Quando recebi as imagens e o release desta mostra, senti que as gravuras tinham um sentido heráldico, quase como brasões, que registram toda a nobreza intrínceca das tradições de um povo, de suas raízes.
Com vários elementos da arte popular, que quando juntos nos arranjos apresentados, elevam as obras a uma categoria superior, que mostra que o artista teve uma severa educação formal, tendo estudado com os próceres da gravura brasileira.
Um artista consagrado ainda em vida, longeva, que pode colher os frutos de seus estudos e trabalhos.
Os cortes precisos nas matrizes até parecem ter sido desenhados por instrumentos, principalmente nas filigranas, imagino que houve o uso régua, compasso e até de carimbos.
Há que se destacar também a precisão da aplicação das diversas cores dentro de uma mesma matriz, o resultado final não apresenta nenhum borrão ou falha de impressão.
Depois de algumas pesquisas, descobri que as minhas impressões tinham sentido, pois o artista fez, ou faz, parte do Movimento Armorial, criado por Ariano Suassuna, que buscava criar uma arte erudita partindo de elementos populares.
A música escolhida para acompanhar esse comentário é de um grupo que tem no seu nome a essência do movimento.
Apesar de estarem somente 16 gravuras em exposição, a distribuição dentro do espaço permite seu pleno desfrute. Fiquei encantado com as instalações da Galeria Estação, que encontrou seu nicho, dentro da arte popular brasileira.
Baque de Luanda - Quinteto Armorial
Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do evento.
SAMICO
NA GALERIA
ESTAÇÃO
Abertura: 26 de
junho, às 19h – até 31 de agosto de 2012
O artista
pernambucano virá a São Paulo para inaugurar esta exposição na Galeria Estação,
que reúne 16 de suas gravuras, realizadas de 1992 a 2011, e duas matrizes entintadas
para que o público aprecie seu apurado processo de trabalho. Criador de uma obra
singular, Gilvan Samico no entalhe da madeira faz multiplicar reinados humanos e
animais, oníricas composições que, desdobradas em séries de xilogravuras, o
inscreveram como um dos grandes mestres da arte
brasileira.
Com sua obra
produzida em sua casa ateliê em Olinda, o integrante do Movimento Armorial,
idealizado por Ariano Suassuna, destaca-se ainda no panorama da gravura por ser
um dos raros artistas que desenha, grava e imprimi manualmente seu trabalho.
“Sonho, delírio e poesia”, como definiu Ferreira Gullar a obra do gravador, são
construídos com tamanho rigor técnico que cada cor para ser impressa em apenas
um exemplar leva não menos de duas horas. Personagens bíblicos ou provenientes
de lendas e narrativas locais, assim como animais fantásticos e míticos, marcam
a produção do artista na qual erudição emerge da cultura
popular.
Segundo Weydson
Barros Leal, que escreve o texto do catálogo da exposição, as imagens criadas
por Samico, minuciosamente gravadas na madeira e impressas no papel, são
registros de um mundo particular que ao mesmo tempo é íntimo e universal, e por
isso também humano. “Esse humanismo refletido em símbolos e figuras, será mais
claro ou menos distante para aqueles que o reconhecerem com o pensamento
sensível, muito antes do mero arcabouço erudito (...) erudição depositada em
cada traço do desenho, escondida sob a tinta preta ou nas cores que se abrem
como frases sublinhadas para clarear um sentido”, completa.
Gilvan Samico (1928, Recife, PE) fundou em
1952 juntamente com outros artistas, o Ateliê Coletivo da Sociedade de Arte
Moderna do Recife - SAMR, idealizado por Abelardo da Hora desde 1924. Em 1957
estuda xilogravura com Lívio Abramo na Escola de Artesanato do Museu de Arte
Moderna de São Paulo - MAM/SP, e, no ano seguinte com Oswaldo Goeldi, na Escola
Nacional de Belas Artes no Rio de Janeiro.
Em 1965, fixa
residência em Olinda.
Leciona xilogravura na Universidade Federal da Paraíba - UFPA.
Em 1968, com o prêmio viagem ao exterior obtido no 17º Salão Nacional de Arte
Moderna, permanece por dois anos na Europa. Em 1971, é convidado por Ariano
Suassuna a integrar o Movimento Armorial, voltado à cultura popular nordestina e
à literatura de cordel.
Na abertura da
exposição, será vendido pela WMF Martins Fontes o livro Samico, com texto
do crítico Weydson Barros Leal, prefácio de Ariano Suassuna, Editora Bem-Te-Vi,
96 páginas, R$ 190,00. (Após a abertura da exposição, pode ser encontrado na
Livraria Martins Fontes – Av. Paulista, 509 (em frente ao Metrô Brigadeiro),
Tel. (11) 2167-9900 – www.martinsfontespaulista.com.br)
Exposição: SAMICO
Abertura: 26 de
junho, às 19h (convidados)
Até 31 de
agosto de 2012, de segunda a sexta, das 11h às 19h, sábados das 11h às 15h -
entrada franca.
Galeria
Estação
Rua Ferreira de Araújo, 625 – Pinheiros SP
Fone: 11.3813-7253
Informações à
Imprensa
Pool de
Comunicação – Marcy Junqueira
Contatos: Marcy
Junqueira e Martim Pelisson
Fone: 11.
3032-1599
Muito interessante as Gravuras, também não conhecia.
ResponderExcluirMaca, esmerada escrita, merecida dedicatória!
ResponderExcluirA tua escolha musical também deu um toque popular à erudição da obra, fechando bem com a proposta do Movimento!
Bj
... lindas gravuras... emocionante... Macário, obrigado por este visual! abços...
ResponderExcluirOlá Fausto.
ExcluirRealmente os trabalhos são muito bonitos e há galerias aqui em São Paulo que ainda tem essas gravuras para venda, que agora, imagino dobraram de preço.
Obrigado pela visita.
Abraços.