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quinta-feira, 27 de julho de 2017

Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos

Essa é uma exposição que vale várias visitas, pois além de seu gigantismo, espalhada no quatro pisos da OCA, também uma magnífica obra de arte de Neimeyer, apresenta um belíssimo apanhado do que de bom se produziu nas artes plásticas brasileiras desde o descobrimento.

Com obras dos artistas  das missões estrangeiras, como as francesas, holandesas e alemãs, até aos nossos contemporâneos ainda vivos, podemos perceber o rigor com que todas essas preciosidades foram adquiridas para se montar essa coleção, que apesar de particular, já é um patrimônio nacional.

Essa coleção é em si uma enciclopédia de artes brasileiras pois seus curadores não demonstram predileção por nenhuma escola ou movimento artístico, tendo em seu acervo preciosos exemplos de tudo de bom que se produz ou se produziu por aqui.

Um lindo passeio que se completa com a visita ao MAM, onde ocorre a mostra "O impressionismo e o Brasil".



Tropicália - Caetano Veloso

Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do Itaú Cultural.


















Uma constelação da arte brasileira celebra os 30 anos do Itaú Cultural em mostra na Oca


No maior recorte do Acervo de Obras de Arte Itaú Unibanco exibido em conjunto até hoje, que vai da primeira obra adquirida por Olavo Egydio Setubal, no final dos anos de 1960, às novas aquisições para a coleção e a reconstrução da escultura pública de Ascânio MMM – retirada em 1989 pela prefeitura para manutenção, foi dada como irrecuperável e não voltou ao seu lugar –, a exposição Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos comemora três décadas de existência do instituto dedicadas às artes e à cultura brasileiras e dá visibilidade à cadeia de ações desempenhada pelo instituição desde a sua fundação, em 1987.


A exposição Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos, com abertura para convidados no dia 24 de maio e apresentação ao público de 25 de maio a 13 de agosto, ocupa os mais de 10 mil metros quadrados da Oca, um dos símbolos arquitetônicos de São Paulo, integrante do conjunto de instalações do Parque Ibirapuera, projetado por Oscar Niemeyer. Com curadoria de Paulo Herkenhoff, co-curadoria de Thais Rivitti e Leno Veras, realizada em colaboração com as equipes do instituto e expografia de Álvaro Razuk, a mostra apresenta ao público mais de 750 obras – 48 delas recém adquiridas – pertencentes ao Acervo
de Obras de Arte Itaú Unibanco.

Em 1969, o empresário Olavo Egydio Setubal adquiriu Povoado numa Planície Arborizada, do pintor holandês Frans Post, a primeira obra de um conjunto que atualmente soma cerca de 15 mil peças reunidas neste acervo mantido e gerenciado pelo Itaú Cultural – todas adquiridas com recursos próprios. Complementado pelas coleções de Arte Cibernética e Filmes e Vídeos de Artistas, formadas pelo instituto, hoje é tido como um dos maiores acervos corporativos do mundo e o maior da América Latina (leia mais aqui, Acervo). Alguns anos depois, em 1987, Setubal lançou a pedra base do projeto – as Galerias Itaú –, que se tornaria o Itaú Cultural, uma das mais importantes instituições culturais em atividade no país, com atuação nacional, respeitando e conferindo visibilidade à diversidade das expressões culturais em todo o território brasileiro.

Para reunir essa história que se mescla à da construção do Brasil, os curadores optaram por apresentar uma constelação de 20 núcleos a serem percorridos pelos visitantes, fazendo articulações e linhas de continuidade e ruptura entre eles. Os trabalhos permeiam os quatro andares da Oca, procurando estabelecer uma leitura ampliada do acervo. Sem seguir uma sequência cronológica e construindo nexos e diálogos diversificados entre as obras, o público é levado a descobertas estéticas, linguísticas, conceituais e políticas, dando indicações para que novos modos de ver a arte brasileira sejam construídos.

A exposição busca, ainda, dar visibilidade à cadeia de ações desempenhada pelo instituto nestes 30 anos: a formação de uma coleção, o registro de bens culturais, sua preservação e estudo e a difusão da cultura com a edição de publicações e a realização de debates, exposições e extensa programação. Elas perpassam a mostra, entre produções de obras selecionadas pelo programa Rumos, um dos principais editais de produção de arte e cultura no país, e a enciclopédia, que deu origem ao instituto e hoje se tornou o maior compêndio de arte e cultura brasileira na web, passando pelas atividades da instituição que abrangem as mais diversas áreas de expressão artística e cultural no Brasil.
Algumas obras
Entre as quase oito centenas de obras que podem ser vistas na exposição, as mais antigas, pela data, são dois mapas Jodocus Hondius: AmericaSeptentrionalis, de 1613, e Henricus Hondius: Accuratissima Brasiliae Tabula, de 1630, e seis livros raros Sebastiano Beretario: Iosephi Anchietatae Societatis Iesu Sacerdotis In Brasilia Defuncti Vita, de 1617, Nicolaus Orlandini: Historiae Societatis Iesv, de 1620, George de Spilbergen: Miroir Oost & West-Indical Auquel sont defcriptes les deux dernieres Navigations, de 1621, Sebastiano Beretario: Vita del Padre Gioseffo Anchieta, de 1621,  Guilhermo Piso, Georg Marcgraf: Indiae Utriusque, de 1648, e Simão de Vasconcellos: Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil, 1663. Todas provenientes da Coleção Brasiliana do Acervo de Obras de Arte Itaú Unibanco.

Há, também, trabalhos do pintor brasileiro Candido Portinari, considerado um dos mais importantes artistas nacionais do século XX, Emiliano Di Cavalcanti, a escultora Maria Martins, o artista Hélio Oiticica, o escultor ítalo-brasileiro Victor Brecheret e a artista Lygia Clark. Entre os modernistas estrangeiros está o pintor francês Fernand Leger.

Como um presente à cidade, a organização desta mostra proporcionou a reconstrução da escultura vertical sem título, com 5,35 metros de altura, de Ascânio MMM. O trabalho foi encomendado nos anos de 1970, quando Olavo Setubal era prefeito de São Paulo. Terminadas as obras do metrô Sé, ele criou, ao lado, uma área para reunir um conjunto de 15 esculturas de artistas renomados, como Sergio Camargo, Rubem Valentim, Felícia Leirner, além de Ascânio. Em 1989, a obra foi retirada para restauração pela prefeitura da época para manutenção, mas foi dada como irrecuperável e não voltou ao seu lugar (leia mais sobre o assunto, aqui, Obras de Ascânio MMM).

Modos de Ver o Brasil: Itaú Cultural 30 Anos inclui, ainda, peças significativas de artistas contemporâneos, como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes, Vik Muniz, Berna Reale, Jaime Lauriano, Ayrson Heráclito e Eder Oliveira. Destes últimos, algumas figuram entre as novas aquisições, como Bandeira Nacional # 10, Novus Brasilia Typus: invasão, etnocídio, democracia racial e apropriação cultural e Artefatos # (1, 2 e 3), de Lauriano, todas de 2016; quatro trabalhos da série Cabeças Bori, de Heráclito, ou duas sem título, de autoria de Eder Oliveira, ambas de 2015.
Os andares
O prédio da Oca, por sua arquitetura específica, no característico formato hemisférico, cria um espaço fluido, sem arestas, e, segundo a curadoria, permite que as diferentes visões criadas a partir dessa coleção possam conviver em pé de igualdade. A espiral que o percurso do prédio sugere ao visitante remete a uma trajetória em que não há ponto de chegada, mas sim uma relação de continuidade entre as temáticas e enfoques abordados.

São Paulo recebe o público no piso Térreo. Fotos e obras sobre a cidade, desde a sua fundação até trabalhos produzidos em 2017, convidam a um novo entendimento sobre a capital do estado e seus arredores, nos núcleos Esculturas, História, Paisagens, Urbanidade, Urbanismo, Modernismos, Concretistas. Mesclam-se, neste piso, temas como o início da vila, passando pela construção do interior do estado, com obras de Benedito Calixto ou telas sobre a era do café, de Cândido Portinari, e, mais recentemente, trabalhos de Caio Reisewitz, por exemplo.

O andar trata da modernidade, do concretismo, do neo-concretismo, da contemporaneidade – passado, presente e indicações para o futuro. Para isso, cruzam-se olhares de artistas como Militão, Joaquim Pedro, Mario de Andrade, assim como paisagens gerais de Alfredo Volpi, personagens de Almeida Junior, naturezas de Calixto. Mais próximas, fotos de indígenas feitas por Claudia Andujar, dos prédios da cidade, de Cláudia Jaguaribe, detalhes de edifícios, de Claudio Edinger, paisagens urbanas interpretadas nos grafites de Alexandre Órion, entre outros.

O subsolo guarda experimentos da arte brasileira, com os núcleos Cibernética Conceitual, Teoria dos Valores, Natureza, Subjetividade, Escritura e Gambiarra. Cildo Meirelles está neste piso, com a litografia sobre papel moeda Zero Cruzeiro. Além destes, o andar reúne um grande número de artistas que vão do pop Antonio Dias ou Antonio Henrique Amaral, a Beatriz Milhazes ou Berna Reale, em subjetividades, passando por Portinari, e os contemporâneos Iran Espírito Santo, Paulo Bruscky, Hélio Oiticia, Lygia Clark.

O primeiro andar se situa no pós-guerra (Segunda Guerra Mundial), um momento, segundo os curadores, em que um conjunto de questões aglutinaram os artistas brasileiros em torno das artes visuais. Os núcleos são: Geracional, Bidimensional – Regimes da Cor, Bidimensional – Geometria da Luz, Tridimensional. Estão aqui a primeira geração de cinéticos, como Abraham Palatnik, as cores de Amélia Toledo ou as gravuras de Maria Bonomi, em transversalidades por momentos históricos e ideias conceituais. Estão obras, ainda, de Ana Maria Maiolino, Antonio Manuel, José Resende, Paulo Pasta, Volpi e Maria Martins, entre outros.


No segundo piso e último, o passeio segue pela formação social do Brasil: o Barroco e Neo Barroco, tendo, igualmente, foco em duas passagens traumáticas da história brasileira – a escravidão e a conquista das terras indígenas. Aqui tem Aleijadinho e Mestre Valentim, mas também a contemporânea Adriana Varejão; ou, ainda, Albert Eckhout e Alberto da Veiga Guignard. Pode se ver, neste andar, um documento de venda de escravos ao lado da quantidade de moedas de ouro que representava o seu valor como mercadoria. É aqui que se concentra o núcleo afro-brasileiro, com 17 das obras recém adquiridas de artistas como Alcides Pereira dos Santos, Ayrson Heráclito e Jaime Lauriano.

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