Além da importância histórica, a beleza das imagens valem a incrível sensação do "já te vi", permeada de enorme satisfação.
Apesar de já ter acabado há 38 anos, trago viva em minha memória a expectativa de ter a revista em mãos, quase sempre no salão de barbeiro, não só pelas reportagens ou também e principalmente pela página do Amigo da Onça, do cartunista Péricles.
Podem criticar, atacar e até tentar diminuir a importância de Assis Chateaubriand na formação do imaginário e do pensamento do povo brasileiro, mas para o bem ou para o mal, ele deixou sua marca.
É incrível escutar os comentários de pessoas de novas gerações, que estão a anos-luz do auge da revista, que mostram a impressão que elas tem de que a revista praticava um jornalismo "chapa-branca". Ledo engano, "Chateau" mandava nos poderes constituídos, ele é quem elegia o homem da vez.
Uma belíssima exposição a ser vista com atenção e vagar, deixando-se levar pela fotos de qualidade superior.
Copacabana - Dick Farney
Abaixo das imagens, o "press-release" fornecidos pela assessoria de imprensa do IMS.
Museu de Arte de São Paulo, 1950 São Paulo, SP
Acervo Jornal
Estado de Minas/O Cruzeiro/Roberto Maia
Carrancas de proa, c. 1943 - Rio São Francisco
Marcel
Gautherot/Acervo Instituto Moreira Salles
Índio Iaualapiti,
1949 - Serra do Roncador
José Medeiros/ Acervo Instituto Moreira
Salles
O presidente Getúlio Vargas
escreve no gabinete, década de 1940
Jean Manzon / CEPAR
Consultoria
Carmem Miranda, década de
1940
Jean Manzon/ Acervo
CEPAR Consultoria
Instituto
Moreira Salles de São Paulo abre exposição As
origens do fotojornalismo no Brasil: um olhar sobre O Cruzeiro (1940-1960)
Mostra reúne imagens
de grandes fotógrafos que trabalharam para a revista, como Jean Manzon, José
Medeiros, Luciano Carneiro, Peter Scheier, Marcel Gautherot, Pierre Verger, Flávio
Damm, Luiz Carlos Barreto e Henri Ballot
O Instituto Moreira Salles de São Paulo abre em
22 de novembro, às 19h30, a exposição As origens do fotojornalismo no Brasil: um
olhar sobre O Cruzeiro (1940-1960), com mais de 400 imagens e matérias que
revelam a história da principal revista ilustrada brasileira do século XX, e que
foi decisiva para a implantação do fotojornalismo no país. A exposição tem como
fio condutor a relação entre as imagens produzidas pelos fotógrafos e as
fotorreportagens tal como foram publicadas. Essa abordagem tem como foco as
décadas de 1940 e 1950, período de maior atividade e difusão da revista. A
curadoria da mostra é da professora e curadora do Museu de Arte Contemporânea da USP, Helouise
Costa, e de Sergio Burgi, coordenador de fotografia do Instituto Moreira
Salles. A mostra ficou em cartaz no IMS-RJ entre julho e outubro deste ano e
segue para Poços de Caldas depois de passar por São Paulo.
Na exposição, serão apresentadas algumas das
contribuições de Jean Manzon, José Medeiros, Peter Scheier, Henri Ballot,
Pierre Verger, Marcel Gautherot, Luciano Carneiro, Salomão Scliar, Indalécio
Wanderley, Ed Keffel, Roberto Maia, Mário de Moraes, Eugênio Silva, Carlos
Moskovics, Flávio Damm e Luiz Carlos Barreto. Muitas das imagens pertencem
ao acervo IMS. Outras foram cedidas por outros arquivos: jornal Estado de
Minas, Fundação Pierre Verger, APESP (Acervo Público do Estado
de São Paulo), Coleção Samuel Gorberg e
os acervos pessoais de Luiz Carlos Barreto e Flávio Damm.
Publicada pelos Diários Associados, empresa
de comunicação pertencente a Assis
Chateaubriand, a revista O
Cruzeiro foi lançada em 1928 como uma publicação semanal de variedades, de
circulação nacional. Tornou-se um dos mais influentes veículos de comunicação
de massa que o país já conheceu. No início da década de 1940, incorporou o
modelo da fotorreportagem, tornando-se pioneira na implantação do
fotojornalismo no Brasil.
Como afirmam os curadores, “o período da
Segunda Guerra Mundial foi marcado por transformações sociais profundas que
colocaram questões éticas contundentes no terreno da política de maneira geral
e no campo da fotografia em
particular. Uma das consequências foi a disputa entre duas
diferentes concepções de fotojornalismo, materializada no cenário internacional
a partir da fundação da Agência Magnum em 1947, e que teria forte repercussão
na revista O Cruzeiro. De um lado
situavam-se os fotógrafos integrados às condições do mercado, que entendiam que
suas fotografias deveriam atender às demandas do sistema de comunicação de
massa para conquistar o público. De outro, os fotógrafos que defendiam uma
abordagem humanista do fotojornalismo e buscavam produzir um tipo de fotografia
de cunho autoral comprometida com certas causas ou, no mínimo, menos
sensacionalista. O que unia essas duas tendências era o grande domínio do
código fotográfico e a utilização de uma linguagem moderna”.
A exposição busca também refletir sobre o
conceito de fotojornalismo. Em geral busca-se defini-lo como sendo o uso de
fotografias e textos relacionados para representar acontecimentos da atualidade
de acordo com certas estruturas narrativas. Esse critério, no entanto, diz
respeito somente ao contexto de apresentação das imagens. Para compor a mostra
em cartaz no IMS-SP, o fotojornalismo foi considerado pelos curadores como uma
forma de representação social historicamente determinada e, portanto, em
constante transformação. Um fenômeno ativo da vida social, conformador de
visões de mundo e orientador das atitudes de indivíduos. No caso de O Cruzeiro, a exposição busca entender o
seu papel social nos anos de 1940 e 1950 no Brasil. O questionamento do papel
social do fotojornalismo e dos limites éticos de atuação dos profissionais da
área tornou-se possível no Brasil a partir do término da Segunda Guerra, do fim
do Estado Novo em 1945 e da abertura política daí decorrente. O advento de um
fotojornalismo mais ágil e participativo, em contraposição ao encenado
praticado por Jean Manzon, ganharia força na revista O Cruzeiro, a partir de então, pelo empenho de fotógrafos como José
Medeiros, Luciano Carneiro, Flávio Damm, Luiz Carlos Barreto e Eugênio Silva. A
saída de Jean Manzon da revista em 1951 iria contribuir para consolidar essa
nova orientação. No lugar de uma fotografia posada e essencialmente simbólica,
impunha-se agora uma fotografia mais espontânea, baseada nos princípios da
veracidade. Tratava-se de uma mudança de paradigma, cujas causas não se
encontram na fotografia, nem muito menos na mídia, mas no investimento coletivo
da sociedade brasileira em se reconhecer ou não em determinados tipos de
representação.
Temas da exposição:
Em As origens do fotojornalismo no Brasil: um
olhar sobre O Cruzeiro (1940-1960) será possível reconhecer os
principais temas recorrentes nas páginas da revista ao longo das duas décadas
analisadas. As informações abaixo, extraídas dos textos dos curadores da mostra,
resumem cada um deles.
- A
temática indígena:
o índio é uma constante nas fotorreportagens de O Cruzeiro. Inaugurado em 1944 pela fotorreportagem de Jean Manzon
e David Nasser sobre uma comunidade xavante nunca antes contatada, o tema do
índio ganharia, nos anos seguintes, a contribuição de outros fotógrafos, em
especial de José Medeiros e Henri Ballot.
- A imprensa e
o sistema de arte:
a virada das décadas de 1940 e 1950 no Brasil foi marcada pela fundação de importantes
instituições culturais, como o Masp (1947), em São Paulo , e o MAM do
Rio de Janeiro (1948). Embasados no discurso da democratização da arte, esses
empreendimentos foram resultado da iniciativa privada. Quando Assis
Chateaubriand criou o Masp, estabeleceu um estreito vínculo entre a dinâmica do
sistema de arte local e os interesses da indústria de comunicação de massa. Não
por acaso, O Cruzeiro publicaria
constantemente fotorreportagens sobre o museu.
- A
política na fronteira entre o público e o privado: os vínculos de Getúlio Vargas com O Cruzeiro remontam ao pedido de auxílio
financeiro feito por Assis Chateaubriand, no final dos anos 1920, para o
lançamento da revista. Vislumbrando os benefícios que poderia obter com a
publicação, o então ministro da Fazenda intermediou a cessão dos recursos
solicitados em troca de apoio político. Dali por diante, as relações de O Cruzeiro com Vargas seriam
caracterizadas pela instabilidade. As matérias sobre o político gaúcho iam da
adesão irrestrita aos ataques diretos, passando por momentos de apoio tácito.
- Faits divers e fotorreportagens seriadas
– entre a notícia e a ficção: um dos muitos recursos utilizados pelas
revistas ilustradas para atrair o interesse dos leitores era a publicação de
reportagens ligadas ao universo dos chamados faits divers. O termo, de origem francesa, foi incorporado ao
vocabulário do jornalismo para se referir a reportagens sobre temas que não se
enquadram nas editorias tradicionais e têm pouca relevância social e política.
A revista O Cruzeiro abriu um amplo
espaço aos faits divers em suas
fotorreportagens. Nessa linha investiu também em reportagens seriadas de média
ou longa duração. Entre as séries mais conhecidas podemos citar o Crime do
Sacopã ou o Casamento da índia Diacuí. As séries estimulavam o consumo regular
da revista e induziam o público a colecioná-la.
- Fotojornalismo, arquivo e memória: O legado do
fotojornalismo no Brasil ainda está longe de ser efetivamente conhecido. Embora
se constitua em um certo relato sobre a atualidade, ele não pode considerado um
simples suporte de informações objetivas. O fotojornalismo moderno produzido no
Brasil entre os anos de 1940 e 1950 apresenta-se hoje como um passado distante,
cujos vestígios estão abrigados em arquivos públicos e privados, de naturezas e
proveniências diversas. É necessária uma reflexão sobre a importância dos
arquivos gerados pelo fotojornalismo e sobre as indicações que oferecem para
melhor compreendermos a complexidade histórica de sua prática.
As origens do fotojornalismo no Brasil: um
olhar sobre O Cruzeiro (1940-1960)
Abertura: 22 de
novembro de 2012, às 19h30
Exposição: de 23 de novembro de 2012 a 31 de março de 2013
De terça a sexta, das 13h às 19h
Sábados, domingos e feriados, das 13h às 18h
Entrada franca
Classificação livre
Instituto Moreira
Salles – São Paulo
Rua Piauí, 844, 1º andar, Higienópolis
Tel.: (11) 3825-2560
Informações para a imprensa:
Vocês são felizardos por aí. Tanta coisa boa pra ver... Lindas fotos e obrigado pela partilha da matéria!
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