (para a qual fotografou Grace Kelly, em 1955) e Life Magazine, além de produzir grandes campanhas publicitárias de moda e beleza para clientes como Dior, Elizabeth Arden, Max Factor, L'Oréal e Helena Rubinstein.
Altamente inovador e muitas vezes contrariando o tradicionalismo, Blumenfeld desenvolveu seu próprio estilo, usando fotomontagem, solarização, slides coloridos e técnicas híbridas. Desde o início de sua carreira, foi influenciado pela ideia da fotografia como arte, desejando ser respeitado como artista de vanguarda, em vez de fotógrafo de moda.
Blumenfeld incluía aspectos criativos da arte em seus projetos comerciais e com frequência sua inspiração vinha da história da arte. Para compor uma capa da Vogue americana partiu da obra “Moça com brinco de pérola”, de Vermeer e de "Um Bar no Folies-Bergère", de Manet, para fotografar um editorial da Harper’s Bazaar em 1941.
SOBRE ERWIN BLUMENFELD
Erwin Blumenfeld nasceu em 1897, em Berlim, em uma família judia de classe média. Após a morte de seu pai, estagiou na indústria de vestuário e serviu no exército alemão durante a Primeira Guerra Mundial. Em 1918, chegou à Holanda; casou-se com Lena Citroen, abrindo uma loja de artigos de couro em Amsterdã, em 1923, enquanto tentava iniciar a carreira de pintor. Durante seus 17 anos na Holanda, envolveu-se com o movimento Dadaísta, autoproclamando-se cabeça do movimento holandês Dada, sob o pseudônimo de Jan Bloomfield. No início, começou a fotografar clientes em sua loja e, posteriormente, exibiu suas obras na galeria Van Lier, em Amsterdã.  Declarou falência em 1935 e partiu para Paris. Lá, foi apresentado ao mundo da fotografia de moda e para a revista Vogue francesa por Cecil Beaton que admirava seu trabalho. Durante a Segunda Guerra Mundial, Blumenfeld passou um ano em campos de concentração franceses; conseguiu mudar-se para os EUA com sua família em 1941, saindo da França por Marselha. Em Nova York, em alguns anos, tornou-se um dos mais famosos fotógrafos de moda dos EUA. Continuou a trabalhar em moda e publicidade até o início dos anos 1960, quando começou a dedicar seu tempo a escrever sua autobiografia, “Eye to I”. Faleceu em Roma, em 1969.

SOBRE O MUSEU DE ARTE BRASILEIRA (MAB-FAAP)
O Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado (MAB-FAAP) possui um acervo próprio com cerca de três mil obras de arte brasileira, como fotos, esculturas, gravuras, pinturas, entre outras, datadas a partir do final do século XIX. Dentre os principais artistas estão Anita Malfatti, Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Oswaldo Goeldi, Lasar Segall, Pancetti, Portinari, Alfredo Volpi, Cícero Dias, Tomie Ohtake, Arcângelo Ianelli, Flávio de Carvalho, Lygia Clark e Burle Marx, entre outros. Um painel de vitrais de 230 metros quadrados também integra o acervo de obras do MAB-FAAP.
Criado em 1960, o MAB tem abrigado exposições marcantes, tanto de arte brasileira como de arte internacional, provenientes dos principais museus do mundo. Destacam-se “A Arte do Egito no Tempo dos Faraós” (Museu do Louvre, França), “China. A Arte Imperial, A Arte do Cotidiano, A Arte Contemporânea” (Museu Guimet e coleções particulares da França), “Deuses Gregos” (Coleção Museu Pergamon de Berlim, Alemanha) e “Herança dos Czares” (Museu do Kremlin de Moscou, Rússia). No âmbito da moda, o Museu realizou mostras internacionais de grande repercussão, como a “Papiers à La Mode”, com vestidos confeccionados em papel pela artista belga Isabelle de Borchgrave; “Christian Lacroix - Trajes de Cena”, com figurinos do Centre National du Costume de Scène (CNCS); e “Os Anos Grace Kelly, Princesa de Mônaco”, em parceria com o Grimaldi Forum – Mônaco. 
 O MAB-FAAP já foi contemplado com importantes prêmios do setor. O mais recente foi concedido em 2010 pela Associação Brasileira de Críticos de Arte (ABCA) às exposições ‘Memórias Reveladas’ e ‘Tékhne’.
SOBRE A DAFITI
A Dafiti é uma empresa especializada no comércio online com uma inovadora seleção de produtos de diversos designers e marcas que são referência no mercado. No Brasil desde janeiro de 2011, hoje opera em cinco países na América Latina: Brasil, Argentina, Chile, Colômbia e México. A proposta da empresa é proporcionar a melhor experiência de compra online e se tornar a primeira opção de moda. Para saber mais, visite www.dafiti.com.br.

Blumenfeld Studio: New York 1941 – 1960
Vernissage: 28 de outubro de 2014– imprensa e convidados.
Período de visitação: 29 de outubro de 2014 a 18 de janeiro de 2015.
Horário: De terça a sexta-feira, das 10h às 20h
Aos sábados, domingos e feriados, das 13h às 17h
(Fechado às segundas-feiras, inclusive quando feriado)
Entrada: gratuita
Local: MAB-FAAP
Endereço: Rua Alagoas, 903 – Prédio 1 – Higienópolis
Informações: (11) 3662-7198 

Agendamento de visitas educativas: (11)3662-7200        

Informações à imprensa
MEGA CULTURAL / PRIORIZA COMUNICAÇÃO
Annete Morhy - annete@priorizacomunicacao.com / 98777 3377
Lys Ventura –lys@priorizacomunicacao.com / 96356 0398

FAAP / WN&P COMUNICAÇÃO
Sala de Imprensa: www.faap.br/imprensa
Tel: (11) 3662-7270/ 7271 / 9-5329 1654
Fabiana Dourado (fabiana.dourado@wnp.com.br)

Iracema Carvalho (iracema.carvalho@wnp.com.br)

sábado, 18 de outubro de 2014

Salvador Dalí - Instituto Tomie Ohtake

Essa é, imagino, a exposição que levará mais de um milhão de visitantes ao Instituto Tomie Ohtake.

Além da importância do artista na pintura universal, sua mística cria curiosidade em torno de sua vida tanto quanto a de seus trabalhos.

Uma belíssima mostra, com um acervo eclético dentro do universo de Salvador Dali, completada por mais sete trabalhos que não constavam na edição do CCBB do Rio de Janeiro, apresenta obras em vários suportes como também de diversas fases, e é completada por fotos, vídeos de seus filmes e entrevistas.

Minha impressão de Salvador Dali é a de que dentro de sua efervescência mental, de onde tirava seus magníficos trabalhos, criou e viveu uma "persona" exuberante, um dandi surrealista de bigodes hipnóticos que com sua mulher Gala viviam um vida idílica. 

As reportagens dizem ser essa a mais completa exposição de Salvador Dali no Brasil, mas se não me falha a memória, estive em uma no MASP nos anos 70/80 que apresentava várias outras obras icônicas do artista

Esse é um passeio que não se pode perder, pois é a oportunidade de se rever ou apresentar aos nossos filhos esse artista magnífico que às crianças pode encantar e aos adultos causar reflexões. Esta foi a terceira vez em curto espaço de tempo que tive a oportunidade de apreciar obras de Dali, sendo que a primeira foi na  Caixa Cultural, com a exposição Dali - A Divina Comédia, onde  foram apresentados os desenhos que ilustraram uma das edições da obra de Dante e a segunda na mostra Tauromaquia na FAAP, que nos trazia suas ilustrações ao tema. 


Firebird Suite - 11. Berceuse: L'Oiseau de feu - Igor Stravinsky



Abaixo das imagens, o "press-release" fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto Tomie Ohtake.















Instituto Tomie Ohtake
Apresenta
Salvador Dalí

Abertura: dia 18 de outubro de 2014, das 11h às 15h (convidados)
Visitação: de 19 de outubro de 2014 a 11 de janeiro de 2015


O Instituto Tomie Ohtake, responsável pela organização da maior retrospectiva de Salvador Dalí (1904-1989) já feita no país, traz agora a mostra para a sua sede. Salvador Dalí, em São Paulo, apresenta, no entanto, algumas novidades em relação à temporada carioca: além dos trabalhos já apresentados no Rio de Janeiro, compõem a mostra paulista cinco novas obras provenientes da Fundação Gala-Salvador Dalí e outras duas do Museu Reina Sofia, instituições detentoras de 90% dos trabalhos expostos. As obras que foram incluídas substituem alguns dos trabalhos da coleção do Museu Salvador Dalí, da Flórida (EUA).

Dentre essas sete obras do mestre do surrealismo que estarão exclusivamente em cartaz no Instituto Tomie Ohtake está o valioso e pequeno óleo sobre madeira "O espectro do sex-appeal" (1934). Do tamanho de meia folha de papel, atribui-se à pequena pintura a forma como Dalí plasmou, de modo concreto, o temor pela sexualidade. "Desnudo" (1924), que pertenceu a Federico García Lorca, "Homem com a cabeça cheia de nuvens" (1936), de profunda carga simbólica, com referência explícita a René Magritte e "O piano surrealista" (1937), fruto de sua colaboração com os Irmãos Marx, estão também entre os trabalhos incluídos.

Acompanha a exposição no Instituto Tomie Ohtake um catálogo especial, que aborda a totalidade das peças então apresentadas – 218, assim como sua recepção crítica entre escritores e especialistas de grande renome, como Eliane Robert Moraes, Paulo Miyada, Veronica Stigger.

A retrospectiva de Dalí, com curadoria de Montse Aguer, diretora do Centro de Estudos Dalinianos da Fundação Gala-Dalí, foi organizada para convidar o público a mergulhar por um universo onírico, simbólico e fantasioso. O conjunto de peças é formado por 24 pinturas, 135 trabalhos entre desenhos e gravuras, 40 documentos, 15 fotografias e quatro filmes. O espectador terá contato com a produção de Dalí desde os anos 1920 até seus últimos trabalhos, proporcionando ao visitante uma clara percepção de sua evolução, não só técnica, mas de suas influências, recursos temáticos, referências ideológicas e simbolismos.

Será possível ver as telas do período de sua formação como pintor - além de "Desnudo", já citado, “Retrato de meu pai e casa de Es Llaner”, de 1920, “Retrato de minha irmã”, de 1925, e “Autorretrato cubista", de 1926. Tais pinturas, além de marcarem o início da pesquisa de Dalí, também dão mostras de sua vasta e instigante produção de retratos, que, em suas diferentes interpretações e abordagens, acompanham a metamorfose de um trabalho marcado pelo questionamento sobre a realidade.

 A fase surrealista, que deu fama mundial ao catalão, será retratada em telas que apresentam seu método paranóico-crítico de representação, com obras muito significativas como “O Sentimento de Velocidade”, (1931), “Monumento imperial à mulher-menina” (1929), “Figura e drapeado em uma paisagem” (1935) e “Paisagem pagã média” (1937).

O público também poderá conferir a contribuição de Dalí para a sétima arte. Os filmes O cão andaluz (1929) e A idade do ouro (1930), codirigidos por Salvador Dalí e Luís Buñel, e Quando fala o coração (1945), de Alfred Hitchcock, cujas cenas do sonho foram desenhadas pelo artista, serão exibidos dentro do espaço expositivo, apresentando um pouco mais da diversidade e da linguagem adotada pelo artista. Além disso, duas mostras de cinema acontecem em paralelo à exposição: a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, em outubro, que exibirá os filmes O cão andaluz (1929) e A idade do ouro (1930), em suas versões integrais, e o Museu da Imagem e do Som (MIS) organizará a mostra Surrealismo no Cinema, entre os dias 16 e 21 de dezembro (a programação poderá ser consultada pelo site www.mis-sp.org.br, mais próximo à data da mostra).

O acervo, por sua vez, apresenta documentos e livros da biblioteca particular de Dalí, provenientes do arquivo do Centro de Estudos Dalinianos, que dialogam com as pinturas proporcionando ao visitante uma viagem biográfica e artística pela carreira do pintor. É o caso dos títulos Imaculada Conceição (1930), de André Breton e Paul Eluard, e Onan (1934), de Georges Hugnet. As raridades tiveram seus frontispícios assinados por Salvador Dalí e retratam as bases do surrealismo na literatura.

 O conjunto conta ainda com as ilustrações feitas para os clássicos da literatura mundial, como Dom Quixote de La Mancha, de Miguel de Cervantes, e Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol. Merecem destaque os desenhos que ilustram o livro Cantos de Maldoror (1869), de Isidore Lucien Ducasse (mais conhecido como Conde de Lautréamont), autor de grande referência entre os jovens surrealistas. É possível reconhecer nesses desenhos, por exemplo, as muitas figuras recorrentes na obra de Dalí, como objetos cortantes, muletas, corpos mutilados etc. Eliane Robert Moraes, em texto que acompanha o catálogo da exposição, diz que, movidos por uma crescente revolta pós-guerra, esses artistas “viram na violência poética de Ducasse uma alternativa para seus dilemas estéticos e existenciais”.

 “Queremos mostrar o Dalí surrealista, mas também aquele que se antecipa ao seu tempo, que é audacioso, que defende a liberdade de imaginação do artista em sua própria criação. Ao mesmo tempo, a mostra passeia pela trajetória artística e pessoal de Salvador Dalí”, explica Montse Aguer, curadora da exposição. “Após a visita, todos entenderão sua importância como artista, não só no surrealismo, mas na história da arte. Isso significa uma importante ligação com a arte contemporânea, enquanto Dalí parte de uma profunda compreensão e respeito pela tradição”, conclui.

Para trazer o acervo ao Brasil, o Instituto Tomie Ohtake participou de uma longa negociação com os museus envolvidos. “Foram cinco anos de muitas tentativas e conversas com os detentores das grandes coleções de Dalí, para se concretizar as exposições do artista no Brasil, pela primeira vez com pinturas, e com maior concentração na fase surrealista”, revela Ricardo Ohtake, presidente da instituição.

Segundo Ohtake, o Instituto tem se destacado por realizar uma programação múltipla e independente, possível graças ao apoio de empresas que acreditam no poder da cultura e da arte na formação do país. “São parcerias que construímos em cada projeto” afirma. No caso da exposição de Dalí, foi fundamental o patrocínio em São Paulo, da Arteris, do IRB Brasil RE e da Vivo, o co-patrocínio da Atento e do Banco do Brasil e o apoio da BrasilCap, BrasilPrev, dos Correios, do Grupo Segurador BB Mapfre e da Prosegur.

Exposição: Salvador Dalí
Inauguração: dia 18 de outubro de 2014, das 11h às 15h
Visitação: 19 de outubro de 2014 a 11 de janeiro de 2015
De terça a domingo, das 11h às 20h
Livre - Entrada gratuita por sistema de senhas: distribuição das 10h às 18h (terça a domingo) na entrada do Instituto Tomie Ohtake; no máximo duas senhas por pessoa, com opção a três horários de visitação, 11h, 14h e 17h, e somente para o dia em que forem retiradas; última entrada, às 18h.

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima 201 (Entrada pela Rua Coropés 88) - Pinheiros SP
Metrô mais próximo - Estação Faria Lima/Linha 4 - amarela
De terça a domingo, das 11h às 20h

Informações à Imprensa
Pool de Comunicação – Marcy Junqueira / Martim Pelisson
Fone: 11 3032 1599


sexta-feira, 17 de outubro de 2014

Dario Felicissimo

Como é gratificante conhecer um artista que além de talentoso domina plenamente as técnicas de desenho e pintura, apresentando trabalhos em suportes ecléticos que encantam e emocionam.

O texto de apresentação de Ignácio de Loyola Brandão, abaixo das imagens, completa brilhantemente a apreciação das obras, prendendo nossa atenção às minúcias e filigranas próprias a cada uma.

Em cartaz na Fibra Galeria é um belo passeio onde percebemos que ainda existem bons jovens artistas que levam a sério seu mister.



Borodin- Polovtsian Dances







Circulemos por estas ruas, espaços, paredes poéticas, reais, ilusórias, intrigantes
 por Ignácio de Loyola Brandão
As cidades de Dario. Os habitantes vivem nos mesmos espaços, mesmas quadras, ruas, avenidas, becos, edifícios, frequentando os mesmos bares, empórios, farmácias, restaurantes, shoppings de informática, lojas, elevadores, e não se comunicam, não se entendem. Olham-se e não reconhecem uns aos outros.
Nas cidades de Dario seus habitantes vivem impregnados de fantasias, sonhos, medos, terrores, festas, flores, pássaros, bolas, sonhos, amebas, vazios, seres que nos parecem de outras galáxias. O que é ser, o que é parecer? Quem garante que não foram gerados embaixo de nossos pisos, tetos, atrás de nossas paredes, em nossas camas, no canto de esquinas escuras, mal afamadas.
Aqui há letras desconhecidas de alfabetos não identificados, palavras não criadas, formas que se contorcem e distorcem em água, aquários em que ratazanas convivem com peixes, ratazanas se tornam peixes em metamorfoses kafkianas, darianas.
O que vemos ou imaginamos ver nestes trabalhos? Cubículos fechados nos quais não se entra, dos quais não se sai. No céu todo tipo de seres, homens, animais, crianças, objetos, surfam em pranchas róseas.
O corte vertical de um prédio sem entrada.  Cômodos. Uns vazios, outros com um sofá e um quadro, um com um jacaré, outro com uma cadeira que pode ter vindo do quarto de Van Gogh. Um homem é alto demais para um pé direito baixo, o que o obriga a curvar-se. Os homens curvam-se tanto.
Estranhos seres parecendo humanos. Ou humanos normalmente estranhos. Há ainda o que poderia ser a miniatura – ou será um projeto inacabado? - da torre de Babel, uma vez que nas metrópoles de hoje todos falam nos celulares, digitam, tuitam, ninguém se entende. Humanos perdidos. Mas os humanos estão perdidos desde que foram criados, solitários desde que nasceram. Condenados assim que nascem.
Uma laje paira solta, ameaçadora sobre um grupo em pé. A laje superior pode a qualquer momento desabar sobre as pessoas, mas ninguém se preocupa, cogita.  Reflexões há muito se extinguiram.
Os isqueiros, de inocente uso diário, para acender um cigarro (mas o politicamente correto não eliminou o fumo?), uma vela de aniversário, uma boca de fogão para fazer a comida, iluminar um espaço escuro, os isqueiros tornam-se mortais, catastróficos, ao acenderem coquetéis Molotov, ao atearem fogo aos coletivos, cujos passageiros morrem no seu interior ou se sufocam jogando-se pelas janelas estreitas. A violência do cotidiano tornou-se prosaica. O vandalismo acabou banalizado.
Não se deixe enganar pela plácida beleza destes quadros, pelos desenhos que lembram Escher, histórias em quadrinhos, Crumb, Mutarelli. São alertas, sirenes e alarmes. Solte-se. Entregue-se.

Visões oníricas, surreais, ilusões de ótica.
Ou quem é Dario?
-          Dario o que?
-          Felicissimo.
-          De onde?
-          Paulista, mas família mineira, belo-horizontina.
-          Quantos anos?
-          36.
-          Estudou onde?
-          Além dos livros, gibis, cinemas, minhas longas incursões pelos sebos das cidades, fiz a FAAP. Pensei em cinema, fiz artes plásticas.
-          E estes 25 trabalhos? Aquarelas, desenhos, pinturas, objetos.
-          Minha visão de mundo, vida. Sem títulos. Visões oníricas, surreais, ilusões de ótica, reais. Minhas cidades.
-          Influências, buscas?
-          Moebius, Chiclete com Banana, Lourenço Mutarelli, Philip Guston, contaminação Pop, Escher.
Vejo cadernos empilhados. Cadernões de capa dura, caderninhos, Moleskines, Cicero, capas negras, tamanhos variados. Centenas. Traços, desenhos, anotações visuais. Daqui nascem os trabalhos de Dario.
-          Por que não exibir também estes cadernos tão fortes (belos) quanto o que está na parede? Adoraria olhar para um e ver o resultado, desvendando o processo de criação, sobre o qual você tem indicações, mas que leva seus mistérios. Nestes cadernos estão as buscas, as reiterações, repetições, encontros, bloqueios descobertas.
-          Talvez...
Meu olhar atravessa a exposição, deparo com geometrias, simetrias, assimetrias, quebras, desequilíbrio. Ah, se eu ainda editasse a revista Planeta como nos anos 70, Dario seria meu ilustrador número um.
Este artista que circula por megalopolesmetropolesaldeias, desvenda vãos e desvãos, becos, grades, ruelas, vielas, corredores, nuvens. Captura tipos, situações, orquestra os gritos, ruídos, a fumaça, a poluição, grava os humanos perplexos, os viadutos. Escadas dão em lugar nenhum.
A cidade exibe seus poros, nervos, músculos, células contaminadas. Dario abre o caderninho, anota, transfigura.

Quadros de uma exposição- 1
(Ao som de Mussorgski ou da trilha sonora wagneriana do filme Apocalipse Now de Coppola, ou mesmo Sampa cantado por Caetano e Ronda, de Vanzollini e Saudosa maloca, de Adoniran, para dar um clima)
Trabalhos que são símbolos, metáforas de cidades congestionadas, grades nas portas, janelas, portões, câmeras e luzes de segurança, ônibus nos monotrilhos, ciclovias, faixas de ônibus, motoqueiros correndo entre carros, bi bi bi bi bi bib, um zumbido infernal, medo nos cruzamentos, vidros fechados protegidos por insufilme, como se fossem carcaças vazias, metrôs superlotados, manifestações ocupando as ruas, black blocs com marretas quebram vitrines, põem fogo em ônibus. Bombas de efeito moral tiros de borracha

Quadros de uma exposição. 2
Uma arquiteta pergunta a Dario:
-          O que sustenta essa pedra retangular ameaçadora?
-          O pensamento das pessoas.
-          Mas... e se eles param de pensar?
-          A pedra cai.
-          Então?
-          Então...

Quadros de uma exposição. 3

O pai, cinéfilo, pergunta:
-          De onde vêm estes pássaros hitchcockianos?
-          Dos ninhos.
-          Aves desconhecidas. Não estão em nenhum manual de ornitologia. Onde são os ninhos?
-          Na cabeça do desenhista, do pintor, do poeta, do inconformista, do louco, do bêbado, do indignado.
-          E onde estão ou ficam esses poetas, loucos, desenhistas?
-          Na cabeça do desenhista, do pintor, do poeta, do louco, do bêbado, do calado. Da sua mente, de cada um nesta exposição, de quem vê.
-          Da minha?
-          Sim, abra, solte seus pássaros. Não sufoque!

Quadros de uma exposição. 4
A namorada, intrigada, fascinada, perguntou ao pintor:
-          O que é isso?
-          A fila para ver a fila.
-          Mas é um emaranhado.
-          Sim, filas que não começam e não terminam. Não conduzem a lugar nenhum e não se iniciam, não vêm de nenhum lugar. Filas de espera, de teatro, cinema, restaurante, bar, repartição pública, delegacia de policia, do pronto atendimento, a fila da bolsa família, das escadas rolantes, do metrô, INSS, lotérica, do céu ou do inferno (que para o purgatório ninguém vai mais).
-          Nestas filas as pessoas não se olham...
-          E não se falam, não perguntam nem respondem não sabem onde estão, para onde vão, de onde vem.
-          Filas para o nada?
-          Para que são as filas?

Quadros de uma exposição. 5
Uma senhora elegante, culta, atraente, pede:
-          O que é esta arte?
-          Não pergunte a mim.
-          A quem, então? Ao pintor?
-          Não se deve perguntar ao pintor.
-          A quem, a um teórico, um professor?
-          Não pergunte a ninguém, a não ser a você mesmo. O artista quer que você responda.
-          Eu? Por quê? O artista não responde?
-             . Ele faz. Quem responde é você.
-          E você?  Por que não me diz?
-          Posso te dizer mil coisas, mexo com palavras, brinco, investigo, especulo. O que digo será diferente do que você vai me dizer. O que vejo está certo. O que você vê está certo!
-               Quantas certeza há?
-          Mil. E um milhão de dúvidas.
Dario nos leva por mil caminhos, nos deixa perder em um milhão de descaminhos.
                                   *
Ignácio de Loyola Brandão, nascido em Araraquara em 1936, escritor e jornalista, 42 livros publicados entre romances, contos, crônicas, infantis, viagens. Prêmio Jabuti com O Menino que Vendia Palavras, Melhor Livro de Ficção de 2008. Ator dos clássicos modernos Zero e Não Verás País Nenh