Essa é uma exposição que apesar de pequena é completa, pois nos apresenta obras de todas as fases da produção artística de Victor Brecheret.
Desde obras do começo de sua carreira com o rigor acadêmico clássico até suas últimas obras que já tem bem definida a estética desenvolvida durante a vida, que lhe é peculiar e de grande impacto visual e emocional.
Só grandes artistas com profundo conhecimento das técnicas de seu mister conseguem desenvolver características próprias, um estilo que é sua assinatura, identificada ao longe.
Um lindo passeio para se conhecer mais desse magnífico artista.
Brasiliana nº 8 - Choro - Radamés Gnattali
Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do evento.
Dan
Galeria traz exposição com esculturas e desenhos de Victor Brecheret
“Encantamento e Força” tem curadoria de Daisy Peccinini
e apresenta ao público peças que compõem um panorama abrangente da produção do
artista, entre as quais, um desenho inédito do início de sua
carreira
Victor
Brecheret: Três Graças (c. início déc. 1930), bico de pena sobre papel, 27 x 20
cm | Três Graças (início déc. 1930), bronze, 37 x 15 x 13 cm
Considerado
um dos escultores mais importantes do país e criador de um dos monumentos mais
icônicos e significativos da cidade de São Paulo, Victor Brecheret tem seu
trabalho celebrado pela Dan Galeria, que recebe, a partir de 8 de junho, a
exposição Brecheret: Encantamento e Força, com curadoria de Daisy
Peccinini, especialista na obra do artista.
A
mostra inclui criações do escultor de um período que vai de 1916 a 1955,
apresentando ao público um panorama bastante abrangente da carreira artística de
Brecheret, expondo, inclusive, as várias possibilidades e momentos estéticos que
o artista vivenciou e incorporou em seu trabalho. São 46 obras, entre esculturas
e desenhos, que se dividem em núcleos
e subnúcleos. "O feminino, o masculino e o idílio", "Arte indígena", "Arta
sacra" e "Cavalos" são os temas que se sobrepõem às esculturas. "Desenhos" é
apresentado como o quinto núcleo da exposição, por sua vez subdividido pelos
temas equivalentes aos dos grupos escultóricos.
Para
a curadora, duas qualidades se impõem como marcas estilísticas permanentes na
obra do escultor, independente do tema ou código por elencado: o encantamento e
a força. "Encantamento, uma especial sedução pela impecável fatura,
fazendo os olhares deslizarem pelos volumes flexuosos, interagindo com a
sensibilidade e o prazer de cada um que os contempla”, afirma Daisy. “E se de um
lado existem encantamentos, por outro há um élan que integra as partes numa
pulsão centrífuga, de modo que os volumes sedutores possuem força e tensão que
os aglutinam e geram uma aura monumental", completa.
Tema
preponderante na produção de Brecheret, a figura feminina convida o público, já
na parte exterior da galeria, a imergir em seu universo criativo: a monumental
Morena
(c. 1951), escultura em bronze com mais de 2,4 metros de altura, recebe-o como
uma anfitriã do espaço.
O
feminino da mitologia grega ganha forma em Três
graças (início
da década de 1930), com a representação das deusas da dança, da graça e do amor,
que em sua reprodução simbolizam as três raças de acordo com as teorias então
vigentes - negra, amarela e branca. Unidas pelos ombros, as figuras desafiavam
as mentalidades da época, marcada pelo nazismo e fascismo europeus, que pregavam
a superioridade dos brancos sobre os demais. "Um trabalho arrojado plástico e
politicamente, que naquele contexto exaltava a harmonia e a fraternidade",
acrescenta a curadora.
O
bronze Cabeça
de Marisa
(c. 1955) foi fundido a partir de um gesso modelado pelo artista horas antes de
sua morte. Dedicado a imprimir nele o retrato de sua sobrinha, Brecheret, por
meio de ordenação rigorosa e refinada, emprega na obra simplicidade, pureza e
força plástica de formas, características tão comuns em seus retratos.
Beijo
(c.
déc. 1930) traz uma das raras peças em sua produção representando o idílio entre
um homem e uma mulher. O bronze polido assume uma forma oval, alongada, quebrada
por pequenas incisões horizontais, sugerindo ao espectador mão entrelaçadas do
casal.
Consciente
da importância dos povos da terra para a formação e a expansão territorial da
nação brasileira, o artista dedicou-se também, principalmente a partir da década
de 1940, ao universo das formas primitivas da cultura indígena do país.
Filha
da terra roxa
(c. 1947-1948) foi um de seus primeiros trabalhos com a temática. Modelada
inicialmente com terra roxa, a terracota foi exposta em 1948 na Galeria Domus,
primeira a expor os modernistas brasileiros. Na mostra da Dan Galeria, a peça
apresentada é fundida em bronze.
Apesar
de não ter sido religioso, o artista tinha uma admiração muito grande pela arte
sacra, presente em sua produção nas mais diversas épocas. Nesse contexto, A
virgem com o Menino Jesus foi um dos temas mais trabalhados por Brecheret, tendo
sido realizado em diferentes composições e materiais. Em Virgem
(c. 1923-1925), ele inova a tradição iconográfica, dispondo a Virgem de joelhos,
construindo um jogo complexo de curvas e contracurvas, que dançam sob a ação da
luz sobre o metal polido.
O
relevo Cavalos
(c.
1953) traz o modelo de um dos painéis de mármore travertino que recobrem as
fachadas de ingresso do Jockey Club de São Paulo, onde o artista realizou uma
verdadeira saga dos cavalos de corrida, seu ciclo de vida, de vitórias e final
de carreira. Na peça apresentada na exposição, os volumes conjugam a tensão e o
furor da competição com a exaltação da elegância e da beleza dos animais.
Por
fim, o conjunto de desenhos apresentado na mostra tem qualidade e condição
singular, uma vez que muitos deles prefiguram a obra escultórica que surgiria
posteriormente. Três
Graças (c.
início déc. 1930), em uma versão de bico de pena sobre papel, é um destes
exemplos. O desenho emana o frescor das aparições subconscientes, como uma
primeira expressão que depois assumirá materialidade tridimensional na obra
escultórica.
San
Michelle
(c. 1916), um retrato de São Miguel Arcanjo, é um dos destaques do núcleo.
Trata-se de um desenho, inédito até então, produzido pelo artista no período de
sua formação em Roma. O ensaio, realizado a partir de uma pintura de altar de
autoria de Guido Reni, já prenuncia sua grande capacidade e o olhar plástico do
artista. "Impressiona a habilidade da transcrição fiel da pintura e sua
capacidade de, apenas com o uso do crayon, conseguir dar o modelado dos relevos
e das depressões dos corpos, mantendo uma tensão e dinamismo da cena", afirma
Daisy.
O
artista
Victor
Brecheret nasceu em 15 de dezembro de 1894 em Farnese di Castro, na Itália,
chegando ainda menino a São Paulo, cidade que adotou como sua. Quando jovem,
frequentou aulas no Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo. Aos 19 anos de idade,
partiu para Roma, entrando em contato com as vanguardas artísticas das décadas
de 1910 e 1920. Foi discípulo de Arturo Dazzi, que ofereceu a ele formação
técnica do modelado e dos princípios de anatomia humana e animal. Ainda no
período em que esteve em solo italiano, foi influenciado por escultores
pós-Auguste Rodin, como Ivan Meštrović e Émile-Antoine Bourdelle.
Pouco
depois de retornar ao Brasil, ao fim da Primeira Guerra Mundial, foi descoberto
por jovens futuristas, sedentos de modernidade da arte e da cultura. Di
Cavalcanti, Oswald de Andrade e Menotti Del Picchia ficaram encantados com a
modernidade de suas esculturas. Ao lado de Anita Malfatti, Brecheret passou a
ser considerado o precursor do Modernismo no Brasil e do pensamento vanguardista
que culminou na Semana de Arte Moderna de 1922, com a exposição de 20 esculturas
no saguão e nos corredores do Teatro Municipal de São Paulo.
Em
1921, o artista recebeu uma bolsa do Pensionato Artístico do Governo Paulista e
partiu para Paris, em um sonho, para se aprimorar tecnicamente para realizar o
Monumento às Bandeiras - concebido no ano anterior, apresentado até então
somente em maquete. No período em que esteve na Europa, o artista recebeu a mais
alta condecoração da República Francesa, o título de Cavaleiro da Legião de
Honra da França. A designação o colocou entre os mais importantes escultores
modernos e vanguardistas da época, principalmente aos olhos dos artistas e
intelectuais brasileiros.
A
encomenda da execução do Monumento às Bandeiras pelo Governo do Estado de São
Paulo veio apenas em 1936, após a derrota paulista diante da Revolução
Constitucionalista de 1932. O monumento exaltava um sentimento de orgulho
perante o Estado e as expedições
bandeirantes. O
artista dedicou-se à realização desse projeto por quase 20 anos, sendo
considerada sua maior obra, a qual foi finalizada em 1953, tornando-se um dos
ícones da cidade.
Em
1951, o artista foi premiado como o melhor escultor nacional na I Bienal do
Museu de Arte Moderna de São Paulo. Brecheret faleceu na cidade de São Paulo, em
17 de dezembro de 1955.
Clique
aqui para mais imagens. Serviço
Brecheret: Encantamento e ForçaVernissage: 8 de junho, das 19h às 22hPeríodo de exposição: de 8 de junho a 10 de julhoDe segunda a sexta das 10h às 18h, sábado das 10h às 13h
Dan Galeria
Rua Estados Unidos, 1638. Jardim Paulista
Telefone: (11) 3083-4600
Informações para a imprensa:
A4&Holofote
+55 (11) 3897-4122Cristiane Nascimento - cristianenascimento@a4eholofote.com.brNeila Carvalho – neilacarvalho@a4eholofote.com.br
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