Uma surpresa, que de tão agradável, me deixou por alguns momentos sem palavras. Como é bom descobrirmos um artista já consagrado do qual nada sabíamos e poder tomar conhecimento de vários aspectos de seu trabalho.
Na sala inicial da mostra estão magníficos desenhos, aquarelas e pinturas que demonstram seu pleno domínio das boas técnicas das belas artes.
Mas o que realmente impressiona são os trabalhos apresentados nas outras salas, seus móbiles ou objetos cinéticos nos encantam e nos fazem lembrar de Alexander Calder, o grande expoente desta vertente. Agora, o uso do magnetismo nestas peças, cria quase que um moto-continuo onde suas forças de atração e repulsão, mantém os objetos em movimento quase permanente. Inconscientemente, imagino, o artista já previa que essa solução seria o futuro da física e da engenharia de transportes.
O uso da madeira e seus veios possibilita a criação de inúmeras ilusões de ótica. Os objetos de designer se valem da influência da arte concreta.
As "colagens" e as tela tridimensionais nos causam sensações quase lisérgicas dentro de suas progressões cartesianas, nos mostrando que a razão e as linhas precisas também produzem uma arte que de tão bela, é quase poética.
Um belíssimo passeio, que pode ser completado com a visita à OCA, também com algumas boas exposições.
Movimento da Vida - Francis Hime
Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do MAM.
MAM exibe retrospectiva da obra de Abraham Palatnik,
pioneiro da arte cinética no Brasil
Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura, com curadoria de Felipe Scovino e Pieter Tjabbes, é a maior mostra já
realizada do artista, consagrado pela
criação de obras marcadas pela fusão entre o movimento, o tempo e a luz; na Sala Paulo
Figueiredo, Scovino apresenta obras do acervo do museu que ampliam o conceito
de pintura de diversos artistas em Diálogos com
Palatnik.
Pinturas,
desenhos, estudos, objetos, móveis e esculturas compõem a exposição Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura,
que o Museu de Arte Moderna de São Paulo apresenta de 2 de julho a 15 de agosto
na Grande Sala, com curadoria de Felipe Scovino e Pieter Tjabbes, patrocínio do
Banco Safra e apoio da Biolab. Ao unir estética à tecnologia, Palatnik utiliza
movimento, luz e tempo como instrumentos para a criação de obras com grande
potencial visual e poético, lançando os fundamentos de uma corrente artística
que ficou conhecida como arte cinética, na qual as fronteiras entre pintura e
escultura se confundem e se ampliam. Na Sala Paulo Figueiredo, Scovino apresenta
a mostra Diálogos com Palatnik, reunindo
33 obras de 24 artistas do acervo do museu que repensam o conceito de pintura.
Apresentada no
CCBB, de Brasília, e no Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura chega ao MAM com 97 obras, onze a mais que suas
antecessoras: a mostra traz quatro trabalhos adicionais do artista, um pôster produzido
pelo pintor e artista gráfico Almir Mavignier e uma série de seis obras do acervo do Museu de Imagens do
Inconsciente, de dois internos do Hospital Psiquiátrico Dom Pedro II, em Engenho de Dentro (RJ), que
influenciaram diretamente a carreira de Palatnik. São duas pinturas em guache
sobre papel de Emydio de Barros e quatro desenhos de Raphael Domingues, produzidos
com nanquim e bico de pena sobre papel.
Aos 86 anos, o artista residente no Rio de Janeiro é um dos pioneiros e a maior referência em arte cinética no Brasil, corrente que
explora efeitos visuais por meio de movimentos físicos e ilusão de ótica,
utilizando pesquisa visual e rigor matemático em obras com instalações elétricas que criam movimentos e jogo de
luzes. Do homenageado são expostas 90 obras, desde óleos
sobre tela do início da carreira a trabalhos recentes como da série W, de acrílica sobre madeira. Estão
presentes as séries mais célebres: Aparelhos
Cinecromáticos,
Objetos
Cinéticos e Objetos
Lúdicos, além de móveis
dos anos 1950, Relevos Progressivos e as Progressões, em que o jacarandá é o meio
e o tema para pintura. Em São Paulo, são exibidos exclusivamente obras do
artista que pertencem ao acervo do MAM: Objeto
Cinético (1986), Progressão K-40 (1986),
Mobilidade IV (1959/99), Aparelho Cinecromático (1969/86) e o pôster
produzido por Almir Mavignier, em 1964, para uma exposição do Palatnik na
Alemanha.
Nascido em Natal (RN),
filho de russos, Palatnik passou a infância em Tel-Aviv
(então Palestina), onde fez curso de especialização em motores de explosão. Aos 20
anos, voltou permanentemente para o Brasil. O jovem artista mudou a forma de ver, fazer e entender arte quando conheceu o Hospital
Psiquiátrico Dom Pedro II, coordenado pela Dra. Nise da Silveira, levado por Almir
Mavignier, orientador do ateliê de pintura da instituição. Ao ver obras de
pacientes esquizofrênicos, que apresentavam uma produção excepcional, mesmo sem
estudos sobre arte, Palatnik percebeu que realizava algo inócuo frente àquela
produção rica de artistas que na grande maioria desconhecia o significado da
expressão “arte”. Assim, abandonou os pincéis e passou a ter uma relação mais
livre entre forma e cor.
Aprofundando
os estudos sobre psicologia da forma e usando os dotes como engenheiro, ele
começou os experimentos com luz e movimento que deram origem aos Aparelhos Cinecromáticos - caixas com lâmpadas
e telas coloridas que se movimentam acionadas por motores, um mecanismo que gera
uma série de imagens de luzes e cores em movimento, que unem lirismo e jogo de
percepção-, e aos Objetos Cinéticos -
aparelhos constituídos por hastes ou fios metálicos que possuem nas
extremidades discos de madeira pintados de várias cores, além de placas que se
movimentam lentamente, acionado por motores ou eletroímãs, dando à mecânica uma
dimensão estética que provoca encantamento com os movimentos rotativos.
Esse uso
inusitado que Palatnik faz da tecnologia e sua originalidade fez com que a
classe artística e os júris especializados focassem e admirassem seus trabalhos.
Durante a I Bienal de São Paulo, em 1951, a comissão internacional não sabia
como qualificar a obra Aparelho
Cinecromático Azul e roxo em seu primeiro movimento. A obra não era uma
escultura, tão pouco uma pintura. Era algo que não se enquadrava nas categorias
da Bienal. A solução encontrada para garantir o reconhecimento pelo trabalho original
e inovador foi lhe dar uma menção honrosa.
Retrospectiva do trabalho
É importante
destacar que a exposição pensa a obra de Abraham Palatnik como um trabalho
pictórico, e como a pintura - na concepção múltipla e ampliada - pode ser vista
e estudada mesmo em objetos tridimensionais. “Seja nos Aparelhos Cinecromáticos, nos Objetos
Cinéticos ou nas pinturas, o artista não abre mão da artesania e de certa
gambiarra, que ao longo dos anos foi desaparecendo” explica Scovino. “Hoje os
cortes feitos na madeira para a execução da série W são produzidos a laser
e não mais na casa do artista por meio de uma máquina cuja precisão era
infinitamente menor que a do laser,” afirma.
Em 1954, Palatnik cria com o irmão Aminadav
a fábrica de móveis Arte Viva, que
funcionou até meados da década seguinte. A experimentação que guiava o trabalho
no ateliê foi deslocada para a fábrica, onde foram produzidos vários tipos de
mesa com tampos de vidro pintados pelo artista, além de poltronas, cadeiras e
sofás. Na década de 1970, Palatnik e o irmão inauguram a Silon, produzindo em larga escala objetos de design, sempre em
formato de animais. “A obra só adquiria sentido pleno se alcançasse a vida, a
rotina e o uso mais comum do cidadão. Mais uma vez, percebemos a insatisfação
com a estagnação, um desejo contínuo de pesquisa e de integração de distintas
áreas como escultura, pintura, tecnologia, física, móveis e design”, explica o curador.
Nos Relevos
Progressivos, realizados a partir dos anos 1960, o sequenciamento dos
cortes na superfície do material – cartão, metal ou madeira – cria camadas que
variam dependendo da profundidade e localização do corte, constituindo a
própria dinâmica. Na década de 1970, Palatnik produziu a série Progressões, que são pinturas formadas
por intervalos de jacarandá montados em sequências de lâminas finíssimas. Aproveitando
a materialidade dos veios, nós e outras marcas naturais, percebe-se a estrutura
de desenhos e gestos que demarcam um corpo vivo e dinâmico. Progressões também se desmembrou a
partir dos anos 1990 na série W, em
que sai o jacarandá e entra a tinta acrílica.
Diálogos com Palatnik
No mesmo período, a Sala Paulo Figueiredo apresenta a mostra Diálogos com Palatnik, do curador Felipe
Scovino, que expõe 33 obras do acervo do museu de 24 artistas que repensam e ampliam o conceito da pintura.
Foram escolhidas duas vertentes para a escolha das obras que são próprias na
trajetória do artista: a capacidade de alargar as propriedades sobre a pintura -
e sobre a arte construtiva - e a aplicação da artesania na fabricação das
obras, criando um sentido particular sobre o que significa a ideia de inventor
nas artes visuais.
O MAM está no Google Art Project
Serviço:
Abraham Palatnik - A Reinvenção da Pintura
Curadoria: Pieter Tjabbes e Felipe Scovino
Local: Grande Sala
Abertura: 2 de julho (quarta-feira), a partir
das 20h
Visitação: até 15 de agosto
Entrada:
R$ 6,00 - gratuita aos domingos
Diálogos com Palatnik
Curadoria: Felipe Scovino
Local: Sala Paulo Figueiredo
Abertura: 2 de julho (quarta-feira), a partir
das 20h
Visitação: até 15 de agosto
Entrada:
R$ 6,00 - gratuita aos domingos
Local: Museu de Arte Moderna de São Paulo
Endereço: Parque do Ibirapuera (av. Pedro
Álvares Cabral, s/nº - Portão 3)
Horários: Terça a domingo, das 10h às 17h30
(com permanência até as 18h)
Tel.: (11) 5085-1300
Estacionamento no local (Zona Azul: R$ 3 por 2h)
Acesso para deficientes
Restaurante/café
Ar condicionado
Mais
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Gostei do seu comentário. Já visitei, aqui em Natal, algumas exposições dos trabalhos de Palatnik. Apesar de não entender quase nada de arte cinética, fico fascinada pelas nervuras que ele borda na matéria. Bjos
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