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terça-feira, 14 de abril de 2015

David Drew Zingg: Imagem sobre imagem

Tio Dave deve estar um pouco desapontado, afinal mesmo após 15 anos de sua morte é um personagem místico e sempre lembrado da cultura nacional, um dos ícones do desbunde dos anos 70 e 80, quando além de fazer um grande jornalismo fotográfico foi uma "locomotiva" da contra-cultura brasileira ao criar a persona que teve seu auge quando ressuscitou junto a Zé Rodrix o conjunto Joelho de Porco.

Um artista de olhar atendo registrou vários detalhes, às vezes pequenos, às vezes parte de uma paisagem vistas em suas andanças pelo mundo. 

Mesmo que não tenha sido o mote desta mostra senti falta dos seus trabalhos icônicos.

Talvez em função do modesto espaço da atual sede do IMS aqui em São Paulo, fomos privados de uma maior visão sobre esta vertente de sua produção, que imagino tenha milhares de imagens desfrutáveis.

Como um amante da fotografia tenho um sonho de que o IMS, que imagino o mais importante mantenedor de grandes acervos, sejam próprios ou em comodato do Brasil, nos permita acesso físico a ele aqui em São Paulo, quando da abertura de sua nova sede.

Mas nossa curiosidade é satisfeita numa visita virtual ao site do Instituto onde podemos apreciar uma grande parte de suas maravilhas, separadas e classificadas por diversos índices que nos conduzem ao objetivo.

A música abaixo, campeã no quesito melhor letra no "Festival dos Festivais" de 1985 tem a apresentação e narração de David Drew Zingg, o tio Dave, que além de tudo tinha uma coluna cultuada na Folha de São Paulo até no ano de sua morte




A última voz do Brasil - Joelho de Porco


Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do IMS.











IMS-SP apresenta a exposição
David Drew Zingg: Imagem sobre imagem

O Instituto Moreira Salles apresenta, a partir de 15 de abril, em seu centro cultural de São Paulo, a exposição David Drew Zingg: Imagem sobre imagem, dedicada ao trabalho do fotógrafo norte-americano David Drew Zingg (1923-2000). Com curadoria de Tiago Mesquita, a mostra reúne cerca de 70 imagens, integrantes do acervo do fotógrafo, depositado desde 2012 no IMS. No dia 14, às 19h30, por ocasião da abertura, acontecerá uma visita guiada com o curador.

A mostra reúne fotografias de cartazes, letreiros, imagens e anúncios em meio a construções, ruas e pessoas. Imagens feitas ao longo do tempo, e nem sempre ligadas aos trabalhos comissionados que fazia como fotógrafo. Por pelo menos duas décadas, Zingg caçou essa iconografia no Brasil e no exterior, em regiões rurais e em grandes centros urbanos. Retirando escritos e figuras do seu contexto, essas fotografias evidenciam uma certa dimensão pop, componente fundamental dessa vertente do trabalho de David Zingg. Sua força imagética está exatamente naquilo que não tem por pressuposto ser um ícone. Letreiros de épocas e de procedências diversas, reunidos nas imagens do fotógrafo, anunciam e comunicam suas mensagens simultaneamente. Uma figura na parede comenta algo sobre um letreiro acima, que desmente a inscrição ao lado. Assim, em uma das fotos, em uma fachada de azulejos verdes, vemos uma porta em formato de ogiva de igreja gótica ao lado de uma pintura a imitar o anúncio fotográfico da Brahma Chopp. Na mesma casinha, o lugar é descrito como drogaria, restaurante e hotel. E o lugar é de fato tudo isso, e algo mais que não pode ser bem expresso por legendas.

São resíduos de uma época que insiste em não ir embora e de um presente que se estabelece de maneira pouco convincente. Passado e presente convivem em uma única imagem. Em uma fotografia da pitoresca Vila Tororó, em São Paulo, todas as ambiguidades se mostram juntas. Naquela época, o antigo palacete havia se tornado um cortiço. Na foto, a vila já é mostrada como casa modesta. A coluna, no centro da imagem, é adornada com uma versão kitsch de uma divindade greco-romana. Na imagem, ela está alheia ao uso da casa, por ser encoberta com varais carregados de roupa. A construção já não é mais a mesma coisa. Mas a escultura permanece, mesmo fora de contexto.

Para o curador, “são nesses momentos que o trabalho fica mais forte. Quando nos faz perceber esses desequilíbrios. Melhor, quando coloca junto construções, elementos arquitetônicos, textos, paisagens e personagens que parecem não se conhecer, mas compartilham o mesmo espaço. É como se os lugares fossem feitos dessas colagens, de empilhamentos de diversas épocas, de diversos lugares. O cartaz de trás deixa manchas no da frente e outro rouba o fim de uma palavra. Por vezes, os papéis amontoados estão em conflito: um impede que o outro seja entendido. Mas, às vezes, por sorte, ao se juntarem, se tornam mais graciosos. Há junções divertidas. Em um tom de crônica, as fotografias de Zingg mostram essas coincidências felizes e o ruído ensurdecedor de um amontoado de ruínas. Muitas vezes tudo isso está na mesma imagem.”

Sobre David Drew Zingg

Nascido em Nova Jersey, nos Estados Unidos, David Drew Zingg estudou na Columbia University, onde mais tarde seria professor de jornalismo. Foi repórter e fotógrafo da revista Look e trabalhou para outras publicações, como LifeEsquire e Vogue.
Em 1959, Zingg veio ao Rio de Janeiro como membro da equipe do veleiro Ondine na corrida oceânica Buenos Aires-Rio. Encantado com o país, começou a viajar frequentemente para o Brasil. Suas reportagens sobre acontecimentos nacionais, incluindo a construção de Brasília, foram publicadas em várias revistas americanas e britânicas.

Esteve presente na noite de abertura do Show de Bossa Nova, estrelado por Tom Jobim e Vinicius de Moraes na boate Au Bon Gourmet, no Rio, e contribuiu para a organização do memorável Concerto de Bossa Nova no Carnegie Hall, de Nova York, em 1962. Colaborou com os principais veículos de comunicação do país, como Veja, Manchete, Playboy, entre outros.

Em 1978, mudou-se para São Paulo, onde foi consultor e cronista da Folha de S. Paulo, escrevendo de 1987 a 2000 a coluna “Tio Dave”. Zingg também participou da banda Joelho de Porco, célebre pelas letras recheadas de humor.

Nas inúmeras viagens que fez pelo país, produziu um dos mais significativos registros do Brasil dos anos 1970 a 1990. Fotografou o povo brasileiro e sua cultura, além de realizar milhares de retratos de músicos e personalidades, como João Gilberto, Os Novos Baianos, Chico Buarque, Pixinguinha, Leila Diniz, Elke Maravilha, Vinicius de Moraes e Juscelino Kubitschek.

Sobre seus registros fotográficos, David Zingg escreveu: “Fotografia é história, e é essa sua função fundamental. A máquina mostra os dias de hoje àqueles que queiram ver os dias de hoje. Mas a máquina também mostra o ontem àqueles que queiram aprender. (…). O dever de um fotógrafo no Brasil, me parece, é insistir no registro do sofrimento e do prazer, do belo e do irônico. Só o tempo e o público decidirão o significado que as fotografias realmente têm.”

David Drew Zingg morreu no dia 28 de julho de 2000, em São Paulo. Seu acervo, composto por mais de 250 mil imagens fotográficas (principalmente diapositivos coloridos), documentos e objetos pessoais, passou a integrar o acervo do Instituto Moreira Salles em 2012, por meio de comodato realizado com seus descendentes.

Exposição David Drew Zingg: Imagem sobre imagem
Abertura: 14 de abril, a partir de 19h. Às 19h30, acontecerá uma visita guiada com o curador, Tiago Mesquita.
Visitação: de 15 de abril a 9 de agosto
De terça a sexta, das 13h às 19h
Sábado, domingo e feriado, das 13h às 18h
Entrada franca - Classificação livre
Instituto Moreira Salles – São Paulo
Rua Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis
Tel.: (11) 3825-2560


Informações para a imprensa:
Barbara Giacomet de Aguiar – (11) 3371-4490
Andressa Lelli - (11) 3371-4424

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