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sexta-feira, 29 de março de 2019

DJANIRA: A MEMÓRIA DE SEU POVO

Já tinha pensado nas observações que faria sobre essa exposição quando li uma crítica, não me lembro se na revista VEJA ou no jornal O ESTADO DE SÃO PAULO, sobre a artista e essa mostra onde o articulista as desanca impiedosamente dizendo da irrelevância de sua obra.

Está dito nas legendas do evento que críticos da sua época tratavam-na como uma artista menor, primitiva e até ingênua, o que lhe causava grande mágoa.

Devo confessar que gostei das pinturas apresentadas, porém não fiquei empolgado. Esperava mais.

Agora, temos que reconhecer que o destaque conseguido no exterior e o interesse dos intelectuais de sua época em seu trabalho contam muito e contribuem para a recuperação de sua aura e seu valor.

Ao observar sua série sobre o candomblé lembrei imediatamente da música abaixo, do Caetano, feita para a mini série "Tenda dos Milagres" baseado no livro de Jorge Amado, que teve em sua casa um painel pintado pela artista.

Um passeio agradável, que deve ser feito por quem se interessa pela cultura brasileira. 



Caetano Veloso - Milagres do Povo

Abaixo das imagens, o "release", fornecidos pela assessoria de imprensa do MASP.





























DJANIRA DA MOTTA E SILVA ABRE CICLO DEDICADO ÀS “HISTÓRIAS DAS
MULHERES, HISTÓRIAS FEMINISTAS” NO MASP

Museu resgata a obra de uma das mais importantes artistas brasileiras, na maior exposição
monográfica dedicada a ela desde a sua morte, há 40 anos

O Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (MASP) dá início à sua programação
2019, pautada pelo eixo temático “Histórias das mulheres, histórias feministas”, com uma
grande mostra dedicada a Djanira da Motta e Silva (Avaré, 1914 - Rio de Janeiro, 1979).
Uma das maiores artistas brasileiras, com carreira internacional e reconhecimento da crítica
ainda em vida, Djanira teve pouca visibilidade após sua morte, em 1979. Maior exposição
monográfica dedicada à artista nesses 40 anos, com cerca de 70 obras e curadoria de
Isabella Rjeille e Rodrigo Moura, Djanira: a memória de seu povo busca revisitar e
reposicionar seu trabalho no cenário artístico brasileiro. A mostra abre ao público dia 1º de
março e segue em cartaz até 19 de maio, no MASP. Entre junho e outubro, será apresentada
no Rio de Janeiro pela Casa Roberto Marinho, co-organizadora da exposição.

O recorte curatorial proposto pela exposição Djanira: a memória de seu povo enfoca a
busca da artista por uma pintura nativista e os temas da cultura popular aos quais se dedicou
ao longo de toda a sua carreira - e onde reside sua contribuição mais original para o
modernismo brasileiro. De origem social trabalhadora, Djanira retratou suas vivências e seu
entorno social, pintando amigos e vizinhos, operários e trabalhadores rurais, paisagens do
interior e manifestações sociais, culturais e espirituais, como religiões afro-brasileiras,
populações indígenas e danças folclóricas. “A ideia de uma pintura brasileira que refletisse e
forjasse a identidade cultural da nação é o que de fato sempre buscou”, diz o curador
Rodrigo Moura.

Organizada cronologicamente e em torno de núcleos temáticos que surgiram ao longo dos
seus anos de viagens e pesquisas, a mostra abrange quatro décadas da produção de
Djanira, possibilitando tanto uma análise ampla de sua trajetória como das mudanças de
linguagem pelas quais passou ao longo da carreira. Autodidata, Djanira da Motta e Silva
surge e se relaciona com a segunda fase do modernismo no Brasil, quando o diálogo com as
vanguardas europeias já não é uma questão tão importante e o interesse dos artistas se volta
para a transposição de suas experiências para as suas obras.

De ascendência austríaca por parte de mãe e indígena por parte de pai, Djanira da Motta e
Silva teve uma infância marcada por deslocamentos. Antes de se casar pela primeira vez,
trabalhou em lavouras de café e foi vendedora ambulante em São Paulo. Aos 23 anos,
contraiu tuberculose e foi internada em Campos do Jordão, no interior de São Paulo, onde
começou a fazer seus primeiros desenhos. Mudou para o Rio no final dos anos 1930 e,
estimulada pelo convívio com pintores na pensão em que vivia em Santa Teresa, entre eles o
refugiado romeno Emeric Marcier (1916-1990), matriculou-se em um curso noturno no Liceu
de Artes e Ofícios, que frequentou por pouco tempo. Em 1942, participou pela primeira vez
do Salão Nacional de Belas Artes, no Rio, e, no ano seguinte, realizou sua primeira mostra
individual.

Nos anos 1940, embarcou por conta própria para Nova York, onde passaria uma
temporada. Em 1946, expôs nas galerias da New School for Social Research. A exposição
seria visitada e comentada, com grande entusiasmo, pela então primeira-dama dos Estados
Unidos, Eleanor Roosevelt (1884-1962) em seu programa de rádio e coluna de jornal, e
repercutida por outros veículos da imprensa nova-iorquina. Antes de voltar ao Brasil, Djanira
faria ainda uma exposição na União Pan-americana em Washington.

No seu regresso, Djanira viajaria pelo país, visitando diversas regiões a partir dos anos
1950, sobretudo a Bahia, onde manteve um ateliê e registrou cenas do comércio popular e
se aproximou da cultura afro-brasileira. Para o concurso Cristo de Cor, promovido pelo
Teatro Experimental do Negro, pintou Jesus como um homem negro escravizado sendo
açoitado no Pelourinho de Salvador, um ambiente que remonta à colonização brasileira. Esta
tela estará em exposição no MASP. Também dos anos 1950, data o painel Candomblé
(1954), encomendado por Jorge Amado e pintado para o apartamento do escritor no Rio de
Janeiro. A obra será apresentada pela primeira vez em uma mostra de museu.

Em comum com o romancista, Djanira também tinha um forte engajamento político, que a
aproximou do Partido Comunista Brasileiro (PCB), a levou à União Soviética (URSS) e também
a pintar cenas de trabalhadores Brasil afora. Da coleção da Casa Roberto Marinho, entram
na exposição quadros como Casa de Farinha (1956) e Serradores (1959), em que o
trabalho é seu principal tema.

“Os trabalhos que ela produz a partir das viagens pelo país, entre os anos 1950 e 1970,
são testemunhas de um Brasil em acelerada transformação”, diz a curadora Isabella Rjeille.
“Djanira via a pintura como uma linguagem profundamente engajada com a realidade social
e cultural do país, sem abrir mão de certo rigor formal.”

Em 1964, Djanira foi presa nos primeiros meses da ditadura militar. O episódio teve
profundo impacto sobre a artista, que a partir daí se retirou da vida pública, passando 14
anos sem realizar uma exposição individual. Nesse período, a artista não deixou de pintar,
recebendo colecionadores pessoalmente e se afastando do mercado de arte tradicional,
refugiando-se no seu sítio em Paraty ao lado de seu companheiro, José Shaw da Motta e
Silva. O retorno da artista se deu com uma mostra de cerca de 200 obras, organizada pelo
Museu Nacional de Belas Artes, em 1976, sua última grande exposição em vida.

“Djanira teve uma significativa exposição pública e manteve intensa relação com a crítica em
vida. Contudo, sua obra teve pouca circulação desde sua morte. Esta exposição tem como
missão reparar essa ausência, apontando não apenas para a potência e complexidade de
seu trabalho, mas também para sua inquestionável relevância hoje”, diz Rodrigo Moura.

Catálogo

Organizado por Adriano Pedrosa, Isabella Rjeille e Rodrigo Moura, o catálogo será lançado
na abertura da exposição, com edições em português e inglês. A publicação inclui ensaios
inéditos encomendados aos críticos e curadores Carlos Eduardo Riccioppo, Frederico Morais
Kaira Cabañas, Luiza Interlenghi, e textos republicados de Mario Pedrosa, Mark Berkowitz,
Flávio de Aquino, Clarival do Prado Valladares e Lélia Coelho Frota, além de textos inéditos
dos organizadores.

Este livro também inclui uma seleção inédita de recortes de jornais, catálogos e folders de
exposições que foram guardados pela própria artista ao longo de sua vida e serão
reproduzidos de maneira fac-similar no catálogo. Os documentos – muitos deles com
anotações de próprio punho da artista – foram doados pelo marido de Djanira, José Shaw
da Motta e Silva, para o arquivo da Funarte, onde estão conservados desde 1981.

DJANIRA: A MEMÓRIA DE SEU POVO
Abertura: 28 de fevereiro, 20h
De 1º de março a 19 de maio de 2019
Local: segundo subsolo
Endereço: avenida Paulista, 1578, São Paulo, SP
Telefone: (11) 3149-5959
Horários: quarta a domingo: das 10h às 18h (bilheteria aberta até as 17h30); terça-feira:
das 10h às 20h (bilheteria até 19h30)
Ingressos: R$ 40 (entrada); R$ 20 (meia-entrada)
O MASP tem entrada gratuita às terças-feiras, durante o dia todo.

AMIGO MASP tem acesso ilimitado e sem filas todos os dias em que o museu está aberto.
O ingresso dá direito a visitar todas as exposições em cartaz no dia da visita.
Estudantes, professores e maiores de 60 anos pagam R$ 20 (meia-entrada).
Menores de 11 anos de idade não pagam ingresso.
O MASP aceita todos os cartões de crédito.

Estacionamento: é preciso carimbar o ticket do estacionamento na bilheteria ou recepção do
museu.
CAR PARK (Alameda Casa Branca, 41)
R$ 18 até 12h
seg - sex: 7h-23h
sáb, dom e feriado: 8h-20h
PROGRESS PARK (Avenida Paulista, 1636)
seg - sex, 7h-23h: R$ 20
sáb, dom e feriado, 7h-18h: R$ 20

Acessível a deficientes físicos, ar condicionado, classificação livre

MASP -- imprensa@masp.org.br
www.masp.org.br
facebook.com/maspmuseu
twitter.com/maspmuseu
instagram.com/masp_oficial

Casa Roberto Marinho
De junho a outubro de 2019
Endereço: rua Cosme Velho, 1105, Rio de Janeiro, RJ
Horários: terça a domingo, inclusive feriados, de 12h às 18h (entrada até 17h15)
Ingressos: R$ 10 (inteira); R$ 5 (meia-entrada)
Imprensa - monica@monicavillela.com.br

Patrocínio: Unipar; Trench, Rossi e Watanabe
Parceiros estratégicos: Itaú e Vivo

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