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quarta-feira, 24 de março de 2010

A Expedição Langsdorff

Uma belíssima exposição levada no CCBB, daquelas de lavar a alma, e nos fazer perder a noção do tempo enquanto admiramos as aquarelas e desenhos feitos pelos integrantes da expedição.
São obras magníficas, ainda mais quando sabemos em que condições que foram criadas; passados séculos de sua confecção ainda nos trazem a exuberância das cenas mostradas.
Ela nos apresenta a ciência e as artes a serviço do conhecimento, onde estes desbravadores correram riscos imensos para trazer à luz um mundo desconhecido.
O colorido das aquarelas é arrebatador, muito próximas às cores reais, nos transportando ao momento e ao local da sua criação.
Quanto aos mapas, apesar do rigor técnico existente na época, logo nos desinteressa, pois estão no alfabeto cirílico e não conseguimos identificar as localidades mostradas, mesmo quando são comparados com imagens do Google Earth, numa ótima idéia dos curadores.



Sonata in Dm,BWV 527-Vivace - J.S. Bach


As duas primeiras imagens foram fornecidas pela Assessoria de Imprensa do CCBB, e estão carregadas em alta definição, as seguintes colhidas na internet, e na seqüencia o "press-release" copiado na integra, que nos traz todas as informações sobre a expedição e seus integrantes.

















Exposição “Expedição Langsdorff”, uma viagem ao interior do Brasil do início do século XIX,

abre dia 23 de fevereiro no

Centro Cultural Banco do Brasil em São Paulo

A seleção de obras, trazidas de São Petersburgo, apresenta 120 desenhos e aquarelas de Rugendas, Taunay e Florence, a maioria inéditos no Brasil, confeccionados durante a expedição comandada pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff

Com entrada franca, a mostra também apresenta 36 mapas originais do cartógrafo Néster Rubtsov, que serão exibidos no Brasil pela primeira vez

Entre 1821 e 1829, uma expedição russa comandada pelo barão Georg Heinrich von Langsdorff percorreu as então províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Pará. Com o objetivo de promover "descobertas científicas, investigações geográficas, estatísticas e o estudo de produtos desconhecidos no comércio”, a expedição foi patrocinada pelo Tzar russo Alexandre I e contou com a participação de vários artistas, botânicos, naturalistas e cientistas.

A partir de 23 de fevereiro, o Centro Cultural Banco do Brasil – CCBB – reproduz essa aventura em terras brasileiras na exposição Expedição Langsdorff. Com curadoria do russo Dr. Boris Komissarov (pesquisador e professor da Universidade de São Petersburgo) e de Ania Rodriguez Alonso e Rodolfo de Athayde (curadores da exposição Virada Russa, em 2009), a mostra fica em cartaz no CCBB São Paulo até 25 de abril e segue posteriormente para o CCBB Brasília e o CCBB Rio de Janeiro.

As vicissitudes encontradas no trajeto, especialmente as doenças tropicais, não impediram a produção de mais de duas mil páginas de anotações manuscritas, diários, desenhos, aquarelas e registros cartográficos, que, encaminhada à Rússia, ficou desaparecida até 1930, quando foi encontrada nos porões do Museu do Jardim Botânico de São Petersburgo.

A mostra reúne 120 desenhos e aquarelas de Johann Moritz Rugendas, Aimé-Adrien Taunay e Hercules Florence, pertencentes ao Arquivo da Academia de Ciências de São Petersburgo, na Rússia. Durante os quase 17 mil quilômetros percorridos pela expedição, os artistas retrataram paisagens e cenas da flora, fauna e da população brasileira. A seleção de obras também traz pela primeira vez no país uma coleção de 36 mapas e plantas originais do cartógrafo Néster Rubtsov, todos integrantes do acervo do Arquivo Naval Russa.

Para Marcelo Mendonça, diretor do CCBB São Paulo, ao patrocinar a mostra “Expedição Langsdorff",o Banco do Brasil permitirá que visitantes de todas as idades, mas especialmente crianças e adolescentes, reflitam sobre as mudanças ocorridas em nosso país nesses dois séculos que separam o início da expedição dos dias de hoje".

A EXPOSIÇÃO ANDAR A ANDAR

Ocupando o piso térreo e as salas do 1º, 2º e 3º andares do CCBB, a exposição será dividida em cinco núcleos – das então províncias do Rio de Janeiro, Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso e Pará.

No térreo, além de um grande painel com o mapa da expedição, será exibido um diorama (modo de apresentação artística de cenas estáticas) baseado na obra de Taunay, retrata a província de Mato Grosso, com suas florestas, rios e população indígena.

No primeiro andar, haverá uma linha do tempo, que contextualizará a expedição Langsdorff em diferentes planos, como história, artes e ciências, além de terminais de consultas, que apresentarão virtualmente outros 248 desenhos produzidos durante expedição, também pertencentes ao acervo da Academia de Ciências de São Petersburgo.

No segundo andar, um diorama apresenta uma cena ficcional, com Langsdorff, Taunay, Rugendas e Florence descansando no interior de uma cabana. A sala traz obras de três províncias.

São Paulo foi retratada por Aimé-Adrien Taunay com obras como “Vestimentas de São Paulo” (1825), “Rio Cubatão perto de Santos” (1825) e “Convento dos Capuchinos em Santos” (1825). Entre os mapas de Rubtsov, a “Planta do porto de Santos” (1825) e o “Mapa da entrada do porto de Santos” (1825).

A seção da província de Mato Grosso traz obras de Adrien-Aimée Taunay e Hercules Florence. De Taunay,Cerca de cactos e bananeiras denominadas da terra” (1827), “Interior de uma cabana dos índios Borôro” (1827) e “Índio da Chapada” (1827). De Florence, “Araticum” (1827) e “Índio da Chapada Guimarães” (1827) entre outras. Entre os mapas de Rubstov, estão plantas da cidade de Poconé e Maria.

Ainda no segundo andar, a província do Pará, com obras de Hercules Florence, como “Mulher e criança Manduruku” (1828) e “Vista de Santarém sobre o Tapajós” (1828) e mapas de Rubstov, como o do trajeto entre Diamantino até Pará.

No terceiro andar, serão expostas obras das províncias do Rio de Janeiro e de Minas Gerais assinadas por Johann Moritz Rugendas. Do Rio, “Vista do Vale denominado Laranjeiras e montanha do Corcovado” (1822-1824), “Em Tamariti” (1822-1824) e “Sagüi-de-cara-branca” (1823). De Minas, “São João d´El Rey” (1824), “Cidade de Mariana” (1824) e “Ouro Preto” (1824) entre outras. Mapas confeccionados por Nester Rubstov das duas províncias também serão expostos, como a “Planta da cidade de Nova Friburgo” (1822) e “Mapa da viagem, da aldeia Presídio até a cidade de Vila Rica” (1824).

Projeto educativo

Arte-educadores serão responsáveis pela mediação entre as obras da exposição e o público visitante, com distribuição de material didático. Haverá horários exclusivos para escolas e grupos por meio de agendamento prévio.

Os personagens dessa aventura

Barão Langsdorff Georg Heinrich von Langsdorff nasceu na Alemanha, em 1774. Formou-se em medicina e em 1802, se juntou a uma expedição russa pelo globo terrestre que o trouxe ao território brasileiro pela primera vez. Se estabeleceu na Rússia, onde se naturalizou. Foi eleito membro da Academia de Ciências de São Petersburgo e nomeado pelo czar Alexandre I cônsul-geral no Rio de Janeiro, onde chega em 1813. Voltou à Rússia para apresentar ao czar seu projeto de viagem científica pelo interior brasileiro a fim de obter financiamento, o que se efetivou em 27 de junho de 1821. Langsdorff partiu com a expedição em 1824, rumo à província de Minas Gerais. No último trecho da viagem, ao longo do rio Juruena, Langsdorff adoeceu gravemente, perdendo a consciência de si. Junto ao restante da expedição, retornou ao Rio de Janeiro em março de 1829, de onde partiu definitivamente para a Europa. Sem se recuperar completamente da doença, Langsdorff morre em 1852, em Freiburg, no sul da Alemanha.

Johann Moritz Rugendas Rugendas nasceu em 1802, em Augsburgo, na Baviera. Cursou a Academia de Belas-Artes de Munique, especializando-se na arte do desenho. Aos 18 anos, assinou contrato para participar como desenhista na expedição Langsdorff, chegando ao Brasil em 1822. O artista acompanhou a excursão à província de Minas Gerais, mas em 1825 abandonou o grupo por conflitos com Langsdorff. Levando consigo cerca de 500 aquarelas produzidas ao longo do trajeto, contra o acordo estabelecido no contrato, Rugendas seguiu viagem pelo Brasil por conta própria. Em 1825, retornou à Europa, onde publica, dez anos mais tarde, grande parte de seus trabalhos produzidos durante e após a expedição. O artista voltou à América, se estabelecendo no México, onde introduziu o romantismo na pintura. Visitou o Chile, Argentina, Peru, Bolívia e Uruguai, ocupando lugar de destaque no imaginário visual dos países americanos. Rugendas morre em Weilheim, na Baviera, no ano de 1858.

Aimé-Adrien TaunayNascido em Paris, em 1803, Taunay chegou ao Brasil com 15 anos de idade, acompanhando o pai, Nicolas Antoine Taunay, membro da Missão Artística Francesa. Após a saída de Rugendas da expedição Langsdorff, Taunay foi contratado como primeiro-desenhista, em 1825, e acompanhou Langsdorff ao longo das viagens de São Paulo ao Mato Grosso, fixando-se em Cuiabá por quase um ano. O grupo se dividiu em outubro de 1827 e Taunay seguiu sob direção do botânico Ludwig Riedel. Ambos partiram de Cuiabá para Vila Bela da Santíssima Trindade para, dessa cidade, darem início à navegação até o Amazonas. Dramaticamente, Taunay morre afogado em janeiro de 1828, na tentativa de cruzar o rio Guaporé.

Hercules Florence Florence nasceu em Nice, em 1804. Desde jovem, demonstrava interesse pelas artes e ciências. Chegou ao Rio de Janeiro em 1824 e trabalhou em uma livraria e tipografia até se candidatar a segundo-desenhista para a expedição Langsdorff, na qual ingressou em 1825. Em seus diários, registrou em detalhes suas impressões da viagem, ilustradas por aquarelas e desenhos. Após a morte de Taunay, Florence se destacou como principal artista nos momentos finais da viagem. Além de suas ousadas experiências em pintura, ele foi o pioneiro do jornalismo paulista e, como físico e químico, obteve resultados com experimentos de fixação da imagem em 1833, cerca de seis a oito anos antes de Daguerre, Talbot e Niepce. Florence não apenas executou um grande número de desenhos durante a expedição, de 1825 até 1828, mas também catalogou a coleção das obras deixadas por Rugendas e Taunay. A publicação de seus diários, na França e no Brasil, ocorreu em 1875 e 1876. Após o término da expedição e o retorno ao Rio de Janeiro, o artista se fixou no Brasil e se estabeleceu na Vila São Carlos (atual Campinas), onde se casou e constituiu família, morrendo em 1879.

Néster Gavrílovitch Rubtsov Nascido em 1799, Rubtsov se graduou pela Escola de Navegação da Frota do Báltico e foi recomendado a Langsdorff por um amigo. Chegou ao Brasil em maio de 1822, contratado como responsável pelas observações astronômicas e magnéticas durante a expedição. Também estava destinado ao encargo de confecção dos mapas e plantas das regiões visitadas, tendo à disposição um excelente conjunto de instrumentos astronômicos de fabricação inglesa. Rubtsov foi o braço direito de Langsdorff durante a expedição. Primeira experiência de extenso mapeamento de área do território brasileiro, os mapas de Rubtsov contêm uma quantidade enorme de informações que podem ser utilizadas em diversos ramos do conhecimento. Após seu retorno à Rússia, Rubtsov assumiu a direção do Arquivo do Departamento Hidrográfico do Ministério da Marinha em 1837. Rubtsov faleceu em São Petersburgo em 1874.

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