Esta é uma magnífica mostra dos últimos trabalhos feitos por Tomie Ohtake, já centenária em seu derradeiro ano de vida.
Com obras monocromáticas ou com no máximo a inclusão de outra cor ela trabalha muito mais criando texturas e volumes com as tintas que transformam as telas em quase esculturas. Imagino que isso se deva à diminuição de sua acuidade visual, que a fez abandonar a sua quase sempre exuberância no uso das cores.
Um evento que nos leva a refletir quanto às dificuldades em aceitar a passagem dos anos, pois Tomie Ohtake parece nunca ter se importado com isso se mantendo produtiva até sua morte.
Resposta ao Tempo - Milton Nascimento
Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto Tomie Ohtake.
INSTITUTO TOMIE OHTAKE
APRESENTA
TOMIE OHTAKE 100-101
Abertura: 01 de abril, às 20h - 07 de junho de
2015
Após o falecimento de Tomie Ohtake, ocorrido dia 12 de fevereiro,
o Instituto que leva seu nome realiza uma exposição com suas pinturas recentes.
As cerca de 30 telas reunidas, concebidas pela artista dos seus 100 aos 101
anos, auspiciosamente reafirmam o seu desejo: "gostaria de viver enquanto
puder trabalhar".
Com curadoria de Paulo Miyada, a exposição apresenta pinturas, em
sua maioria, monocromáticas, iniciadas por uma série branca, seguida pela as de
cores. "Essas telas arriscam reduzir drasticamente a variação cromática,
exibindo em grande parte monocromos brancos, vermelhos, azuis e amarelos em que
linhas e formas se delineiam por relevos e aglomerados de tinta dispostos de
forma irregular". Segundo os curadores, ainda, essas obras, especialmente
gestuais, contam com a projeção de sombras sutis e a interpretação do olho do
espectador para se conformarem.
Para dimensionar a produção da artista, a exposição traz também
esculturas em metal em que o gesto manual do processo - Tomie fazia seus
estudos com arames -, evidencia-se pelas curvas e torções. Em homenagem à
pintora, escultora e gravadora, completam a mostra textos e cerca de sete
depoimentos em vídeo inéditos (gravados após 12 fevereiro de 2015) de críticos
e artistas, como Carmela Gross, Leda Catunda, Jac Leirner, Miguel Chaia, entre
outros.
Trajetória
A carreira de Tomie Ohtake atinge plena
efervescência a partir dos seus 50 anos, quando realiza mostras individuais e
conquista prêmios na maioria dos salões brasileiros. Participou de 20 Bienais
Internacionais (seis de São Paulo, uma das quais recebeu o Prêmio Itamaraty,
Bienal de Veneza, Tóquio, Havana, Cuenca, entre outras), contabiliza em seu
currículo mais de 120 exposições individuais (em São Paulo e mais vinte
capitais brasileiras, além de cidades como Nova York, Washington DC, Miami,
Tóquio, Roma, Milão, etc.), e quase quatro centenas de coletivas, entre o
Brasil e o exterior, além de 28 prêmios.
A obra de Tomie destaca-se tanto na
pintura e na gravura, quanto na escultura. Marcam ainda a sua produção as mais
de 30 obras públicas desenhadas na paisagem de várias cidades brasileiras como
São Paulo (Av. 23 de Maio, 1988; Anhangabaú, 1984; Cidade Universitária, 1994,
1997 e 1999; Auditório Ibirapuera, 2004; Auditório do Memorial da América
Latina, 1988; Teatro Pedro II em Ribeirão Preto, 1996; entre outras), Belo
Horizonte, Curitiba, Brasília, Araxá e Ipatinga, feito raro para um artista no
Brasil. Entre 2009 e 2010, suas esculturas alcançaram também os jardins do
Museu de Arte Contemporânea de Tóquio e a província de Okinawa, no Japão e em
2012, foi convidada pelo Mori Museum, em Tóquio, a produzir uma obra
pública.
Tomie levou a sua arte para outras
frentes. Criou dois cenários para a ópera Madame Butterfly, o primeiro em 1983,
no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, e o segundo em 2008, no Teatro Municipal
de São Paulo. Foi convidada a criar obras para prêmios e comemorações, como por
ocasião do centenário da imigração japonesa, em 2008, quando concebeu a
monumental escultura em Santos e a do Aeroporto Internacional de Guarulhos em
São Paulo. Peças de pequenas dimensões, como o troféu da Mostra Internacional
de Cinema de São Paulo, a homenagem-prêmio para a Fórmula 1, utilizando a pedra
do pré-sal (2011), cartazes, ilustrações de livros e periódicos, medalhas e
objetos para laureados de muitos eventos fazem também parte de sua
diversificada produção. Sobre o seu trabalho foram publicados livros, inúmeros
catálogos e filmes/vídeos, entre os
quais o realizado pelo cineasta Walter Salles Jr.
Em 2012, além da obra pública para Tóquio,
criou uma série de pinturas azuis, nas quais, mais uma vez, ficava evidente o
seu interesse em se renovar, ao inventar uma nova pincelada – a pincelada como
forma, sem que a tela perca o movimento e a profundidade característicos de sua
produção. Em 2013 Tomie Ohtake chegou aos 100 anos, comemorados com 17 exposições
pelo Brasil, com destaque para as do Instituto que leva o seu nome, Gesto e Razão Geométrica, com curadoria
de Paulo Herkenhoff no mês em que completou cem anos (novembro) e Tomie Ohtake Correspondências e Influxo das Formas, ambas com curadoria
de Agnaldo Farias e Paulo Miyada, em fevereiro e agosto respectivamente. Em 2014 concebeu as pinturas que fazem parte desta
exposição. Em dezembro do mesmo ano, a cineasta Tizuka Yamasaki lançou o
documentário Tomie, que retrata com
afetividade e delicadeza o universo da artista, mesclando momentos íntimos de
Tomie com depoimentos dos críticos Paulo
Herkenhoff, Agnaldo Farias e Miguel Chaia.
Exposição: Tomie
Ohtake 100-101
Abertura: 01 de
abril, às 20h (convidados)
Até 07 de
junho de 2015
Terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca
Instituto Tomie
Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés, 88) –
Pinheiros, São Paulo
Fone: 11.2245-1900
Informações à
Imprensa
Pool de Comunicação - Marcy Junqueira
Fone: 11.3032-1599
Que coisa boa encher os olhos com cores intensas! Bom saber que se pode envelhecer produzindo, e que o tempo é aquilo que a gente quiser que ele seja: uma benção ou um castigo. Vai de quem o sente! Delícia de música. Beijos!
ResponderExcluirOi Lu,
ResponderExcluirObrigado pelo comentário e pela perspicaz observação.
Eu iria colocar outra música, uma das que foram tocadas na cerimônia de abertura OCAM/USP, mas ao perceber que tinha falado sobre o envelhecer não poderia postar outra que não essa. E para fugir das obviedades lembrei que tinha essa gravação do Milton.
Bjs,