Uma mostra que nos traz pinturas de várias fases do artista, com o tema comum das marinas, que é o lado mais conhecido de seu trabalho, explicado pela sua profunda ligação com o mar, pois foi marinheiro por quase vinte anos.
José Pancetti é um daqueles artistas que com poucos traços nos colocam dentro da cena, pois seu uso espetacular das cores nos transcende e enleva nelas.
Essa magnífica exposição da Galeria Almeida e Dale, com curadoria de Denise Mattar só reforça minha certeza de que eles são imprescindíveis na vida cultural brasileira, pois além de nos trazer tesouros poucas vezes vistos, o fazem de maneira impecável e surpreendente.
Um passeio imperdível, a ser feito com o necessário vagar para o pleno gozo dessas belezas.
Caetano Veloso - Os Argonautas
Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do evento.
Exposição
homenageia a obra do modernista José Pancetti
Em
cartaz na galeria Almeida e Dale, mostra apresenta cerca de 45 pinturas, entre
paisagens, retratos e naturezas-mortas
José
Pancetti: Oh! Bahia minha estrela, minha amada (1954)
Navegadores
antigos tinham uma frase gloriosa:"Navegar
é preciso; viver não é preciso".Quero
para mim o espírito [d]esta frase,transformada
a forma para a casar como eu sou:Viver
não é necessário; o que é necessário é criar
Fernando
Pessoa
Com curadoria de Denise Mattar, a mostra reúne cerca de 45 pinturas, agrupadas por temas, além de fotos, manuscritos e cartas. A última grande exposição dedicada ao artista foi realizada em 2002, no Museu de Arte da Bahia, com itinerância em outras capitais. Agora, quinze anos depois, o público poderá rever grande parte da produção do pintor como as famosas Marinhas, uma das facetas mais conhecidas de sua obra.
Pancetti trabalhou como marinheiro desde os 16 anos, tendo permanecido na profissão até os 34 anos. Sua proximidade com o mar é refletida em 25 obras da mostra, que reúne desde os primeiros quadros do artista, que retratam barcos e construções, até obras do fim de sua vida, registros que se aproximam da abstração, reduzidos à areia, à luz e ao mar. Cabo Frio, Itanhaém e Arraial do Cabo são alguns dos destinos representados por Pancetti, atento às sutilezas de cada local.
Para o crítico de arte Frederico Moraes, a obra do modernista é marcada por uma constante sobriedade aliada ao lirismo. "A pintura de Pancetti é como um convés de navio, curtida de sol e sal. Não enferruja. Honesta, limpa, econômica, direta, austera, quase seca, mesmo quando a cor se expande e o gesto abriga a emoção. Não há nele nem o supérfluo, nem o desperdício".
Essa aridez aparece na série de paisagens urbanas, produzidas no começo da carreira do artista, na década de 1940. As obras retratam lugares fechados, como pátios ruas e becos, sempre com cores escuras. Predomina um sentimento de melancolia e sufocamento associado à vida nas grandes cidades. Nessas paisagens e também em algumas naturezas-mortas, é possível identificar a influência de mestres como Paul Cézanne (1839-1906) e Henri Matisse (1869-1954).
Sua paleta adquiriu tons mais coloridos quando passou a viver em Salvador, em 1950, ano no qual participou da Bienal de Veneza. Para a curadora Denise Mattar, a mudança de cidade foi um ponto de ruptura em sua carreira: "A ida de Pancetti para a Bahia modificou sua personalidade e sua obra, a alegria tornou o artista mais doce, e ele explodiu em cores quentes e fortes. Sem estar preocupado com uma brasilidade teórica, Pancetti retratou como ninguém a nossa gente, a nossa luz e o nosso mar".
As cores quentes aparecem ainda nos vários retratos que o modernista produziu em sua vida. Crianças, lavadeiras e prostitutas foram alguns dos grupos que ele pintou, homenageando a classe popular da qual se sentia parte. Para o crítico de arte Marc Berkowitz, esse encanto pela simplicidade também aparece na própria concepção do trabalho: "Pancetti não ligava à moda, ou aos "ismos", ele fazia sua pintura, como ele a entendia, com aquela integridade tão típica dele".
A exposição também apresenta seus famosos autorretratos, aos quais o artista atribuía múltiplas personalidades: marinheiro, camponês, almirante, pescador. Nessas pinturas, Pancetti sempre aparece de perfil, ora em tons dramáticos, ora engraçados. "O artista se arriscava ardorosamente, pintando suas fantasias e investindo-se de diferentes personalidades, dando a cada uma dessa personas diferentes densidades psicológicas", pontua a curadora.
No dia 11 de novembro, a galeria lança o catálogo de Pancetti - Navegar é Preciso como ação do Art Weekend - evento que promove circuitos entre galerias, que estendem o seu horário de funcionamento no fim de semana, apresentando ao público uma série de atividades paralelas às mostras em seus espaços.
Em cartaz até 9 de dezembro, a exposição se insere em um projeto maior da galeria de enfatizar a produção de grandes nomes da arte brasileira, como nas exposições já realizadas de Raimundo Cela, Ernesto de Fiori, Di Cavalcanti, Ismael Nery, entre outros. Na atual mostra, a galeria homenageia a obra singular de Pancetti, artista que possuía grande identificação com a paisagem e o povo brasileiro.
Para imagens, por favor clique aqui.
Pancetti - Navegar é Preciso
Local: Galeria Almeida e DaleAbertura: 17 de outubro, a partir das 17h30 às 22h
Período expositivo: de 18 de outubro a 9 de dezembro
Lançamento do catálogo: 11 de novembro, das 10h às 14h
Endereço: Rua Caconde, 152, São Paulo, SP
Visitação: de segunda a sexta, das 10h às 18h; sábados, das 10h às 13h
Telefone: 11 3882-7120
Assessoria de imprensa:
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Neila Carvalho - neilacarvalho@a4eholofote.com.br
E essa mostra está muito bem representada. Trabalhos de boas fases dele.
ResponderExcluirGrande abraço!