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quinta-feira, 5 de julho de 2012

O limite da arte

Até onde um artista pode ir, e qual é a fronteira que alguém pode alcançar para concretizar uma idéia ou uma "obra de arte"?

Na obra "Insercion en circuito ideologico", de Edwin Sanchez, é contada a história de um revólver, comprado de marginais, que depois de receber as intervenções e fotografado foi novamente revendido ao mesmo bando, com a intenção de ser rastreado pelo artista.

Só que com bandido não se brinca e depois de inúmeras revendas foi perdido seu rastro.Tudo isso informado em notas na instalação.

Tomado de uma indignação e certo inconformismo pedi licença ao artista para lhe fazer algumas perguntas, como o porque da revenda da arma e se ele a havia  inutilizado antes disso.

O rapaz, que acho que nunca esperaria ser questionado nestes termos, primeiro me respondeu que o que ele faria com uma arma ilegal dentro de casa? e que a reposição desta no mercado da morte fazia parte da obra de arte.

Nisso minha estupefação atingiu o ápice e, mesmo que delicadamente, lhe fiz alguns questionamentos, de como ele se sentiria  ao saber que aquele instrumento, que poderia ter sido entregue anonimamente nos postos da Campanha do Desarmamento, viesse a tirar alguma vida. Pena que o contra argumento, em vez de mostrar arrependimento, foi de que ela seria mais uma no meio de milhares, percebi ou uma certa inocência ou um certo cinismo nesta posição. 

Será válida uma arte ou forma de expressão que não preze os mínimos valores éticos, que para alcançar seus objetivos passe por cima da consciência coletiva e das leis vigentes?

É uma questão a ser refletida. 

O título da música escolhida para acompanhar este post já diz muito sobre meus sentimentos.

Tá todo mundo loco, obá! - Silvio Brito







7 comentários:

  1. Realmente, polêmico. Disse uma vez em uma matéria que fiz para o blog que, "No afã de criarem uma arte nova, estão cada vez mais destruindo a arte". Não quero cair no erro de julgar um trabalho sem conhecer o histórico de vida que levou a concebe-lo, e o que parece exagero a mim pode ser o corriqueiro de outrem. Ainda remetendo ao artigo que escrevi, "fico desconfiado se é minha cabeça que está a ficar mais velha que o corpo, ou há com certeza, um descompasso no mundo das artes, fazendo com que o "nada" e o "vazio" sejam os esteios mais disponíveis para se lançar descanso". Apenas, "gostaria que a beleza não fugisse a passos tão rápidos da arte de minha época. Não quero a beleza egoísta adequada ao meu gosto, mas também não quero a beleza subdivida, adequada como imposição ferrenha pelos conformes do mercado: beleza conflitante, beleza aterrorizante, beleza incômoda, beleza que gosta de chocar... Não, definitivamente não é essa a beleza que gostaria de ter como companhia. Todos nós sabemos, bem intimamente, que realmente somos capazes de sentir a presença do que é verdadeiramente belo. Tudo que é belo emociona, e contra a emoção não há rival que aguente combate".
    É a minha visão, e "todo ponto de vista é a vista de um ponto", já disse Leonardo Boff.
    Bom levantar essa polêmica e que a notícia gire. Tudo de bom, Macário!

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  2. oi macario, acabei de chegar de viagem e olhei o seu artigo,muito bom,excelente.Tenho uma opinião que hoje em dia infelizmente alguns artistas influenciados pela mídia,sequer chegam a pensar realmente no assunto e na própria obra em si, para o nosso desconforto ,para aqueles que indagam e vão mais a fundo sempre ficam essas perguntas sem as respostas..pois tudo hj o que vale mesmo é a questão do marketing e do ganho...tão diferente do antes, daqueles que pintavam e criavam algo mágico para se apreciar e que ali sem precisarmos questionar absolutamente nada...pois a obra em si já nos falava tudo. obrigada por nos mostrar algo que as vezes esquecemos de olhar mais a fundo. tenha um bom dia e final de semana

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  3. Olá Macário!
    Eu não gostei.
    Para mim, arte é o que me encanta os olhos e os sentidos.
    Não fico analisando muito o que levou à sua conclusão ou o que a motivou. Sou mais imediatista. Olho e gosto ou olho e não gosto.
    Especificamente neste caso, pode-se até imaginar a escolha inusitada do autor, talvez como forma de chocar, chamar a atenção, polemizar, divergir, ou até mesmo, fazer com que as pessoas, olhando a arma, imaginem este universo todo do crime. Enfim...
    Penso que o artista faria melhor se retratasse as mazelas por trás das armas... As vidas ceifadas e até mesmo, a vida de quem empunha uma arma para se conseguir algo à força, por muitas vezes jogado neste caminho sem volta.
    Abraços,
    Maria Lydia

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  4. Olá,Macário!
    O artista expressa o real e o contemporâneo. Isso pode se traduzir em arte boa ou ruim dependendo da percepção de cada um. Observar um objeto de arte sem juízo de valor é muito difícil, é um exercício árduo. O que é o real hoje? Há ainda uma metafísica, um sublime, um Belo a ser exaltado à contemplação? O romantismo com toda a sua ingenuidade ainda perdura? Ou será que nos avizinhamos do fundo do poço para daí aprofundar ainda mais no mundo que se revela fragmentado e absurdo desde sempre? Talvez a arte nunca esteve tão próxima do Real como agora... Isso não quer dizer que seja bom ou que seja ruim. Apenas o artista, como em todas as épocas, expressa a sua angústia cotidiana e complexa por meio dos elementos disponíveis. E quais são estes elementos? Ora, num mundo sem fronteiras, sem crença, sem fé, sem valores impositivos, sem metafísica, enfim, num mundo banalizado e, paradoxalmente, fervendo de criatividade, os artistas, vale dizer, contemporâneos, reeditam todas as vanguardas passadas cuja febre passou com a mudança de rumo da sociedade. Lembremos o dadaísmo, futurismo, surrealismo e outros ismos. Hoje temos a arte de rua, as instalações, as performances e toda uma gama de impulsos criativos surgidos de indivíduos ou grupos marginalizados, como sempre, também, pela elite da academia e dos salões burgueses.

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  5. Em resposta a Ana Barros:
    encotrei esse blog por ficar profundamente transtornada ao ver uma obra de uma exposiçao. Tratava-se de uma sequencia de fotos que mostravam o processo de fazer e "vestir" uma fantasia de cachorro. O autor usou uma cabeça de cachorro de verdade, cortou as partes que lhe interessavam e costurou ao seu rosto. Para respirar através do focinho, ele usou um cano. Eu nao tive como nao ver, pois esta obra estava na parede, na sequencia de outras obras. E, somente após ver tudo, vi uma plaquinha dizendo que a obra era indicada para maiores de 16 anos (e eu tenho 30!).
    Me diga, para que fazer isso? Posso garantir que nunca vou conseguir esquecer tais imagens, e me arrependo muito de ter entrado nesse lugar (que, aliás, se encontra exatamente na frente de uma escola).

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    1. Olá Verônica, bem vinda.

      Eu fui atropelado por essa "obra de arte" no Itaú Cultural há alguns anos, e como você não consegui ver as fotos, me chocaram e enojaram.
      Por isso é que levantei essa questão, que sempre deve ser lembrada e dabatida.

      Obrigado,

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