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quarta-feira, 9 de outubro de 2013

IV MOSTRA 3M DE ARTE DIGITAL - FICÇÕES RADICAIS

Fui a essa mostra com um certo preconceito, pois tenho com a arte "moderna" um pequeno trauma e sempre encontro obras vazias, rápidas feitas sem o menor critério ou rigor técnico.

Não foi o que ocorreu nesta exposição, já que as obras apresentadas, em sua maioria percebi, tiveram pelo menos um estudo ou projeto.

Uma ideia que se mostrou muito interessante foi a dos artistas vestirem ou fazer com que os visitantes se compusessem com peças de espuma pré cortadas com a ajuda de fitas elásticas, criando assim sua própria fantasia ou uma persona.

A atriz e cantora Adriana Capparelli executou a performance da obra Do Androids Drean of Eletric Beatles?  com um resultado até melhor do que o do vídeo original. 

Em função do patrocínio, essa mostra recebeu a confecção de um belo catálogo, que merece ser guardado.


Yesterday - The Beatles



Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto Tomie Ohtake.







INSTITUTO TOMIE OHTAKE
APRESENTA
IV MOSTRA 3M DE ARTE DIGITAL
FICÇÕES RADICAIS


Abertura: 08 de outubro, às 20h
Visitação: 09 de outubro a 03 de novembro de 2013


A 3M do Brasil, mantendo seu compromisso de debater e incentivar a produção artística contemporânea ligada às mídias digitais, a Elo3, idealizadora do projeto, novamente em parceria com o Instituto Tomie Ohtake, realizam a IV Mostra 3M de Arte Digital. Nesta edição, Ficções Radicais constroem o eixo estabelecido pela curadora e artista midiática Gisela Domschke nos 20 projetos selecionados.

Segundo Domschke, a ficção é uma forma de narrativa que lida com eventos não (ainda) factuais, que nos permite explorar as possibilidades de nossos desejos, a fim de entender o que são hoje as limitações. “Isso ajuda a dar um passo para além da estrutura rígida de nossa forma de vida e olhar para as suas complexidades de uma certa distância”.

Para Luiz Serafim, Head de Marketing da 3M, “todos os anos, a empresa colabora de forma intensa para a evolução da Mostra, buscando inspirar e promover a liberdade criativa, o exercício de novos olhares e possibilidades, a diversidade de conexões, sob o impacto da tecnologia, em perfeita sintonia com a essência de inovação 3M.”

Para a quarta edição, a curadora traz Charles Csuri, artista norte-americano pioneiro da arte digital, com sua icônica obra Random War, 1967. Csuri capta o caos do campo de batalha através da geração de números aleatórios que determinam a localização e o ângulo do desenho de um pequeno soldado verde na página impressa. O artista explora, através de sistemas matemáticos, uma nova idéia de forma, uma nova idéia de estrutura. “Você pode ter trinta dimensões no lugar das três usuais que sempre nos vêm em mente”, diz Csuri. “Não se trata de um espaço real, mas sim de um espaço teórico.” Neste espaço convergem o pioneirismo das experiências generativas da computação gráfica e a alusão a convulsão social causada pela guerra do Vietnã na década de 60.

Outro pioneiro, o brasileiro Paulo Bruscky inicia a partir de 1970 pesquisas em suportes destinados à reprodução e circulação da imagem ou da informação, como o fax, o xerox, raio-x, a imprensa, os carimbos. Em um contexto de burocracia, de falta de ambiente institucional para a arte em sua cidade e de repressão do período de ditadura militar no Brasil, os trabalhos de Bruscky se apresentam como pequenas provocações, colocando o cotidiano à prova. Máquina de Filmar Sonhos (1977) é parte de uma série de inserções em classificados de jornal realizadas pelo artista. Bruscky anuncia a venda de uma máquina de filmar sonhos, com filmes (preto e branco ou colorido) e sonorizada, que possibilitaria ao comprador assistir a seus sonhos tomando café da manhã.

Em “Drone Shadows”, James Bridle agencia a materialização de uma tecnologia invisível, que permite o controle da visão e da ação à distância. O que fazem exatamente essas máquinas voadoras robóticas – de helicópteros de brinquedos a tecnologia de armamento militar - não se sabe ao certo. Ao riscar no chão a caracterização fictícia dos drones, Bridle chama nossa atenção para a uma tecnologia que, cada vez mais interconectada, permeia, de forma invisível, nossa sociedade contemporânea. O que escolheremos fazer com essa tecnologia é algo que depende de nossa capacidade de visualizá-las, para então a agenciarmos de acordo com nossos desejos.

O sul coreano Hojun Song, em “Back to Program Ossi”, contesta o fato de todos os programas espaciais serem dirigidos e desenvolvidos por governos ou forças militares. “Ossi” - Open Source Satellite Initiative - é um satélite DIY de uso individual, que possibilita uma conexão entre o indivíduo e o universo, estimulando nossas fantasias.  Também o fotógrafo paulista Marcelo Zocchio traz o espaço para o centro de sua obra, com a série “Planetas”, na qual registra nove viagens ficcionais interplanetárias. A série é o resultado do interesse do artista por questões relativas à relação do homem com o meio ambiente.

Em The Tsiolkovsky Trick, Sascha Pohflepp dispõe modelos de foguetes espaciais provenientes do 3D wharehouse do Google, dando corpo a uma visão particular da história da tecnologia. Em seu ensaio "Lagrangian Futures", Pohflepp explica que em 1903, Konstantin Tsiolkovsky "publicou um artigo científico intitulado "Investigação de aparelhos exteriores de foguetes espaciais", no qual provou que um objeto em propulsão poderia realizar o vôo espacial, se durante o lançamento perdesse partes de si mesmo". Mais tarde, no mesmo ensaio, Pohflepp comenta: “A tecnologia, embora envolta em noções de lógica, razão e lucro, é acima de tudo um esforço narrativo”. Futuros tem que ser pensados antes de poderem ser construídos ou vendidos e seu pensamento enquanto visões, mitos e mentiras fornece o que Norman M. Klein apropriadamente chama deinfra-estrutura fantástica”. Tsiolkovsky, além de cientista, tinha um grande interesse em ficção científica, tendo publicado um romance sobre a colonização do espaço intitulado "Sonhos da Terra e do Céu".

Tuur Van Balen, Catherine Kramer e Steven Ounanian exploram as questões homem/ máquina em “Do androids Dream with Electrical Beatles?”, onde Angelina performa uma versão de Yesterday, dos Beatles, cuja letra foi modificada através de diversas traduções feitas por programas de computador.

Policing Genes é uma obra de design-fiction, em que o inglês Thomas Thwaites imagina um cenário, onde os genes de plantas geneticamente modificados são controlados por um departamento da policia britânica especializado no policiamento das abelhas.

A dupla inglesa Semiconductor apresenta Worlds in the Making, uma série de trabalhos recentes que exploram paisagens vulcânicas e a geologia única das Ilhas Galápagos. Worlds in the Making (2011) é uma vídeoinstalação com três projeções simultâneas, dividida em sete capítulos. Tendo como ponto de partida a filmagem e animação de paisagens vulcânicas, rochas e minerais, e a utilização de técnicas científicas e dispositivos que o homem desenvolveu para dar sentido a esses elementos, este trabalho explora como o homem observa, experimenta e cria uma compreensão das origens do mundo físico que nos rodeia. O espectador é levado para um mundo que fica entre a ficção científica e a realidade científica.

O holandês Matthijs Munnik em sua instalação Citadels: Lightscape busca explorar uma esfera alucinatória dentro de nossos olhos através de efeitos estroboscópicos da luz. Citadels é uma nova máquina dos sonhos, onde uma camada de padrões vívidos cobre a realidade. A instalação permite ao observador investigar as infinitas complexidades produzidas dentro do próprio olho. A dimensão geométrica de cores puras, fractais, pixels, formas e formato deslumbrante.

Pesquisas sobre os efeitos estroboscópicos da luz apontam que estes padrões surgem em razão da interferência no sinal do olho para o córtex visual primário, esfericamente transformado de acordo com o mapa retinotópico do olho. Esta transformação cria as típicas estruturas vistas em alucinações. Ainda mais importante, as estruturas comuns não são, portanto, apenas uma construção da mente, mas percepções com origem física na arquitetura interna do olho.

Também da Holanda, os artistas Persijn Broersen & Margit Lukács no seu “Mastering Bambi”, criam uma reconstrução do filme “Bambi” eliminando os seus personagens. A visão da natureza do clássico de Walt Disney enraizada no romantismo europeu é reinterpretada na floresta deserta e carente, onde a natureza torna-se o espelho da nossa própria imaginação. A trilha sonora é assinada por Berend Dubbe e Gwendolyn Thomas.

Já o trabalho do inglês Justin Bennett transita entre as artes visuais, o audiovisual e a música, com foco específico no desenvolvimento urbano e na relação entre arquitetura e som. Para a mostra, ele cria um sound walk a ser experienciado nas ruas pelos visitantes, nos arredores do Instituto Tomie Ohtake.

O brasileiro Marcelo Krasilsic também apresenta um trabalho criado especialmente para esta edição da Mostra. #PHOFOAM é uma instalação performática onde os participantes fotografam e são fotografados vestindo adereços de espuma e elásticos. As fotos são distribuídas no Instagram com o hastag #PHOFOAM. A performance explora as múltiplas dimensões do discurso social contemporâneo e evoca referências diversas - do wearable da literatura sci-fi ao Parangolé de Helio Oiticica.

A dupla de fotógrafos suecos Inka & Niclas investiga paisagens naturais intocadas. Suas imagens causam estranheza através de interferências sutis, como a de um spray que tinge a paisagem retratada ou a simples presença de um visitante humano.

O norte-americano Golan Levin apresenta “The Free Universal Construction Kit”. O projeto oferece cerca de 80 adaptadores entre brinquedos como Lego, Duplo, Fischertechnik, Gears!, K’Nex, Krinkles (Bristle Blocks), Lincoln Logs, Tinkertoys, entre outros. Ao permitir que qualquer peça se encaixe com qualquer outra, o Kit incentiva novas maneiras de relações entre os sistemas fechados, permitindo a criação de projetos até então impossíveis. Os adaptadores podem ser baixados em sites de compartilhamento para a reprodução por dispositivos de fabricação pessoais, como a Makerbot (uma impressora 3D open-source de baixo custo).

Um sistema demeta-mashup", o Kit possibilita um processo criativo, onde qualquer pessoa pode desenvolver as peças necessárias para modificar ou adaptar produtos comerciais produzidos em massa. Um convite para refletir sobre a nossa relação com a cultura material de massa e a evolução das formas nas quais podemos melhor adaptá-la à nossa imaginação.
           
De autoria da dupla Mario Ramiro e Gabriela Greeb, Rede Telefonia (2009) é uma peça sonora de 4 minutos e 33 segundos criada a partir das escutas e das gravações realizadas por Hilda Hilst nos anos 1970. Obra baseada nas experiências realizadas pela escritora brasileira nos anos 70, quando ela procurava por  meio de gravações de sinais de rádio um canal de comunicação com amigos já falecidos. A obra documenta uma prática experimental da escritora que explora, com rigor metodológico, universos pouco explorados pela ciência.

Ricardo de Castro propõe ao espectador experiências que visam o deslocamento do indivíduo para a abertura de novos espaços mentais, renovação de atitudes cotidianas, destruição de padrões e o redesenho de um pensamento livre. A obras, que trazem em si ideias de magia, ciclo, morte e renascimento, são de caráter relacional e, em alguns casos, acontecem em espaços públicos, visando compartilhar com o maior número de pessoas a energia elaborada no trabalho. A fotografia Totem Magia (2010) é um registro de uma ação que Ricardo realizou na Quebrada da Morte, no Deserto do Atacama, no Chile.

A instalação Blue Fungus é um projeto do estúdio Moniker, desenvolvido a partir de sua prática processual Conditional Design. O Conditional Design é uma abordagem que reflete as tendências da nossa sociedade contemporânea - sob a influência da mídia e das rápidas mudanças tecnológicas, nosso mundo, nossas vidas e a maneira como nos relacionamos uns com os outros são cada vez mais caracterizadas pela velocidade em estado de fluxo constante. Os visitantes recebem uma folha com quatro adesivos quando entram no espaço. Eles são autorizados a fixar os adesivos em algum ponto na exposição, de acordo com um simples conjunto de regras. Os padrões emergem porque as pessoas vão observar o que os visitantes anteriores fizeram e reagirão a isso. Em última análise os visitantes funcionam como um coletivo para formular uma imagem.

O trabalho sonoro Oráculo (2009) de Arnaldo Antunes remete à leitura de um oráculo. Em uma grande colagem, o espectador ouve trechos de textos de filosofia, fotonovela, convites, documentos, textos de reportagem e fragmentos de poemas. Com uma entonação uníssona, todas essas referências parecem fazer parte de uma única e mesma narrativa – uma releitura poética da prática milenar de consultar as divindades sobre o futuro.

Completa a exposição o objeto interativo Quando tudo o que aprendi não serviu para nada, a Mateo Velázquez in memoriam (2009), do paulista Fernando Velázquez, uma forte metáfora sobre as nossas buscas futuras.

Sobre a curadora
Artista midiática e curadora. Desenvolve projetos em colaboração com instituições como British Council, AHRC, Mondriaan Foundation, Virtueel Platform e FutureEverything. Atual curadora da Mostra 3M de Arte Digital 2013 no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo e idealizadora do projeto Labmóvel (menção honrosa no Prix Ars Electronica 2013). Co-curadora da ZERO1 2012 - Bienal de Artes e Tecnologia, San José, Califórnia (American Institute of Architects 2013 Design awards). Ex-professora e orientadora do MA em Mídias Interativas na Goldsmiths University, Londres. Gerenciou a criação do LABMIS, laboratório de mídias do Museu de Imagem e do Som, onde foi responsável pelo programa de mostras, residências artísticas, workshops, festivais e relações com instituições internacionais. Seu trabalho foi exposto na Whitney Biennial (NY), Stedelijk Museum (Amsterdam), ICA (Londres), Johnson Museum of Art (Ithaca), Centre d’ Art Contemporain (Geneve) e na Bienal de São Paulo. Teve publicações em periódicos como Creative Review, Blueprint, The Guardian e Arco Magazine. Professora de “Design & Inovação” na FAAP.


IV Mostra 3M de Arte Digital
Abertura: 08 de outubro, às 20h
Visitação: 09 de outubro a 03 de novembro de 2013, de terça a domingo, das 11h às 20h
Patrocínio: 3M
Realização: Elo3 Integração Empresarial

Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) - Pinheiros SP Fone: 11.2245-1900

Informações à Imprensa
Marcy Junqueira – Pool de Comunicação
Contato: Martim Pelisson / Fone: 11.3032-1599

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