Carly & Carole - Eumir Deodato
Esta é uma bela mostra levada em um dos espaços nobres da Pinacoteca do Estado, de um artista de vários suportes, e muito bom por sinal em cada um dos apresentados, o que não é muito comum, pois normalmente a maioria se destaca em um específico.
Além de um excelente desenhista, Arnaldo Pedroso d'Horta nos brinda com obras feitas de recortes de bisturi, realizando um trabalho de rara beleza.
O melhor da exposição é perceber a versatilidade do artista, que nos apresenta trabalhos de muita qualidade.
Abaixo das imagens, clipe publicado no portal estadao.com.br .
A poesia do experimental no papel
Pinacoteca abre hoje retrospectiva especial de Arnaldo Pedroso d'Horta, com mais de 150 obras e destaque para o desenho
Camila Molina
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Arnaldo Pedroso d"Horta (1914-1973) tinha uma "certeza da mão" que o compositor Paulo Vanzolini não via em ninguém. Artista, crítico de arte, ensaísta, jornalista e colaborador do Estado, foi premiado na Bienal de Veneza, em 1954, assim como na Bienal de São Paulo. Tratava o desenho como uma arte de "alta precisão", como define outro de seus amigos, o artista e fotógrafo Fernando Lemos. "Para devolver ao mundo os restos da matéria que absorveu, para que essas emanações incolores se tornem legíveis, para que sua fala sem língua se faça audível, para que sua dança recenda perfume - dai à mão uma caneta com pena. Os cinco rios secos para esta irão confluir, e por ela despejar-se no mar de papel", escreveu Pedroso d"Horta em 1956, justamente em texto intitulado Desenho da Mão. Tamanha ligação com a arte gráfica pode ficar esquecida, daí a importância do resgate feito pela mostra que a Pinacoteca do Estado inaugura hoje, com mais de 150 obras, perpassando toda a vida e produção do artista, também em documentos e escritos.
É uma retrospectiva especial, feita pela curadoria da crítica e historiadora Vera d"Horta, filha de Arnaldo. "Essa mostra é uma surpresa porque havia tendências diferentes naquela época (década de 1950). Era um tempo em que as utopias e as crenças das próprias ideias tinham espaço, inclusive para as individuais", diz Vera, rechaçando a simplificação que faz com que se pense ser aquele período apenas o da arte concreta. Mas a arte de Arnaldo tem a poesia e a experimentação de técnicas que a colocam além dos rótulos. O desenho, que sempre tratou como prática de "alta precisão", é valorizado como campo autônomo, não o primeiro passo para outros voos.
Como se pode ver na exposição, Pedroso d"Horta não apenas se utilizou da "caneta com pena", mas criou obras em papéis recortados a bisturi, cortiças e couro, como também gravuras e painéis de cerâmica. "Tinha um certo prazer no artesanato", diz a curadora sobre a ética do trabalho de seu pai. Nas obras, ainda ressalta, o artista deixava o gesto (sofisticado, inventivo, paciente, concentrado) conduzir as formas orgânicas, abstratas, figuras de animais, de pássaros, etc., que se entrelaçam nos desenhos - mas que são leves, como feitas "no silêncio do segredo", diz o artista Fernando Lemos em documentário presente na mostra.
A retrospectiva começa com obras nos anos 1950. Depois, inclui pinturas a óleo que Pedroso d"Horta realizou em 1949; gravuras (as matrizes foram doadas à Pinacoteca); projetos, ilustrações (para o Suplemento Feminino do Estado) e, com destaque, os desenhos.
Arnaldo Pedroso D"Horta. Estação Pinacoteca. Lgo. Gal. Osório, 66, 3337-0185. 10h/18h (fecha 2.ª). R$ 6 (sáb., grátis). Até 14/3
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