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sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

La Grande Bellezza

Já tinha este filme há mais ou menos dois meses em meu acervo, havia começado a assistir e o achei bastante difícil.

Mas após resenha da Revista Veja neste fim de semana resolvi dar-lhe mais uma chance, já que seu início é de uma complexidade tal, que pensei que seria muito chato.

É um filme que traz todas as características dos filmes italianos, tanto as boas como as incompreensíveis, daquelas que ninguém entende mas faz pose de intelectual e diz que é genial. Uma das boas cenas deste filme é quando o protagonista questiona e escarnece de certas formas de expressões artísticas.

É uma obra exige total atenção, pois se perdemos alguma expressão, um altear de sobrancelha ou uma entonação de voz, perderemos o sentido da cena.

Em resumo, a fotografia é muito boa, a trilha musical correta e as reflexões do personagem e suas conclusões são o ponto alto do filme, que poderia ter sua estória contada em outra estética ou de outra forma menos pretensiosa, menos "artística" .




domingo, 15 de dezembro de 2013

Caminhos de Sempre – Antônio Henrique Amaral – Arte Gráfica

São Paulo hoje conta com duas mostras simultâneas deste artista, esta da Caixa Cultural e outra, mais extensa na Pinacoteca, onde são apresentados os vários suportes e diferentes técnicas aplicadas por Antônio Henrique Amaral durante sua longeva carreira.

Esta exposição tem o objetivo de apresentar seus trabalhos em papel, sejam gravuras, aquarelas e desenhos, também de diversas fases.

Mais uma vez Sérgio Pizoli, o curador desta mostra, nos brinda com um artista de real importância no universo das artes plásticas brasileira. Ele como grande divulgador e formador de opinião, me passou a informação de que tem conhecido jovens artistas por todo o país que voltaram a produzir arte com forte embasamento técnico e teórico, com resultados surpreendentes pela qualidade e beleza. Esta notícia muito me alegrou, pois como já há tempos tenho dito, existem artistas que se dão muito mais valor do que realmente tem e praticam uma "arte" primária e bisonha. Que sejam muito bem vindos.

Tive a oportunidade de cumprimentar o artista, tendo ganhado dele um catálogo autografado que será guardado em lugar de honra na minha biblioteca.




Luz do Sol - Caetano Veloso

Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do evento.














A exposição traz um dos ícones da arte moderna brasileira, apresentando o segmento que abriu a oportunidade de revelar seu talento e produção: são desenhos e gravuras dos últimos 50 anos, onde Antonio Henrique Amaral desponta como ponta de lança na representação gráfica de um período escuro e difícil da realidade brasileira: nos anos de chumbo, que precederam o banana republic, editou o álbum de gravuras O Meu e o Seu – Xilogravuras, 1967, com apresentação de Ferreira Gullar; a obra é um marco de indignação e revolta contra a repressão militar e a censura que se instalara no Brasil; uma série de xilogravuras (Os Generais!) que mostram a incomunicação, a frustração e a traição de uma época inteira, e que complementam e instauram uma postura contrária, acima de tudo artística e estética, mas com força um tanto bárbara, como já havia escrito Livio Abramo, - a apresentação da primeira exposição do artista - ou ainda, as impressões do seu tempo, no dizer de Ferreira Gullar.

Após visitar a I Bienal Internacional de SP, em 1951, interessa-se em conhecer os processos de reprodução gráfica e inicia seu aprendizado, com Livio e Roberto Sambonet, na escola do MAM SP, onde faz sua primeira exposição; em 1959, ganha bolsa de estudos para o Instituto Pratt, NY, e tem a oportunidade de estudar com um dos maiores artistas do século XX, o mestre e xilógrafo Shiko Munakata.

A reflexão visual de sua obra, inicialmente, em P&B, percorre do expressionismo mecanicista ao tropicalismo participante, quando permanece crítico, mas implode, exuberante e colorista, em desenhos
de excessivo rigor e recorrências; são aquarelas, nanquins, técnicas mistas, onde a fragmentação e o equilíbrio se encontram e disseminam movimentos em verdadeiras coreografias de cor e luz. Hoje, seus trabalhos invadem as paredes dos principais museus e dos grandes colecionadores nacionais e internacionais.



A exposição apresenta um percorrer contínuo nos caminhos da experiência, do fazer e do criar incessante, através de 100 obras; são gravuras do início de sua carreira, seguidas das gravuras de contextualização política e desenhos de grande qualidade técnica e gráfica. Ilustrações, estudos preparatórios, fotos do atelier e matrizes em madeira complementam o caráter didático da mostra.


Abertura: Sábado, 14 de dezembro, às 11:00h
Visita guiada com artista e curador: 14 de dezembro, ás 12:30h
Visitação :15 de dezembro de 2013 a 16 de fevereiro de 2014
3ª feira a domingo, das 9 às 19 horas
CAIXA Cultural São Paulo
Praça da Sé, 111 – Centro – CEP 01001-001 (próximo à estação Sé do Metrô)
Informações (11) 3321- 4400
Entrada franca
Acesso para pessoas com necessidades especiais | Classificação indicativa: Livre
www.caixa.gov.br/caixacultural
Curadoria: Sérgio Pizoli | Produção: Glatt | Coordenação geral: Patricia Motta
Patrocínio: CAIXA e Governo Federal
Caminhos de Sempre – Antonio Henrique Amaral – Arte Gráfica
Antonio Henrique Amaral
1935 São Paulo.
Pintor. Gravador. Desenhista. Ilustrador.
Formado em Direito pela Universidade de São Paulo.
Nos anos 1950, estuda desenho com Roberto Sambonet e gravura com Livio Abramo, também nesta
época faz sua primeira exposição individual de gravuras, no Museu de Arte Moderna de São Paulo.
Em 1959, vai para o Pratt Graphic Institute, em Nova York, onde estuda gravura com Shiko Munakata e W. Rogalsky. Em 1967, publica o álbum de xilogravuras O Meu e o Seu e inicia seu trabalho em pintura.
Neste mesmo ano, faz sua primeira individual, com a série Bocas, na galeria Astréia, São Paulo. Em 1971,
ganha o prêmio de viagem ao exterior no Salão de Arte Moderna no Rio de Janeiro. Com o prêmio, instala-se em Nova York de onde retorna em 1981. 
Ao longo dos últimos 40 anos, vem realizando diversas exposições individuais e participando de exposições coletivas no Brasil e no exterior. Sua obra está representada em coleções particulares, públicas, brasileiras e estrangeiras.
Vive e trabalha em São Paulo.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

TOMIE OHTAKE – GESTO E RAZÃO GEOMÉTRICA

Esta é, disparado, a melhor exposição de obras de Tomie Ohtake que vi nestes últimos anos, tanto no instituto que leva seu nome quanto em outros centros culturais.

A curadoria e seleção das obras nos permitem conhecer ou rever as diversas fases e estéticas adotadas em seu trabalho, nos mostrando um ecletismo que eu não sabia que ela possuía.Com obras de diversas coleções, algumas identificadas outras não, faz com que percebamos o empenho dos realizadores em trazer toda a riqueza pictórica da artista.

Um programa que vale a pena ser feito.



Cores Vivas - Gilberto Gil


Abaixo das imagens o "press-release, fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto Tomie Ohtake. 








TOMIE OHTAKE – GESTO E RAZÃO GEOMÉTRICA

Abertura: 22 de novembro, às 20h – 02 de fevereiro de 2014

No mês em que a artista completa 100 anos (21 de novembro), o Instituto Tomie Ohtake realiza a terceira exposição em comemoração ao seu centenário, com curadoria de Paulo Herkenhoff. Em Tomie Ohtake – Gesto e Razão Geométrica, o crítico, ao reunir cerca de 60 trabalhos, a maioria pinturas, aborda como o racionalismo da construção geométrica encontra a pincelada gestual que propõe a linha orgânica, formando aí uma das características importantes da obra da artista.

Segundo Herkenhoff – profundo estudioso de Tomie, curador de várias mostras sobre a artista, como Pinturas Cegas, realizada no ano passado no Instituto Tomie Ohtake e que agora, dia 19 de novembro, será inaugurada no MAR - Museu de Arte do Rio de Janeiro, do qual é diretor cultural – uma questão chave atravessa toda a obra de Tomie: a intangibilidade da perfeição. “Ao contrário do racionalismo da geometria ocidental, Ohtake experimenta incessantemente a imprecisão’, afirma.

Nesta grande mostra comemorativa, a partir de trabalhos seminais e de um expressivo conjunto que traz variações formais, como os retângulos, as sombras, a arquiteturas, as elipses, os círculos, as sobreposições, o curador percorre o inesgotável vocabulário plástico do universo de Tomie. Para Herkenhoff, a vontade geométrica da artista não se reduz a uma lógica única e está dispersa entre experiências singulares. “Certa pintura de Ohtake representa a adesão à dita “geometria sensível da América Latina”; noutros casos, está a geometria imprecisa e uma geometria cósmica”, destaca. 

Outras reflexões de Paulo Herkenhoff o fizeram optar pela pauta geométrica nesta principal mostra em homenagem ao centenário de Tomie. Segundo ele, a geometria da artista, fora da exegese canônica do concretismo, expande o campo e o torna mais complexo. “A pintora contribuiu para a formulação da geometria transcultural do Brasil, que envolve sua relação com algumas imagens estéticas que envolvem valores espirituais, como o enso, o círculo imperfeito no Zen Budismo, e a relação da forma com a sombra, um valor da cultura japonesa tradicional”, completa o curador.  

Exposição: Tomie Ohtake – Gesto e Razão Geométrica
Abertura: 22 de novembro de 2013, às 20h (convidados)
Até 02 de fevereiro de 2014
Terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés, 88) – Pinheiros, São Paulo
Fone: 11.2245-1900
Informações à Imprensa
Pool de Comunicação - Marcy Junqueira
Contato: Martim Pelisson
Fone: 11.3032-1599

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

PESSOAS DA LITUÂNIA, de Antanas Sutkus

Imagino que essa mostra é a sequência da exposição ocorrida em março deste ano na Caixa Cultural deste grande fotógrafo contemporâneo cuja estética é a de registrar o cotidiano de seus conterrâneos em situações corriqueiras.

Diferente da anterior, UM OLHAR LIVRE, que nos apresentava mais retratos onde os olhares e as expressões das pessoas tinham  maior importância, esta nos apresenta fotos mais genéricas, mas de grande beleza, onde situações comuns adquirem uma atmosfera poética.


Leontovitsch - Compositor ucraniano

Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto Tomie Ohtake.







PESSOAS DA LITUÂNIA, de Antanas Sutkus


O Instituto Tomie Ohtake e o Consulado Geral da Lituânia no Brasil inauguram no dia 12 de novembro, às 20h, a exposição inédita do fotógrafo lituano Antanas Sutkus “PESSOAS DA LITUÂNIA”. Serão apresentadas cerca de 35 imagens inéditas em preto e branco que revelam o talento de Sutkus, considerado um dos maiores fotógrafos do século XX. Grande parte da coleção será apresentada pela primeira vez em âmbito mundial, fruto de um intenso trabalho do fotógrafo em seu arquivo que comporta cerca de um milhão de negativos. Visitação até o dia 05 de janeiro de 2014. O Instituto Tome Ohtake fica na rua Coropés, 88. Pinheiros. Entrada franca.

O fotógrafo lituano Antanas Sutkus, 74 anos, cresceu em uma difícil realidade. Em 1940, quando ele tinha apenas um ano, a União Soviética anexou o seu país ao bloco comunista, em plena Segunda Guerra Mundial. Entretanto, mesmo diante de condições tão adversas, o artista tornou-se um dos maiores fotógrafos de sua época. Antanas ignorou os ideais totalitários impostos pelo regime soviético e acumulou, em pouco mais de 40 anos, uma obra vasta que retrata o cotidiano simples do seu povo. Foi a partir de 1991, ano em que a independência do seu país foi, enfim, oficializada e reconhecida, que Antanas passou a trabalhar com tranquilidade em seus arquivos. Com quase de um milhão de negativos guardados, só agora sua obra começa a ser de fato revelada de forma completa para o mundo.

Durante toda a sua carreira Antanas Sutkus prestou uma homenagem ao seu povo com a série “Pessoas da Lituânia”, onde o cotidiano dos seus co-cidadãos é o sujeito principal: cada indivíduo é fotografado com um senso da humanidade e sem nenhum efeito dramático. Ao contrário, o seu olhar traz amor e esperança para a vida destas pessoas. Como diz o próprio artista: “O meu credo é amar as pessoas”.

“Pessoas da Lituânia” apresenta ao público paulistano imagens restauradas e ampliadas durante os últimos anos, resultado de um intenso trabalho de pesquisa e restauração do fotógrafo nos seus arquivos.

Serviço
Antanas Sutkus  - PESSOAS DA LITUÂNIA
Abertura: 12 de novembro, às 20 horas.
Período expositivo: 13 de novembro a 05 de janeiro de 2014.
Horário de funcionamento: De terça a domingo, das 11h às 20h

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) – Pinheiros, São Paulo - SP
Fone: 11.2245-1900

Informações à Imprensa
Marcy Junqueira – Pool de Comunicação
Contato: Martim Pelisson
Fone: 11.3032-1599

domingo, 3 de novembro de 2013

Arte no Brasil: uma história do Modernismo na Pinacoteca de São Paulo

Não há melhor sensação para quem gosta de artes como a de rever grandes obras, aquelas que conhecemos desde sempre e que estão em nossa memória afetiva.

Aproveitando a ida a esta exposição, passei pela Pinacoteca, onde além ver ver a mostra de Willian Kentridge, que comentarei no próximo post, pude rever além de alguns Portinari e Djanira, entre outros, as magníficas obras de Almeida Júnior, que considero um gênio, capaz de levar às suas obras toda a carga emocional de um momento.

Genial também foi a ideia dos curadores da Pinacoteca em montar essa exposição, com peças de seu acervo e da coleção Nemirovsky, aos seus cuidados em comodato, que nos trás uma esplêndida visão deste movimento que foi o divisor de águas nas artes brasileiras, quando se rompem as amarras da tradição acadêmica europeia criando-se uma estética genuinamente nacional.


Na exposição “Gomide, um Modernista entre Paris e São Paulo”, é dito que o modernismo foi um movimento nascido na elite, muito lógica essa afirmação, pois todos os seus integrantes tiveram a educação formal em escolas de referência, principalmente em Paris, tendo convivido e sido influenciados pelos próceres das artes do início do século XX.


A música abaixo foi a última escrita por Tom Jobim, em homenagem a Radamés Gnattali, um dos compositores considerados modernistas.


Meu Amigo Radamés - Tom Jobim


Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa da Pinacoteca.








Arte no Brasil: uma história do Modernismo na Pinacoteca de São Paulo


A Pinacoteca do Estado de São Paulo, instituição da Secretaria da Cultura, apresenta na
Estação Pinacoteca a exposição de longa duração Arte no Brasil: uma história do
Modernismo na Pinacoteca de São Paulo. Instalada no segundo andar da Estação
Pinacoteca, a mostra reúne 50 obras, entre pinturas e esculturas, de artistas como Alfredo
Volpi, Cândido Portinari, Carlos Prado, Emiliano Di Cavalcanti, Ernesto Di Fiori, Flávio de
Carvalho, José Pancetti, Lasar Segall, Sérgio Camargo, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret,
entre outros.

Reunindo uma seleção de obras dos acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo e da
Fundação José e Paulina Nemirovsky, a mostra dá continuidade à exposição apresentada na
Pinacoteca, Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São Paulo que trata da formação da
visualidade artística e a constituição de um sistema de arte no país que se inicia no período
colonial e avança até início do século XX. Já a mostra que será inaugurada na Estação
Pinacoteca, Arte no Brasil: uma história do Modernismo na Pinacoteca de São Paulo enfoca
três principais momentos do Modernismo brasileiro: as inovações formais do primeiro
Modernismo (de Lasar Segall a Flávio de Carvalho), a retomada das tradições da pintura
(sobretudo dos artistas atuantes nas décadas de 1930 e 1940, como Alberto da Veiga
Guignard e Pancetti), finalizando com obras que começam a ser influenciadas pelo
abstracionismo (Bonadei e Volpi) e apontam em direção ao concretismo que se sedimentaria
nos anos 1950.

Pela primeira vez na Estação Pinacoteca, o público terá oportunidade de conhecer os três
principais momentos da arte Moderna no Brasil e perceber as aproximações e diferenças de
estilos e temas entre as obras exibidas na mostra. Segundo Regina Teixeira de Barros,
curadora, a busca da identidade brasileira já vem do século XIX com se vê nas obras de
Almeida Junior, por exemplo. Nesse sentido, o Modernismo dá continuidade a essa busca. Mas
há artistas que não se enquadram nessa temática, como Ismael Nery que tem uma produção
de caráter mais pessoal e filosófico, ou ainda, artistas que estavam interessados na pintura
pela pintura como Guignard, Pancetti e De Fiori e que foram referenciais para seus
contemporâneos. Por outro lado o Modernismo representa um momento de grande inovação
formal que desperta interesse até os dias de hoje.

A exposição, que ficará em cartaz até 2015, tem patrocínio do HSBC por meio da Lei de
incentivo à cultura. Valorizar a cultura de países e estimular o câmbio cultural faz parte da
nossa estratégia de patrocínio global. É uma grande satisfação apoiar esta exposição que
mostrará os principais momentos da arte Moderna do país, conclui Renata Brasil, diretora de
marketing para pessoa jurídica e patrocínios institucionais do HSBC.

Não deixe de ver:

Tarsila do Amaral
Antropofagia, 1929


Em janeiro de 1928, Tarsila presenteou o marido Oswald de Andrade com a pintura Abaporu, que o inspiraria a redigir o Manifesto Antropófago, documento seminal do Modernismo brasileiro, no qual o
autor propõe uma assimilação crítica do legado cultural europeu e seu reaproveitamento para a criação de uma arte genuinamente brasileira.

Embora Abaporu seja considerada a obra inaugural, A negra, de 1923 – uma alegoria da figura da Grande
Mãe, de seio único e agigantado, pesadamente assentada na terra, como uma deusa mítica da fertilidade
–, já prenuncia o que viria a ser a poética antropofágica de Tarsila: pinturas caracterizadas por um
número reduzido de elementos, economia de cores e presença de temas nacionais e primitivos, figurados
numa intensa atmosfera onírica. A pintura Antropofagia, de 1929, como indica o título, é uma assimilação
das duas obras anteriores: figura e fundo de Abaporu e A negra se mesclam, formando um casal primevo,
em uma paisagem densa e silenciosa. As imagens inspiradas em um Brasil arcaico, pré-cabralino, aliadas
à utilização de uma linguagem moderna, criaram uma solução possível para um paradoxo presente na
prescrição antropofágica: a necessidade de conciliar aspectos primitivos e modernos a um só tempo.

Ernesto de Fiori
Homem andando, entre 1936 e 1937


São poucos os dados precisos sobre a formação artística de Ernesto de Fiori. Sabe-se que em 1904 ingressou na Akademie der Bieldenden Künste de Munique, na Alemanha, onde frequentou aulas de desenho. Desde o início interessado em pintura, mas dedicado, sobretudo, à escultura, chegou ao Brasil, em 1936, vindo de Berlim, e começou a se firmar no ambiente artístico ao participar de mostras locais. A figura do homem andando ou em marcha está presente em seu trabalho desde 1920 até aproximadamente 1938. Mas esta peça tem as suas especificidades no modo como o homem projeta o seu corpo à frente, com cabeça e tronco lançados para a esquerda, em passo largo, sugerindo velocidade e obstinação. A superfície áspera, desigual, com aspecto inacabado, e a simplificação das formas, sem a divisão dos dedos das mãos ou dos pés, reforçam a rapidez e o dinamismo da escultura, desde a ideação, passando pela moldagem da matéria. O resultado é uma imagem urgente, que insinua um processo em curso, ou no mínimo uma situação que aponta para transformações.


Volpi
Fachada, c. 1955


Foi depois da viagem a Minas Gerais, 1944, que Volpi começou a pintar com têmpera. Juntamente com a troca de técnica, vê-se, pouco a pouco, ao longo do final da década de 1940 e início da de 1950, sua pintura se fechar, selecionando certos elementos formais, como as fachadas das casas, que até então eram
representadas em sua totalidade. As famosas bandeiras começaram a ser representadas no início da década de 1950 e reaparecerão inúmeras vezes em seu trabalho, ora como bandeirinhas, ora como formas geométricas puras sofrendo todo o tipo de manipulação construtiva nas mãos do artista. Mas nem sempre a rigidez formal impera: em Fachada, por exemplo, vemos uma composição bastante animada, de cunho mais popular.

Estação Pinacoteca
Largo General Osório, 66 - Tel. 11 3335 4990
Terça a domingo das 10h às 17h30 com permanência até às 18h
Ingresso combinado (Pinacoteca e Estação Pinacoteca): R$ 6,00 e R$ 3,00
Grátis aos sábados. Estudantes com carteirinha pagam meia entrada.
Crianças com até 10 anos e idosos maiores de 60 anos não pagam.
Mais informações: Carla Regina Tel. 3324 1007 ou pelo email coliveira@pinacoteca.org.br

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Gomide, um Modernista entre Paris e São Paulo

Essa é uma exposição que refresca nossa mente, pois podemos ver obras de extrema delicadeza, feitas com o rigor técnico de um grande artista.

É perceptível como o artista influenciou e foi influenciado por seus pares, como Di Cavalcanti, Portinari, Tarsila, De Fiore e Ismael Neri, entre outros.

Como nos faz bem o contato com esses trabalhos, nos lembra que ainda existe a arte que toca o coração como disse Cândido Portinari ("Uma pintura que não fala ao coração não é arte, porque só ele a entende").

O ecletismo das mostras na Caixa Cultural, faz com esse espaço expositivo seja um dos mais importantes do país, sempre surpreendendo, seja pelo ineditismo, ou pelas visitas de grandes mestres.



Deep in the Forest - Heitor Villa-Lobos, Bidu Sayão & Simphony Of The Air and Chorus


Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do evento.







UM MODERNISTA ENTRE PARIS E A CAIXA CULTURAL SÃO PAULO

Exposição traz obras de Antonio Gomide, um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros, relacionado à Semana de Arte Moderna de 1922

A CAIXA Cultural São Paulo apresenta, a partir de 12 de outubro, sábado, a exposição “Gomide, um Modernista entre Paris e São Paulo”, que mostrará aquarelas, desenhos e gravuras produzidas pelo artista, na Europa e no Brasil, entre 1920 e 1960. Com curadoria do jornalista e crítico de arte Alberto Beutenmüller, mostra fica em cartaz até 8 de dezembro. O patrocínio é da Caixa Econômica Federal e do Governo Federal.

A exposição, que trará cerca de 50 obras de autoria de Antonio Gomide, conta ainda com estudos para futuras obras, que jamais foram expostos, cedidos especialmente pela família do artista. Em 2012 completou 45 anos de sua morte, por isso o momento é propício para mostrar ao público a sua produção, que se relaciona com o grupo de artistas da Semana de Arte Moderna de 1922.

O artista:
Pintor, escultor, decorador e cenógrafo, em 1913 acompanhou a família, em mudança para a Suíça, e frequentou a Academia de Belas Artes de Genebra. Na década de 1920, mudou-se para a França. Em Toulouse, trabalhou com Marcel Lenoir, com quem aprendeu a técnica do afresco. Em 1924, em Paris, entrou em contato com movimentos de vanguarda. Sua obra é marcada essencialmente por essa experiência parisiense, onde teve oportunidade de conviver com modernistas brasileiros, como Tarsila do Amaral e Victor Brecheret. Entrou em contato também com a arte de Pablo Picasso e Georges Braque, entre outros importantes artistas da época.

Em 1929, retornou ao Brasil, onde teve participação importante no panorama da arte nacional. Em 1932, atuou na fundação da Sociedade Pró-Arte Moderna e do Clube dos Artistas Modernos. Suas obras aliam formas abstratas a motivos indígenas ou a composições com paisagens. Na área das artes decorativas, com sua irmã Regina Graz e John Graz, é considerado um dos introdutores do estilo art deco no país.

Antonio Gomide realizou e participou de diversas exposições em São Paulo e no exterior, inclusive da I Bienal de São Paulo. Apesar da aproximação com tendências internacionais, manteve sua obra muito pessoal. Ele não obedeceu a nenhuma teoria pré-estabelecida. Procurou um estilo próprio. É considerado um artista completo, expressando-se nas mais variadas técnicas. Sua vasta produção e sua força criadora o colocam na História da Arte Brasileira.

Informações e entrevistas:
Eunice Dornelles – (11)3864-5745 / 96171-5920 – eg-dornelles@uol.com.br
Selma – (11) 2848-4000 / 8538-9000 – sbarbosalima@gmail.com

Serviço:
Exposição: “Gomide – Um modernista entre Paris e São Paulo”
Abertura para convidados, imprensa e visita guiada com o curador: 12 de outubro de 2013 (sábado), às 11h
Visitação: de 12 de outubro a 8 de dezembro de 2013
Horário de visitação: de terça-feira a domingo, das 9h às 19h
Local: Caixa Cultural São Paulo – Praça da Sé, 111 – Centro – próximo à Estação Sé do Metrô
Acesso para pessoas com necessidades especiais
Entrada franca
Recomendação etária: livre
Patrocínio: Caixa Econômica Federal e Governo Federal

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

A História do Soldado - Igor Stravinsky SESC Bom Retiro

Fomos no domingo ao SESC Bom retiro assistir a montagem da "História do Soldado", de Igor Stravinsk, vide texto abaixo colhido no site da instituição, e qual não foi minha surpresa em encontrar uma montagem inesquecível.

Não tanto pela parte da dramaturgia, correta em sua simplicidade de figurinos e cenários e com um desempenho dos atores acima da média, mas pela parte musical. 

Executada com uma incrível competência, na formação completa pedida pela obra, nos enleva e nos coloca dentro das cenas. 

Um espetáculo que merece uma temporada completa em alguma das unidades do SESC ou em teatros como o Folha ou o Alfa, notórios por montagens infanto-juvenis de sucesso de público e crítica.


Maria Lydia com o ator Fausto Franco

Escolhi a música de abertura do espetáculo, com a condução do próprio Stravinsk.

"Histoire du Soldat" Suite - I. Marche du Soldat - Stravinsky Conducts Stravinsky



Esta é uma das obras-primas do século 20 para pequena formação de orquestras e se situa entre a fase russa e a neoclássica do compositor Igor Stravinsky (1882-1971). Composta em 1918, com texto do suíço Charles-Ferdinand Ramuz, tem estrutura musical para sete músicos (violino, contrabaixo, clarinete, fagote, trombone, trompete ou corneta e percussão) e estrutura narrativa para três personagens (diabo, soldado e narrador). No enredo, o soldado dá seu violino ao diabo em troca de um livro que poderia prever o futuro. Os instrumentos possuem um forte simbolismo que tem atravessado o imaginário de muitas gerações: o violino representa a alma do soldado, a percussão as peripécias do diabo, e assim por diante. O genial compositor, assim, utiliza os instrumentos com papéis cênicos bem claros e delimitados, teatralizando-os com ironia e graça. Teatro.



FICHA TÉCNICA:

Música: Igor Stravinsky


Libreto: Charles-Ferdinand Ramuz


Idealização, direção musical e regência: Maury Buchala


Arregimentação musical: Rubens Dedonno


Direção cênica e adaptação: Marcelo Romagnoli


Elenco: William Amaral (narrador), Fausto Franco (Diabo) e Ricardo Henrique (Soldado)


Músicos: violino - Flávio Geraldini; contrabaixo - Ruy Deutche;  clarinete - João Francisco Correia; fagote - Mariana Bergsten; trompete - Leandro Lima; trombone - Paulo Santos; e percussão - Gláucia Figueiredo


Cenografia e iluminação: Marisa Bentivegna

Figurinos: Chris Aizner

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

IV MOSTRA 3M DE ARTE DIGITAL - FICÇÕES RADICAIS

Fui a essa mostra com um certo preconceito, pois tenho com a arte "moderna" um pequeno trauma e sempre encontro obras vazias, rápidas feitas sem o menor critério ou rigor técnico.

Não foi o que ocorreu nesta exposição, já que as obras apresentadas, em sua maioria percebi, tiveram pelo menos um estudo ou projeto.

Uma ideia que se mostrou muito interessante foi a dos artistas vestirem ou fazer com que os visitantes se compusessem com peças de espuma pré cortadas com a ajuda de fitas elásticas, criando assim sua própria fantasia ou uma persona.

A atriz e cantora Adriana Capparelli executou a performance da obra Do Androids Drean of Eletric Beatles?  com um resultado até melhor do que o do vídeo original. 

Em função do patrocínio, essa mostra recebeu a confecção de um belo catálogo, que merece ser guardado.


Yesterday - The Beatles



Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto Tomie Ohtake.







INSTITUTO TOMIE OHTAKE
APRESENTA
IV MOSTRA 3M DE ARTE DIGITAL
FICÇÕES RADICAIS


Abertura: 08 de outubro, às 20h
Visitação: 09 de outubro a 03 de novembro de 2013


A 3M do Brasil, mantendo seu compromisso de debater e incentivar a produção artística contemporânea ligada às mídias digitais, a Elo3, idealizadora do projeto, novamente em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, realizam a IV Mostra 3M de Arte Digital. Nesta edição, Ficções Radicais constroem o eixo estabelecido pela curadora e artista midiática Gisela Domschke nos 20 projetos selecionados.

Segundo Domschke, a ficção é uma forma de narrativa que lida com eventos não (ainda) factuais, que nos permite explorar as possibilidades de nossos desejos, a fim de entender o que são hoje as limitações. “Isso ajuda a dar um passo para além da estrutura rígida de nossa forma de vida e olhar para as suas complexidades de uma certa distância”.

Para Luiz Serafim, Head de Marketing da 3M, “todos os anos, a empresa colabora de forma intensa para a evolução da Mostra, buscando inspirar e promover a liberdade criativa, o exercício de novos olhares e possibilidades, a diversidade de conexões, sob o impacto da tecnologia, em perfeita sintonia com a essência de inovação 3M.”

Para a quarta edição, a curadora traz Charles Csuri, artista norte-americano pioneiro da arte digital, com sua icônica obra Random War, 1967. Csuri capta o caos do campo de batalha através da geração de números aleatórios que determinam a localização e o ângulo do desenho de um pequeno soldado verde na página impressa. O artista explora, através de sistemas matemáticos, uma nova idéia de forma, uma nova idéia de estrutura. “Você pode ter trinta dimensões no lugar das três usuais que sempre nos vêm em mente”, diz Csuri. “Não se trata de um espaço real, mas sim de um espaço teórico.” Neste espaço convergem o pioneirismo das experiências generativas da computação gráfica e a alusão a convulsão social causada pela guerra do Vietnã na década de 60.

Outro pioneiro, o brasileiro Paulo Bruscky inicia a partir de 1970 pesquisas em suportes destinados à reprodução e circulação da imagem ou da informação, como o fax, o xerox, raio-x, a imprensa, os carimbos. Em um contexto de burocracia, de falta de ambiente institucional para a arte em sua cidade e de repressão do período de ditadura militar no Brasil, os trabalhos de Bruscky se apresentam como pequenas provocações, colocando o cotidiano à prova. Máquina de Filmar Sonhos (1977) é parte de uma série de inserções em classificados de jornal realizadas pelo artista. Bruscky anuncia a venda de uma máquina de filmar sonhos, com filmes (preto e branco ou colorido) e sonorizada, que possibilitaria ao comprador assistir a seus sonhos tomando café da manhã.

Em “Drone Shadows”, James Bridle agencia a materialização de uma tecnologia invisível, que permite o controle da visão e da ação à distância. O que fazem exatamente essas máquinas voadoras robóticas – de helicópteros de brinquedos a tecnologia de armamento militar - não se sabe ao certo. Ao riscar no chão a caracterização fictícia dos drones, Bridle chama nossa atenção para a uma tecnologia que, cada vez mais interconectada, permeia, de forma invisível, nossa sociedade contemporânea. O que escolheremos fazer com essa tecnologia é algo que depende de nossa capacidade de visualizá-las, para então a agenciarmos de acordo com nossos desejos.

O sul coreano Hojun Song, em “Back to Program Ossi”, contesta o fato de todos os programas espaciais serem dirigidos e desenvolvidos por governos ou forças militares. “Ossi” - Open Source Satellite Initiative - é um satélite DIY de uso individual, que possibilita uma conexão entre o indivíduo e o universo, estimulando nossas fantasias.  Também o fotógrafo paulista Marcelo Zocchio traz o espaço para o centro de sua obra, com a série “Planetas”, na qual registra nove viagens ficcionais interplanetárias. A série é o resultado do interesse do artista por questões relativas à relação do homem com o meio ambiente.

Em The Tsiolkovsky Trick, Sascha Pohflepp dispõe modelos de foguetes espaciais provenientes do 3D wharehouse do Google, dando corpo a uma visão particular da história da tecnologia. Em seu ensaio "Lagrangian Futures", Pohflepp explica que em 1903, Konstantin Tsiolkovsky "publicou um artigo científico intitulado "Investigação de aparelhos exteriores de foguetes espaciais", no qual provou que um objeto em propulsão poderia realizar o vôo espacial, se durante o lançamento perdesse partes de si mesmo". Mais tarde, no mesmo ensaio, Pohflepp comenta: “A tecnologia, embora envolta em noções de lógica, razão e lucro, é acima de tudo um esforço narrativo”. Futuros tem que ser pensados antes de poderem ser construídos ou vendidos e seu pensamento enquanto visões, mitos e mentiras fornece o que Norman M. Klein apropriadamente chama deinfra-estrutura fantástica”. Tsiolkovsky, além de cientista, tinha um grande interesse em ficção científica, tendo publicado um romance sobre a colonização do espaço intitulado "Sonhos da Terra e do Céu".

Tuur Van Balen, Catherine Kramer e Steven Ounanian exploram as questões homem/ máquina em “Do androids Dream with Electrical Beatles?”, onde Angelina performa uma versão de Yesterday, dos Beatles, cuja letra foi modificada através de diversas traduções feitas por programas de computador.

Policing Genes é uma obra de design-fiction, em que o inglês Thomas Thwaites imagina um cenário, onde os genes de plantas geneticamente modificados são controlados por um departamento da policia britânica especializado no policiamento das abelhas.

A dupla inglesa Semiconductor apresenta Worlds in the Making, uma série de trabalhos recentes que exploram paisagens vulcânicas e a geologia única das Ilhas Galápagos. Worlds in the Making (2011) é uma vídeoinstalação com três projeções simultâneas, dividida em sete capítulos. Tendo como ponto de partida a filmagem e animação de paisagens vulcânicas, rochas e minerais, e a utilização de técnicas científicas e dispositivos que o homem desenvolveu para dar sentido a esses elementos, este trabalho explora como o homem observa, experimenta e cria uma compreensão das origens do mundo físico que nos rodeia. O espectador é levado para um mundo que fica entre a ficção científica e a realidade científica.

O holandês Matthijs Munnik em sua instalação Citadels: Lightscape busca explorar uma esfera alucinatória dentro de nossos olhos através de efeitos estroboscópicos da luz. Citadels é uma nova máquina dos sonhos, onde uma camada de padrões vívidos cobre a realidade. A instalação permite ao observador investigar as infinitas complexidades produzidas dentro do próprio olho. A dimensão geométrica de cores puras, fractais, pixels, formas e formato deslumbrante.

Pesquisas sobre os efeitos estroboscópicos da luz apontam que estes padrões surgem em razão da interferência no sinal do olho para o córtex visual primário, esfericamente transformado de acordo com o mapa retinotópico do olho. Esta transformação cria as típicas estruturas vistas em alucinações. Ainda mais importante, as estruturas comuns não são, portanto, apenas uma construção da mente, mas percepções com origem física na arquitetura interna do olho.

Também da Holanda, os artistas Persijn Broersen & Margit Lukács no seu “Mastering Bambi”, criam uma reconstrução do filme “Bambi” eliminando os seus personagens. A visão da natureza do clássico de Walt Disney enraizada no romantismo europeu é reinterpretada na floresta deserta e carente, onde a natureza torna-se o espelho da nossa própria imaginação. A trilha sonora é assinada por Berend Dubbe e Gwendolyn Thomas.

Já o trabalho do inglês Justin Bennett transita entre as artes visuais, o audiovisual e a música, com foco específico no desenvolvimento urbano e na relação entre arquitetura e som. Para a mostra, ele cria um sound walk a ser experienciado nas ruas pelos visitantes, nos arredores do Instituto Tomie Ohtake.

O brasileiro Marcelo Krasilsic também apresenta um trabalho criado especialmente para esta edição da Mostra. #PHOFOAM é uma instalação performática onde os participantes fotografam e são fotografados vestindo adereços de espuma e elásticos. As fotos são distribuídas no Instagram com o hastag #PHOFOAM. A performance explora as múltiplas dimensões do discurso social contemporâneo e evoca referências diversas - do wearable da literatura sci-fi ao Parangolé de Helio Oiticica.

A dupla de fotógrafos suecos Inka & Niclas investiga paisagens naturais intocadas. Suas imagens causam estranheza através de interferências sutis, como a de um spray que tinge a paisagem retratada ou a simples presença de um visitante humano.

O norte-americano Golan Levin apresenta “The Free Universal Construction Kit”. O projeto oferece cerca de 80 adaptadores entre brinquedos como Lego, Duplo, Fischertechnik, Gears!, K’Nex, Krinkles (Bristle Blocks), Lincoln Logs, Tinkertoys, entre outros. Ao permitir que qualquer peça se encaixe com qualquer outra, o Kit incentiva novas maneiras de relações entre os sistemas fechados, permitindo a criação de projetos até então impossíveis. Os adaptadores podem ser baixados em sites de compartilhamento para a reprodução por dispositivos de fabricação pessoais, como a Makerbot (uma impressora 3D open-source de baixo custo).

Um sistema demeta-mashup", o Kit possibilita um processo criativo, onde qualquer pessoa pode desenvolver as peças necessárias para modificar ou adaptar produtos comerciais produzidos em massa. Um convite para refletir sobre a nossa relação com a cultura material de massa e a evolução das formas nas quais podemos melhor adaptá-la à nossa imaginação.
           
De autoria da dupla Mario Ramiro e Gabriela Greeb, Rede Telefonia (2009) é uma peça sonora de 4 minutos e 33 segundos criada a partir das escutas e das gravações realizadas por Hilda Hilst nos anos 1970. Obra baseada nas experiências realizadas pela escritora brasileira nos anos 70, quando ela procurava por  meio de gravações de sinais de rádio um canal de comunicação com amigos já falecidos. A obra documenta uma prática experimental da escritora que explora, com rigor metodológico, universos pouco explorados pela ciência.

Ricardo de Castro propõe ao espectador experiências que visam o deslocamento do indivíduo para a abertura de novos espaços mentais, renovação de atitudes cotidianas, destruição de padrões e o redesenho de um pensamento livre. A obras, que trazem em si ideias de magia, ciclo, morte e renascimento, são de caráter relacional e, em alguns casos, acontecem em espaços públicos, visando compartilhar com o maior número de pessoas a energia elaborada no trabalho. A fotografia Totem Magia (2010) é um registro de uma ação que Ricardo realizou na Quebrada da Morte, no Deserto do Atacama, no Chile.

A instalação Blue Fungus é um projeto do estúdio Moniker, desenvolvido a partir de sua prática processual Conditional Design. O Conditional Design é uma abordagem que reflete as tendências da nossa sociedade contemporânea - sob a influência da mídia e das rápidas mudanças tecnológicas, nosso mundo, nossas vidas e a maneira como nos relacionamos uns com os outros são cada vez mais caracterizadas pela velocidade em estado de fluxo constante. Os visitantes recebem uma folha com quatro adesivos quando entram no espaço. Eles são autorizados a fixar os adesivos em algum ponto na exposição, de acordo com um simples conjunto de regras. Os padrões emergem porque as pessoas vão observar o que os visitantes anteriores fizeram e reagirão a isso. Em última análise os visitantes funcionam como um coletivo para formular uma imagem.

O trabalho sonoro Oráculo (2009) de Arnaldo Antunes remete à leitura de um oráculo. Em uma grande colagem, o espectador ouve trechos de textos de filosofia, fotonovela, convites, documentos, textos de reportagem e fragmentos de poemas. Com uma entonação uníssona, todas essas referências parecem fazer parte de uma única e mesma narrativa – uma releitura poética da prática milenar de consultar as divindades sobre o futuro.

Completa a exposição o objeto interativo Quando tudo o que aprendi não serviu para nada, a Mateo Velázquez in memoriam (2009), do paulista Fernando Velázquez, uma forte metáfora sobre as nossas buscas futuras.

Sobre a curadora
Artista midiática e curadora. Desenvolve projetos em colaboração com instituições como British Council, AHRC, Mondriaan Foundation, Virtueel Platform e FutureEverything. Atual curadora da Mostra 3M de Arte Digital 2013 no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo e idealizadora do projeto Labmóvel (menção honrosa no Prix Ars Electronica 2013). Co-curadora da ZERO1 2012 - Bienal de Artes e Tecnologia, San José, Califórnia (American Institute of Architects 2013 Design awards). Ex-professora e orientadora do MA em Mídias Interativas na Goldsmiths University, Londres. Gerenciou a criação do LABMIS, laboratório de mídias do Museu de Imagem e do Som, onde foi responsável pelo programa de mostras, residências artísticas, workshops, festivais e relações com instituições internacionais. Seu trabalho foi exposto na Whitney Biennial (NY), Stedelijk Museum (Amsterdam), ICA (Londres), Johnson Museum of Art (Ithaca), Centre d’ Art Contemporain (Geneve) e na Bienal de São Paulo. Teve publicações em periódicos como Creative Review, Blueprint, The Guardian e Arco Magazine. Professora de “Design & Inovação” na FAAP.


IV Mostra 3M de Arte Digital
Abertura: 08 de outubro, às 20h
Visitação: 09 de outubro a 03 de novembro de 2013, de terça a domingo, das 11h às 20h
Patrocínio: 3M
Realização: Elo3 Integração Empresarial

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) - Pinheiros SP Fone: 11.2245-1900

Informações à Imprensa
Marcy Junqueira – Pool de Comunicação
Contato: Martim Pelisson / Fone: 11.3032-1599