Isto me fez lembrar uma coisa que já me incomodava há algum tempo, que quando Chico Buarque cria suas músicas no feminino é considerado genial e sensível, e Caetano é tratado como no mínimo ambíguo.
Porque que uma canção no feminino só é boa quando conta a dor do abandono, da indiferença ou da traição, não podendo ser alegre e contar as delícias de um "flerte"?
Será que existe uma "patrulha" que quer que Caetano assuma alguma bandeira, promova alguma causa, use sua enorme popularidade para defender o que quer que seja?
Acho que este deve ser o sonho de todo o ativista, ter Caetano Veloso como seu porta-voz, usar seu imenso carisma e exposição nos meios de comunicação.
Caetano sempre se expôs mais, e não me lembro dele ter fugido de alguma polêmica, diferente de Chico, que só comenta o que lhe convém.
Em tempo, acho os dois geniais, referência e inspiração a várias gerações de artistas, que os têm como parâmetro, já há quase 50 anos.
Neste vídeo de 1978 os dois se revezam em cantar no feminino suas canções.
Isso é alegre discussão para horas, depois de ouvi-los em muitas de suas fases. Não gosto muito de compará-los, creio até que se completam mesmo que cada um tenha seu estilo. Concordo tb sobre o que disse sobre as atitudes de ambos.
ResponderExcluirMaca,
ResponderExcluirComo sempre, gosto dos debates que você propõe. Qualquer dia eu aprendo a colocar meus comentários em seu blog, assim outros tb os lerão. Não acho que o Chico só declare o que lhe convém. Suas entrevistas é que nunca são muito boas, nem tão claras. Fala sempre de uma maneira truncada, dando a entender que as idéias ultrapassam os limites das palavras. As coisas ficam meio subentendidas, dando margem a múltiplas interpretações. Creio que nunca li nem ouvi nada dele falando das famosas letras no feminino. Agora que são boas, são. (as letras, claro). Já o Caetano fala muito sobre absolutamente tudo, o que o torna muito mais simpático e até divertido. Assim, acaba se expondo mais. Prefiro, obviamente, suas entrevistas às do Chico. A ambiguidade e o supost o bissexualismo vêm da postura passada ao público ao longo da últimas décadas e não de suas canções. Não gosto, contudo, de analisá-los ou discuti-los sob esse prisma. Prefiro contemplar as respectivas genialidades através das incontáveis letras. Só para ilustrar o que acabo de expor, nada melhor do que ouvir “Queixa”, que fala de um amor não correspondido... “um amor assim delicado, você pega e despreza. Não devia ter despertado, ajoelha e não reza. Dessa coisa que mete medo, pela sua grandeza, bateu forte sem esperança e eu te grito esta queixa”.... e por aí vai. Já que me lembrei dos versos de um, aqui vão outros do outro. O assunto agora é o perdão: “ quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança prá chorar o meu perdão. Qual o que, logo vou esquentar seu prato,dou um beijo em seu retrato e abro meus braços prá você” Quem não quer uma mulher assim? Acho que falar de amor neste patamar, só mesmo um Carlos Drumond de Andrade, para ficar nos limites do nosso rico Brasil. Bom, é isso. Discutir Chico e Caetano é assunto pro meu blog, que está em fase de concepção.
Um abraço,
John Boy
Casamento perfeito da descontração de Caetano com a timidez de Chico. O melhor dos dois é a genialidade aflorada em suas canções, de parceria ou solo.
ResponderExcluirQuanto a sexualidade de Caetano ser ambígua...que relevância isso pode ter diante de sua obra?
Essa música é linda!
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