Majestosas imagens do inconsciente transpostas ao espaço, criando assim volumes cheios de nuances e significados.
Pesadelos ou sonhos lisérgicos, difícil de definir suas sutilezas, ainda que brutais, escondem essa divisão. O surrealismo levado aos extremos em uma viagem inesquecível, pois em suas presenças passamos a compor as cenas com nosso estupor.
As imagens vindas de tal profundeza instigam e intrigam pois antes de nos assombrar, nos encantam.
Uma belíssima mostra, que seguramente estará entre as melhores do ano.
Fireworks - Opus 4 - Igor Stravinsky
Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa MAM.
L’ impossible, 1940 - Crédito da foto: Romulo Fialdini
Hasard Hagard, 1947 - bronze Crédito da foto: Vicente de Mello/Editora Cosac Naify
Orpheus, 1952 - bronze Crédito da foto: Vicente de Mello/Editora Cosac Naify
Uirapuru, 1945 - bronze Crédito da foto: Vicente de Mello/Editora Cosac Naify
Reprodução (mulher com mãos no cabelo), 1948; cerâmica industrial esmaltada Créd.: Jaime Acioli
Composição (leão), 1948; cerâmica industrial esmaltada Crédito da foto: Jaime Acioli
Maria Martins no ateliê, em 1950
Exposição Maria Martins: metamorfoses
acompanha as contínuas transformações na obra de um dos grandes nomes da
escultura brasileira, no MAM, a partir do dia 10 de julho (quarta-feira)
Com curadoria de Veronica
Stigger, mostra retrospectiva, aberta à visitação até 15 de setembro, destaca não
apenas as esculturas da artista, mas também suas pinturas, suas gravuras e seus
escritos
Uma obra longe da estagnação, da redundância, dos padrões
delineados por algum movimento artístico. A vocação metamórfica do trabalho da
artista Maria Martins (1894-1973) foi investigada a fundo pela pesquisadora e
crítica de arte Veronica Stigger, estudiosa do legado da escultora. A partir
desse recorte, ela assina a curadoria da exposição Maria Martins: metamorfoses,
que ocupa a Grande Sala do Museu de Arte Moderna de São Paulo, com abertura no
dia 10 de julho (quarta-feira), a partir das 20h. Os patrocínios da mostra
são do Credit Suisse e da Pirelli.
É uma das maiores mostras já realizadas da artista mineira,
nascida em Campanha e que começou a estudar as técnicas da escultura na
Bélgica, na década de 30. São mais de 30 esculturas, a maioria em bronze,
distribuídas em cinco núcleos - Trópicos, Lianas, Deusas e Monstros, Cantos e
Esqueletos -, que são determinados mais pela comunicação formal do que
propriamente por uma ordem cronológica. A exposição reúne também livros, artigos,
obras bidimensionais em papel e cerâmicas de parede.
“É uma artista que não se enquadra em nenhum movimento de arte,
ela tem um trabalho muito singular”, descreve Veronica, apontando uma das
características do trabalho de Maria que chamou sua atenção logo que começou a
estudá-la, em 2006, quando iniciou seu pós-doutorado.
Segundo Felipe Chaimovich, curador do MAM, a exposição é uma
maneira de o museu lançar um olhar sobre a artista a partir do Brasil. Sem o
devido reconhecimento em seu país de origem, Maria Martins consolidou carreira
internacional, a ponto de, no ano passado, ganhar postumamente destaque na Documenta
de Kassel, umas das mais importantes mostras de arte contemporânea,
realizada a cada 5 anos na Alemanha. Mais um motivo para o MAM revisitar a obra
da artista. “Há muito tempo não havia uma retrospectiva do trabalho da escultora,
como faremos agora”, conclui Chaimovich.
Maria Martins: metamorfoses flagra as contínuas transformações da forma ao longo do
desenvolvimento artístico de Maria Martins, a partir da fase desencadeada pela
exposição de 1943, na Valentine Gallery, em Nova York, onde ela inaugurou sua
terceira mostra individual, tida como um marco em sua trajetória. Lá, ela
assumia, de vez, mudanças significativas – e irreversíveis – na concepção
formal de seus trabalhos. Se antes sua representação do humano tendia ao tradicional,
com contornos mais nítidos, a partir dali, suas figuras, apesar de ainda
reconhecíveis, se entrelaçam a elementos da natureza.
Esse encontro do homem com a natureza foi alvo de reverências de
artistas surrealistas de seu tempo, como o escritor francês André Breton, autor
do Manifesto Surrealista de 1924. Na época da individual da brasileira
na Valentine Gallery, ele disse: “Maria conseguiu capturar tão maravilhosamente
em sua fonte primitiva não apenas a angústia, a tentação, a febre, mas também a
aurora, a felicidade calma, e até mesmo às vezes o puro deleite”. “Não diria
que ela foi influenciada pelo surrealismo. O que aconteceu foi que os surrealistas,
como Breton e Péret, encontraram nos trabalhos dela aspectos que eram caros a
eles, como esse encontro com a natureza”, ressalta a curadora.
Do desejo de representar a Amazônia, veio a concretização nas
esculturas de oito personagens-mitos, batizados de Amazônia, Cobra
Grande, Boiúna, Yara, Yemanjá, Aiokâ, Iacy e Boto.
Alguns exemplares dessa série exposta na emblemática mostra de 1943, como Amazônia
e Boiúna, poderão ser vistos agora na exposição do MAM. Outro destaque de
Maria Martins: metamorfoses são os 5 artigos que a artista escreveu para o Correio
da Manhã, na década de 60, reunidos sob o título Poeira da vida, que voltam a público depois de anos, após serem
encontrados por Veronica Stigger na Hemeroteca da Biblioteca Nacional.
SOBRE OS NÚCLEOS DA EXPOSIÇÃO:
TRÓPICOS
Antes da exposição de 1943, Maria Martins já vinha voltando sua
atenção para temas brasileiros, mas ainda moldava seus Samba, Negra, Yara em formas convencionais. Obras como
Yemenjá e Iacy já sinalizam o entrelaçamento do elemento humano ao vegetal,
embora as figuras representadas sejam ainda claramente discerníveis.
LIANAS
Neste segundo conjunto de esculturas, há certa concentração nos
elementos que eram secundários no primeiro: as formas enredadas que circundavam
as figuras principais. Em Comme une liane,
é a própria figura feminina que tem seus membros convertidos em algo semelhante
a galhos flexíveis ou cipós.
DEUSAS E MONSTROS
Ao longo da carreira, Maria produziu uma série de deusas e
monstros, nos quais a figura humana aparece transformada. Em Impossible, a escultura mais célebre
deste núcleo, o caráter erótico da metamorfose se explicita: dois corpos, um
feminino e um masculino, são impedidos de se aproximar totalmente em função das
estranhas formas pontiagudas de suas cabeças, ao mesmo tempo em que parecem
magneticamente – amorosamente – ligados para sempre.
CANTOS
Em seu livro sobre Nietzsche, Maria Martins demonstra especial
admiração pelos cantos de Zaratustra. Em O
canto da noite (título que ela toma emprestado para uma de suas
esculturas), Nietzsche escreve: “Uma sede está em mim, insaciada e insaciável,
que busca erguer a voz”. Em O canto do
mar e na escultura sem título, as formas se tornam mais arredondadas, mais
indefinidas, mais abstratas, numa possível tentativa de dar forma ao que não é
palpável, como a voz.
ESQUELETOS
De uma maneira geral, a obra de Maria Martins se voltou sobretudo
para as formas orgânicas. No entanto, há um conjunto de trabalhos que tendem à
forma do esqueleto, ou seja, que se concentram naquilo que, no organismo,
bordeja o inorgânico. Tamba-tajá e Rito dos ritmos perdem corporalidade,
se comparadas com outras esculturas suas, e se reduzem a ossaturas. Pourquoi toujours, que pode lembrar a
forma de uma planta, é toda pontuada por pequenas caveiras. É como se Maria,
barrocamente, nos recordasse que o que resta do humano, ao fim das
metamorfoses, são os ossos. Somente a eles corresponde talvez a utopia de uma
forma final.
SOBRE A
CURADORA:
Veronica Stigger é escritora,
pesquisadora, crítica de arte e professora universitária. Fez doutorado em
Teoria e Crítica de Arte pela Universidade de São Paulo (USP), com
tese sobre a relação entre arte, mito e rito na modernidade, com ênfase nas obras de Piet Mondrian, Kasimir Malevich, Marcel Duchamp e Kurt Schwitters. Também tem pós-doutorado pela Università degli Studi di Roma "La Sapienza" e Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), no qual desenvolveu pesquisa sobre as obras de Maria Martins e Flávio de Carvalho. Atualmente, é coordenadora de escrita criativa na Academia Internacional de Cinema e professora de pós-graduação em História da Arte e Fotografia na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). É autora de livros como Gran Cabaret Demenzial e Os Anões, além de ser uma das escritoras de Maria, organizado por Charles Cosac.
tese sobre a relação entre arte, mito e rito na modernidade, com ênfase nas obras de Piet Mondrian, Kasimir Malevich, Marcel Duchamp e Kurt Schwitters. Também tem pós-doutorado pela Università degli Studi di Roma "La Sapienza" e Museu de Arte Contemporânea da Universidade de São Paulo (MAC-USP), no qual desenvolveu pesquisa sobre as obras de Maria Martins e Flávio de Carvalho. Atualmente, é coordenadora de escrita criativa na Academia Internacional de Cinema e professora de pós-graduação em História da Arte e Fotografia na Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP). É autora de livros como Gran Cabaret Demenzial e Os Anões, além de ser uma das escritoras de Maria, organizado por Charles Cosac.
O MAM
está no Google Art Project
Acesse:
SERVIÇO:
Maria
Martins: metamorfoses – Grande Sala
Curadoria: Veronica Stigger
Abertura: 10 de julho de 2013
(quarta-feira), a partir das 20h
Visitação: 11 de julho a 15 de
setembro de 2013
Endereço: Parque do Ibirapuera
(av. Pedro Álvares Cabral, s/nº - Portão 3)
Horários: Terça a domingo, das
10h às 17h30 (com permanência até as 18h)
tel (11) 5085-1300
Ingresso: R$ 6,00
Sócios do MAM, crianças até 10 anos e adultos com mais de 65 anos
não pagam entrada. Aos domingos, a entrada é franca para todo o público,
durante todo o dia
Agendamento gratuito de
visitas em grupo pelo tel. 5085-1313 e e-mail educativo@mam.org.br
Estacionamento
no local (Zona Azul: R$ 3 por 2h)
Acesso
para pessoas com deficiência
Restaurante
/ café
Ar
condicionado
Mais
informações para a imprensa
Conteúdo
Comunicação
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98586-2166
Tel.: (11) 5056-9823
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Tel. (11) 5056-9800
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