Esse evento, além de ser a primeira grande mostra do pintor, que andava esquecido no universo de grandes artistas brasileiros, mostra a abrangência de seu trabalho com obras de diversas escolas como das paisagens marinhas, das paisagens coloniais, das naturezas mortas e o que me encantou, o impressionismo abstrato com trabalhos encantadores e surpreendentes.
Fica claro que o artista não gostava de pintar naturezas-mortas pois essas obras denotam uma pressa e falta de capricho que não se encontram nos outros trabalhos.
As obras dessa exposição são todas de propriedade de um único colecionador, o advogado Hebron de Oliveira que iniciou seu acervo há poucos anos quando em visita a um antiquário, reconheceu pelas características de uma pintura, o autor de um quadro que seu pai tinha em sua casa desde sua infância. Partindo daí iniciou sua coleção motivada por sua paixão pelas obras do artista, tornado-se hoje, talvez, o maior colecionador de Durval Pereira.
A cenografia da mostra é muito bem feita, com divisões pelos temas e recortes que nos fazem caminhar pela mesma, evitando aglomerações e permitindo o apreciar com o necessário vagar.
Um belo passeio, que nos leva a um aparelho cultural pouco utilizado pelos curadores aqui em São Paulo, o Memorial da América Latina, uma obra de arte menor de Niemeyer mas nem por isso menos imponente.
Nós e o mar - Doris Monteiro
Memorial
da América Latina exibe panorama da obra de Durval Pereira
Mostra
apresentará 220 telas de diferentes fases e temáticas do pintor
impressionista
Marinhas, casarios de cidades coloniais e paisagens do Brasil adentro eram temas frequentes na obra de Durval Pereira (1918 – 1984). Impressionista num tempo em que predominavam os modernistas e abstracionistas, Durval foi um artista de produção prolífica: pintava de três a quatro telas por dia. A partir do dia 18 de julho, o público paulistano poderá conhecer de perto um recorte de sua extensa produção durante a Exposição SESI Durval Pereira – Impressões Brasileiras / 100 anos, exposição panorâmica realizada pelo Instituto Origami e patrocinada pelo SESI, que acontece no Memorial da América Latina.
Com
curadoria do pesquisador e arquiteto Lut Cerqueira, a mostra chega a São Paulo
depois de ter passado por espaços culturais de Recife e Ouro Preto. A exposição
reúne cerca de 220 trabalhos do artista, marcando diversas fases e temáticas de
suas pinturas. Os visitantes poderão ainda conhecer um pouco mais de sua
trajetória em tours virtuais, concebidos em realidade 3D, entre uma tela e
outra.
"Aproveitamos
o centenário de seu nascimento para reapresentá-lo ao público. Essa mostra é
muito mais do que um resgate da memória de Durval Pereira ou de sua obra. É o
caminho, dentre tantos que o artista percorreu pelo Brasil afora, de
reaproximá-lo daquilo que ele mais amava: o público apreciador da verdadeira
arte", pontua o curador, que encarou o desafio de trazer à tona a obra de um dos
mais importantes impressionistas do país, pintor premiado, que caiu no
esquecimento após sua morte.
Fases
e temas
Viajante
ávido, Pereira se inspirava nos cenários brasileiros para dar vida a seus
quadros. O artista percorria cidades das mais diversas regiões do país na
direção de um Ford Landau, sempre em busca de inspiração para suas
telas.
Seja
qual fosse o destino, Durval sempre voltava com centenas de fotos, a ponto de
ter percebido a necessidade de aprender a revelar os filmes, tendo montado
posteriormente um estúdio de revelação em sua própria casa. Esses registros
fotográficos eram utilizados como referências para suas pinturas, com uma total
licença criativa na concepção das paisagens, com a inserção e exclusão de
elementos, distorção de perspectivas e alterações significativas no próprio
objeto a ser pintado.
A
expedição por seu universo começa nos tons de ocre, do amarelo esmaecido ao
laranja intenso, pincelados em quadros de casarios
de cidades coloniais mineiras e do Sul e Nordeste do país. A partir da década de
1970, o artista insere nesta temática um novo cenário: a Favela do Buraco
Quente, então próxima à sua casa, no bairro do Planalto Paulista. As pinturas
desta fase trazem um misto de cores inusitado, retratando a vida simples e a
estrutura frágil de um cenário tipicamente brasileiro.
Partindo
rumo ao interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais, Pereira se deparava
com as mais diversas paisagens
e personagens rurais.
As telas criadas em meio a essas viagens trazem matizes de verde em cenas de
montanhas e casebres avistados por seus percursos. As cenas são povoadas por
figuras típicas da zona rural, entre lavradores com feixes de lenha, lavadeiras
à beira de rios, tropeiros e boiadeiros. Mais ao noroeste do país, obras
inspiradas nas grandes planícies e campos abertos do Mato
Grosso.
Outro
tema frequente na pintura de Durval Pereira foi o litoral
brasileiro,
eternizado por paisagens nas quais predominavam variações da cor azul –
resultado de um intenso trabalho de pesquisa em torno das técnicas de mesclagem
de tonalidades. Suas marinhas
se tornaram inconfundíveis pela sensação de movimento proporcionada pela
intensidade cromática de suas pinceladas.
Os
cenários mais comuns eram os de cidades como Santos e Itanhaém, na qual o
artista costumava passar finais de semana. Existiam, também, obras pintadas na
catarinense Itapema, além de praias fluminenses e nordestinas – em especial, as
compostas por jangadas e puxadas de rede. Do exterior, predominavam as vistas de
Cascais, em Portugal.
Durval
Pereira tinha interesse especial por naufrágios.
Logo, não era raro que embarcações ancoradas no porto e na beira da praia fossem
recriadas como encalhadas ou navios abandonados. Nesses quadros, as cenas
solares davam lugar ao entardecer de dias cinzentos e de mares
agitados.
A
mostra retrospectiva traz ainda as naturezas-mortas
de tons vibrantes criadas pelo artista. Generosas talhadas de abóbora, verduras,
frutas, peixes e tachos de cobres, bem como exuberantes arranjos florais
eternizados por Pereira entre pinceladas, ora intensas, ora suaves. Geralmente
montadas em sua casa, com objetos encontrados ali mesmo, as cenas trazem vasos
que se repetem e arranjos de flores reorganizados. "São detalhes que evidenciam
a habilidade criativa de Durval Pereira, uma vez que resultam em obras únicas e
completamente distintas", destaca Cerqueira.
Por
fim, alguns poucos e raros exemplares da arte
abstrata,
experiências ímpares de Durval Pereira, produzidos a partir da década de 1970,
já no final de sua carreira. As telas explicitam uma intenção tardia pela
modernidade, na fuga de seu estilo e à paleta de cores originais. Ainda assim,
nota-se forte presença de seus temas típicos, com elementos claros de casarios,
marinhas, naturezas-mortas.
Sobre
o artista
O
artista paulistano Durval Pereira foi um dos mais importantes impressionistas e
paisagistas do país. Em 1983, conquistou o primeiro prêmio da III Biennale
Mondiale des Métiers D'Art, em Nice, na França e foi presença constante nos
melhores Salões de Arte do mundo.
Muitas
de suas telas integram hoje acervos de instituições da Alemanha, Itália,
Espanha, Suécia, África do Sul e de países da América Latina. No Museu dos
Independentes, na França, está ao lado dos mais consagrados nomes da História da
Arte como Manet, Gauguin, Toulousse-Lautrec, Matisse, Van Gogh, Cézanne e
Degas.
No
Brasil, participou de inúmeras exposições e sua obra integra importantes
coleções de edifícios públicos brasileiros, como o Palácio da Alvorada e do
Itamaraty, além de acervos particulares.
Serviço:SESI Durval Pereira – Impressões Brasileiras / 100 anosLocal: Memorial da América Latina
Abertura: 17 de julho, a partir das 19h30 (somente para convidados)
Período expositivo: de 18 de julho a 16 de setembro
Endereço: Avenida Auro Soares de Moura Andrade, 664 - Barra Funda, São Paulo
Visitação: de terça-feira a domingo, das 9h às 18h
Mais informações em www.durvalpereira.com
Informações para Imprensa:
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Kennedy Michiles – 81 9 9732-3736 (michiles@aponte.com.br)
Talvez um dos artistas que mais obras produziu em seu tempo.
ResponderExcluirTido como um artista comercial, até para sua época, vem sendo relembrado nos últimos tempos.
É sempre bom valorizar os nomes que fizeram história.