Aproveitando a ida a esta exposição, passei pela Pinacoteca, onde além ver ver a mostra de Willian Kentridge, que comentarei no próximo post, pude rever além de alguns Portinari e Djanira, entre outros, as magníficas obras de Almeida Júnior, que considero um gênio, capaz de levar às suas obras toda a carga emocional de um momento.
Genial também foi a ideia dos curadores da Pinacoteca em montar essa exposição, com peças de seu acervo e da coleção Nemirovsky, aos seus cuidados em comodato, que nos trás uma esplêndida visão deste movimento que foi o divisor de águas nas artes brasileiras, quando se rompem as amarras da tradição acadêmica europeia criando-se uma estética genuinamente nacional.
Na exposição “Gomide, um Modernista entre Paris e São Paulo”, é dito que o modernismo foi um movimento nascido na elite, muito lógica essa afirmação, pois todos os seus integrantes tiveram a educação formal em escolas de referência, principalmente em Paris, tendo convivido e sido influenciados pelos próceres das artes do início do século XX.
A música abaixo foi a última escrita por Tom Jobim, em homenagem a Radamés Gnattali, um dos compositores considerados modernistas.
Meu Amigo Radamés - Tom Jobim
Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa da Pinacoteca.
Arte no Brasil: uma história do Modernismo na Pinacoteca de São Paulo
A Pinacoteca do Estado de São Paulo, instituição da Secretaria da Cultura, apresenta na
Estação Pinacoteca a exposição de longa duração Arte no Brasil: uma história do
Modernismo na Pinacoteca de São Paulo. Instalada no segundo andar da Estação
Pinacoteca, a mostra reúne 50 obras, entre pinturas e esculturas, de artistas como Alfredo
Volpi, Cândido Portinari, Carlos Prado, Emiliano Di Cavalcanti, Ernesto Di Fiori, Flávio de
Carvalho, José Pancetti, Lasar Segall, Sérgio Camargo, Tarsila do Amaral, Victor Brecheret,
entre outros.
Reunindo uma seleção de obras dos acervos da Pinacoteca do Estado de São Paulo e da
Fundação José e Paulina Nemirovsky, a mostra dá continuidade à exposição apresentada na
Pinacoteca, Arte no Brasil: uma história na Pinacoteca de São Paulo que trata da formação da
visualidade artística e a constituição de um sistema de arte no país que se inicia no período
colonial e avança até início do século XX. Já a mostra que será inaugurada na Estação
Pinacoteca, Arte no Brasil: uma história do Modernismo na Pinacoteca de São Paulo enfoca
três principais momentos do Modernismo brasileiro: as inovações formais do primeiro
Modernismo (de Lasar Segall a Flávio de Carvalho), a retomada das tradições da pintura
(sobretudo dos artistas atuantes nas décadas de 1930 e 1940, como Alberto da Veiga
Guignard e Pancetti), finalizando com obras que começam a ser influenciadas pelo
abstracionismo (Bonadei e Volpi) e apontam em direção ao concretismo que se sedimentaria
nos anos 1950.
Pela primeira vez na Estação Pinacoteca, o público terá oportunidade de conhecer os três
principais momentos da arte Moderna no Brasil e perceber as aproximações e diferenças de
estilos e temas entre as obras exibidas na mostra. Segundo Regina Teixeira de Barros,
curadora, a busca da identidade brasileira já vem do século XIX com se vê nas obras de
Almeida Junior, por exemplo. Nesse sentido, o Modernismo dá continuidade a essa busca. Mas
há artistas que não se enquadram nessa temática, como Ismael Nery que tem uma produção
de caráter mais pessoal e filosófico, ou ainda, artistas que estavam interessados na pintura
pela pintura como Guignard, Pancetti e De Fiori e que foram referenciais para seus
contemporâneos. Por outro lado o Modernismo representa um momento de grande inovação
formal que desperta interesse até os dias de hoje.
A exposição, que ficará em cartaz até 2015, tem patrocínio do HSBC por meio da Lei de
incentivo à cultura. Valorizar a cultura de países e estimular o câmbio cultural faz parte da
nossa estratégia de patrocínio global. É uma grande satisfação apoiar esta exposição que
mostrará os principais momentos da arte Moderna do país, conclui Renata Brasil, diretora de
marketing para pessoa jurídica e patrocínios institucionais do HSBC.
Não deixe de ver:
Tarsila do Amaral
Antropofagia, 1929
Em janeiro de 1928, Tarsila presenteou o marido Oswald de Andrade com a pintura Abaporu, que o inspiraria a redigir o Manifesto Antropófago, documento seminal do Modernismo brasileiro, no qual o
autor propõe uma assimilação crítica do legado cultural europeu e seu reaproveitamento para a criação de uma arte genuinamente brasileira.
Embora Abaporu seja considerada a obra inaugural, A negra, de 1923 – uma alegoria da figura da Grande
Mãe, de seio único e agigantado, pesadamente assentada na terra, como uma deusa mítica da fertilidade
–, já prenuncia o que viria a ser a poética antropofágica de Tarsila: pinturas caracterizadas por um
número reduzido de elementos, economia de cores e presença de temas nacionais e primitivos, figurados
numa intensa atmosfera onírica. A pintura Antropofagia, de 1929, como indica o título, é uma assimilação
das duas obras anteriores: figura e fundo de Abaporu e A negra se mesclam, formando um casal primevo,
em uma paisagem densa e silenciosa. As imagens inspiradas em um Brasil arcaico, pré-cabralino, aliadas
à utilização de uma linguagem moderna, criaram uma solução possível para um paradoxo presente na
prescrição antropofágica: a necessidade de conciliar aspectos primitivos e modernos a um só tempo.
Ernesto de Fiori
Homem andando, entre 1936 e 1937
São poucos os dados precisos sobre a formação artística de Ernesto de Fiori. Sabe-se que em 1904 ingressou na Akademie der Bieldenden Künste de Munique, na Alemanha, onde frequentou aulas de desenho. Desde o início interessado em pintura, mas dedicado, sobretudo, à escultura, chegou ao Brasil, em 1936, vindo de Berlim, e começou a se firmar no ambiente artístico ao participar de mostras locais. A figura do homem andando ou em marcha está presente em seu trabalho desde 1920 até aproximadamente 1938. Mas esta peça tem as suas especificidades no modo como o homem projeta o seu corpo à frente, com cabeça e tronco lançados para a esquerda, em passo largo, sugerindo velocidade e obstinação. A superfície áspera, desigual, com aspecto inacabado, e a simplificação das formas, sem a divisão dos dedos das mãos ou dos pés, reforçam a rapidez e o dinamismo da escultura, desde a ideação, passando pela moldagem da matéria. O resultado é uma imagem urgente, que insinua um processo em curso, ou no mínimo uma situação que aponta para transformações.
Volpi
Fachada, c. 1955
Foi depois da viagem a Minas Gerais, 1944, que Volpi começou a pintar com têmpera. Juntamente com a troca de técnica, vê-se, pouco a pouco, ao longo do final da década de 1940 e início da de 1950, sua pintura se fechar, selecionando certos elementos formais, como as fachadas das casas, que até então eram
representadas em sua totalidade. As famosas bandeiras começaram a ser representadas no início da década de 1950 e reaparecerão inúmeras vezes em seu trabalho, ora como bandeirinhas, ora como formas geométricas puras sofrendo todo o tipo de manipulação construtiva nas mãos do artista. Mas nem sempre a rigidez formal impera: em Fachada, por exemplo, vemos uma composição bastante animada, de cunho mais popular.
Estação Pinacoteca
Largo General Osório, 66 - Tel. 11 3335 4990
Terça a domingo das 10h às 17h30 com permanência até às 18h
Ingresso combinado (Pinacoteca e Estação Pinacoteca): R$ 6,00 e R$ 3,00
Grátis aos sábados. Estudantes com carteirinha pagam meia entrada.
Crianças com até 10 anos e idosos maiores de 60 anos não pagam.
Mais informações: Carla Regina Tel. 3324 1007 ou pelo email coliveira@pinacoteca.org.br
Exposição maravilhosa! O espaço é fantastico e as obras, como vc diz, sao parte da nossa memoria. Adorei! Bjo
ResponderExcluirOi Ana Lúcia, muito bom mesmo, e o melhor foi a companhia. Bjs.
ExcluirPuxa, vontade de ver... A exposição está mesmo linda e a proposta é louvável. Obrigado pela partilha!
ResponderExcluirOlá José, quando vier a São Paulo não deixe de vê-la, já que ficará um longo tempo em cartaz.
ExcluirObrigado pela visita e por continuar nos mostrando maravilhas em seu blog.
Abraços.