Uma belíssima exposição, mas não tão magnífica como quis fazer parecer o Secretário Municipal da Cultura , Carlos Augusto Calil, quando disse que essa é a maior e mais importante mostra de fotografias brasileiras já exibida no nosso país.
Descontado o exagero, a importância desta exibição é apresentar fotos de diversos períodos da nossa história, desde 1833 até ao ano 2003, quando foram comemorados os 170 anos de fotografia no Brasil. O Instituto Moreira Salles já apresentou mostras inesquecíveis como "O Brasil de Marc Ferrez" no SESI, "Panoramas: a paisagem brasileira no acervo do IMS", "As construções de Brasília", entre outras tantas, como também "Família Ferrez: Novas revelações", essa sob o patrocínio da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo. Todas elas retratando lugares e acontecimentos históricos.
Sem se concentrar em um artista específico, os trabalhos estão agrupados por períodos históricos, tentando abranger fatos e lugares marcantes a cada época. Mas como temos um país de extensão continental e uma história riquíssima, muita coisa ficou de fora e espero que não esquecidas e sim guardadas para para projetos futuros.
Que boa sensação é o estímulo da memória ao ver essas fotos, pois além de imagens de fatos que fomos contemporâneos ou que presenciamos, há aqueles que estão em nosso inconsciente, que seu conhecimento colaborou na nossa formação.
Que as crianças cantem livres - Taiguara
Abaixo das imagens, o "press-release" fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto Tomie Ohtake.
Zig Koch, Fortaleza N. S. dos Prazeres Ilha do Mel, Paraná, 2000, Processo comógeno, 46.5X70.5cm
Jean Manzon, A melhor vista do Rio, Rio de Janeiro, sem data
João Musa, Pantanal Mato Grosso do Sul, 1988, Gelatina prata tonalizada, 34.9x35.1cm, Acervo do auto
Luiz Carlos Barreto, Assis Chateaubriand e Adolpho Bloch, Rio de Janeiro, 1962, Acervo do autor
Orlando Brito, Pátria Amada, Brasília, 1991, publicado na revista Veja
Luiz Carlos Barreto, Assis Chateaubriand e Adolpho Bloch, Rio de Janeiro, 1962, Acervo do autor
Orlando Brito, Pátria Amada, Brasília, 1991, publicado na revista Veja
INSTITUTO TOMIE OHTAKE E FUNDACIÓN MAPFRE
APRESENTAM
Um Olhar
sobre o Brasil. A
Fotografia na construção da Imagem da Nação
Abertura: 12 de novembro
de 2012 - até 27 de janeiro de 2013
Com
mais de 400 imagens vindas de diferentes acervos públicos e coleções privadas, a
FUNDACIÓN MAPFRE, em parceria com Instituto Tomie Ohtake, realiza a exposição
“Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia na construção da Imagem da Nação”. O projeto inédito, de pensar 170 anos
de história do país (1833-2003) a partir do registro fotográfico, tem curadoria
do especialista em história da fotografia Boris Kossoy e curadoria adjunta da
antropóloga e historiadora Lilia Moritz
Schwarcz.
Com
cenografia assinada por Daniela Thomas e Felipe Tassara, a mostra percorre
caminhos de luz e sombra, costurando história e iconografia. Tomando como ponto
de partida o momento próprio de invenção da técnica fotográfica, a exposição
revisita o olhar “científico” que guiava as expedições estrangeiras, o gosto de
D. Pedro II pelo novo suporte e os registros de revoltas populares como a de
Canudos, até chegar à grande multiplicação de temas, ângulos, acontecimentos e
reviravoltas que compuseram o longo século 20.
Graças à ampla pesquisa
empreendida pela equipe curatorial, cada uma das fotografias é apresentada
acompanhada por um pequeno texto, sua micro-história, com informações que vão
muito além da tradicional legenda (título, data, autor). Ao refletir sobre as
fotos escolhidas, o curador destaca o esforço em ”valorizar o simbólico, tentar
evitar a redundância, destacar o anônimo e o cotidiano naquilo que têm de
aparente e oculto, rever criticamente as imagens conhecidas e ideologicamente
comprometidas com as histórias oficiais”.
A
mostra acompanha o lançamento do livro “Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia
na construção da Imagem da Nação: 1833-2003” (coordenação
– Boris Kossoy, consultoria histórica – Lilia Moritz Schwarcz), volume que integra a
coleção História do Brasil Nação: 1808-2010 (FUNDACIÓN MAPFRE / Grupo Santillana/
Editora Objetiva; coordenação
Lilia Moritz Schwarcz) e que faz
parte de um projeto maior denominado América Latina na História
Contemporânea.
A
fim de organizar o grande número de imagens, a curadoria procurou pensar o
material a partir de quatro grandes eixos temáticos: política, sociedade,
cultura/artes e cenários. Ao mesmo tempo, os 170 anos foram divididos em sete
períodos, demarcados de acordo com os principais fatos da história nacional.
1833–1889 | Luzes sobre o
Império
1889–1930 | Urbanidade,
conflitos, modernidade
1930–1937 | Ideologias,
revoluções, nacionalismos
1937–1945 |
Autoritarismo, repressão, resistência
1945–1964 |
Industrialização, desenvolvimento, anos dourados
1964–1985 | Tempos
sombrios
1985–2003 | O reacender
das luzes
Escolhida como ponto de
partida da exposição, a data de 1833 refere-se às experiências precursoras de
Antoine Hercule Romuald Florence (1804–1879), levadas a efeito na vila de São
Carlos (Campinas) e que o conduziram a uma descoberta independente da
fotografia, pioneira nas Américas e contemporâneas às que se realizavam, na
mesma época, na Europa.
Pensando ainda no século
XIX, Lilia Schwarcz ressalta os fotógrafos itinerantes que varreram o país de
ponta a ponta, motivados, a princípio, pelo desejo de conhecer esse Império dado
a costumes, climas e políticas em tudo tão distintos. “Enquanto imenso ‘gigante
tropical’ habitado por muitas raças e grupos de origens variadas, o Brasil
representava um verdadeiro porto de chegada (e de partida): um posto avançado
para a observação naturalista e científica de um concentrado natural e, ademais,
racial”, escreve a historiadora.
Hobby do imperador D.
Pedro II, a fotografia tornou-se ferramenta para registrar cada vez mais um
número cada vez maior as famílias da elite, em cenas devidamente posadas. Junto com o registro da paisagem urbana,
rural e natural, os retratos de estúdio introduziram a prática fotográfica no
cotidiano das sociedades em todo o mundo.
Ao
longo de todo o século XX e com cada vez mais intensidade, a fotografia tomou as
páginas das revistas dos jornais, diversificou seus temas e, saindo às ruas,
acompanhou os momentos mais marcantes, alguns gloriosos, outros bastante
sombrios. De seu papel no fortalecimento do Estado Novo, à participação da FEB
na Segunda Guerra Mundial), da construção de Brasília, amplamente documentada, à
foto de multidões clamando pelas Diretas, a fotografia teve papel crucial
para imagem dos governantes que
mobilizaram as massas como as dos líderes populares Getúlio Vargas, Juscelino
Kubitschek, Jânio Quadros, Leonel Brizola e Luiz Inácio Lula da Silva.
”Não há como lembrar das
Diretas sem recordar do instantâneo que tomou os políticos de vários partidos,
todos de braços levantados aguardando que o fotógrafo tornasse imortal e
memorável (no sentido de ficar retido na memória) um ato resumido a poucos
instantes e que seria, por si só, apagado pela lógica da circunstância. Por isso
tantas vezes é difícil separar o que de fato ocorreu e o que o ato fotográfico
imortalizou”, sugerem os curadores.
Técnica documental, mas
também plataforma da criação e profusão de sentido, a fotografia fez parte da
construção da identidade nacional desde a época de sua invenção, retratando, mas
também contribuindo para definir costumes, numa intrincada rede de relações.
“Ela é, a um só tempo, produto e produção, reflexo e estabilização de hábitos;
reação e vanguarda; elemento cultural, mas também argumento político, social e
econômico. Nada lhe escapa assim como tudo lhe escapa, pois a fotografia apenas
finge que preenche a realidade e assim capta sua totalidade”.
Boris Kossoy
professor titular da
Escola de Comunicações e Artes da USP, foi diretor do Museu da Imagem e do Som
de São Paulo e do IDART - Divisão de Pesquisas do Centro Cultural São Paulo
criou dentro da mesma universidade NEIIM - Núcleo de Estudos Interdisciplinares
de Imagem e Memória. É membro do conselho consultivo da Coleção Pirelli-MASP de
Fotografia, entre outras instituições culturais. Trabalhos de sua criação, como
fotógrafo, encontram-se representados nas coleções permanentes do Museum of
Modern Art (N.Y), George Eastman House (Rochester, N.Y), Smithsonian Institution
(Washington, D.C.), Bibliothèque Nationale de Paris, Museu de Arte de São Paulo,
para citar alguns. É autor dos livros: Viagem pelo Fantástico, Hercule Florence, a Descoberta Isolada da
Fotografia no Brasil; Origens e
Expansão da Fotografia no Brasil - Século XIX; Fotografia e História; Realidades e Ficções
na Trama Fotográfica; Os Tempos da
Fotografia: O Efêmero e o Perpétuo, entre outros.
Lilia Moritz
Schwarcz
é professora titular no Departamento de Antropologia da Universidade de São
Paulo (USP). Foi Visiting Professor
em Oxford, Leiden, Brown, Columbia e é atualmente Global Professor pela Universidade de
Princeton. É autora, entre outros, de Retrato em branco e negro, O espetáculo das raças, As barbas do Imperador – D. Pedro II, um
monarca nos trópicos, Símbolos e
rituais da monarquia brasileira e Registros escravos. Coordenou, entre
outros, o volume 4 da História da Vida Privada no Brasil: contrastes da
intimidade contemporânea, com André Botelho Um Enigma sobre o Brasil e dirige
atualmente a História do Brasil
Nação. Mapfre/ Objetiva em 6volumas (Prêmio APCA,
2011).
Exposição:
Um olhar sobre o Brasil. A Fotografia na
construção da Imagem da Nação
Abertura para convidados:
12 de novembro de 2012, às 20h
Até 27 de janeiro de
2013
De terça a domingo, das
11h às 20h – entrada franca
Realização: FUNDACIÓN
MAPFRE em colaboração com o Instituto Tomie Ohtake
Patrocínio: Mapfre
Investimentos
Instituto Tomie
Ohtake
Av. Faria Lima, 201
(Entrada pela Rua Coropés, 88) - Pinheiros SP
Fone:
11.2245-1900
Informações à
Imprensa
Pool de Comunicação –
Marcy Junqueira
Martim Pelisson
Fone:
11.3032-1599
Lindas fotos. Gostei da dupla Assis e Adolpho. Mostram um periodo romantico do Brasil aonde ainda existia esperanca de sermos uma nacao de futuro e com igualdade social. Apesar de Assis e Adolpho atraves de suas maquinas de impressao e midia determinarem o caminho a ser seguido pelos politicos.
ResponderExcluirNessa época o Roberto Marinho já corria por fora, junto com o Samuel Wainer que acabou ficando pelo caminho.
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