Fui a essa mostra com um certo preconceito, pois tenho com a arte "moderna" um pequeno trauma e sempre encontro obras vazias, rápidas feitas sem o menor critério ou rigor técnico.
Não foi o que ocorreu nesta exposição, já que as obras apresentadas, em sua maioria percebi, tiveram pelo menos um estudo ou projeto.
Uma ideia que se mostrou muito interessante foi a dos artistas vestirem ou fazer com que os visitantes se compusessem com peças de espuma pré cortadas com a ajuda de fitas elásticas, criando assim sua própria fantasia ou uma persona.
A atriz e cantora Adriana Capparelli executou a performance da obra Do Androids Drean of Eletric Beatles? com um resultado até melhor do que o do vídeo original.
Em função do patrocínio, essa mostra recebeu a confecção de um belo catálogo, que merece ser guardado.
Yesterday - The Beatles
Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto Tomie Ohtake.
INSTITUTO TOMIE OHTAKE
APRESENTA
IV MOSTRA 3M DE ARTE
DIGITAL
FICÇÕES
RADICAIS
Abertura: 08 de outubro, às
20h
Visitação: 09 de outubro a 03 de
novembro de 2013
A 3M do Brasil, mantendo seu compromisso de debater e
incentivar a produção artística contemporânea ligada às mídias digitais, a Elo3,
idealizadora do projeto, novamente em parceria com o Instituto Tomie Ohtake,
realizam a IV Mostra 3M de Arte
Digital. Nesta edição, Ficções
Radicais constroem o eixo estabelecido pela curadora e artista midiática
Gisela
Domschke nos 20 projetos selecionados.
Segundo Domschke, a
ficção é uma forma de narrativa que lida com eventos não (ainda) factuais, que
nos permite explorar as possibilidades de nossos desejos, a fim de entender o
que são hoje as limitações. “Isso ajuda a dar um passo para além da estrutura
rígida de nossa forma de vida e olhar para as suas complexidades de uma certa
distância”.
Para Luiz Serafim,
Head de Marketing da 3M, “todos os anos, a empresa colabora de forma intensa
para a evolução da Mostra, buscando inspirar e promover a liberdade criativa, o
exercício de novos olhares e possibilidades, a diversidade de conexões, sob o
impacto da tecnologia, em perfeita sintonia com a essência de inovação
3M.”
Para a quarta edição, a curadora traz Charles Csuri, artista norte-americano
pioneiro da arte digital, com sua icônica obra Random War, 1967. Csuri capta o caos do
campo de batalha através da geração de números aleatórios que determinam a
localização e o ângulo do desenho de um pequeno soldado verde na página
impressa. O artista explora, através de sistemas matemáticos, uma nova idéia de
forma, uma nova idéia de estrutura. “Você pode ter trinta dimensões no lugar das
três usuais que sempre nos vêm em mente”, diz Csuri. “Não se trata de um espaço
real, mas sim de um espaço teórico.” Neste espaço convergem o pioneirismo das
experiências generativas da computação gráfica e a alusão a convulsão social
causada pela guerra do Vietnã na década de 60.
Outro pioneiro, o brasileiro Paulo Bruscky inicia a partir de 1970
pesquisas em suportes destinados à reprodução e circulação da imagem ou da
informação, como o fax, o xerox, raio-x, a imprensa, os carimbos. Em um
contexto de burocracia, de falta de ambiente institucional para a arte em sua
cidade e de repressão do período de ditadura militar no Brasil, os trabalhos de
Bruscky se apresentam como pequenas provocações,
colocando o cotidiano à prova. Máquina de Filmar Sonhos (1977) é parte
de uma série de inserções em classificados de jornal realizadas pelo artista.
Bruscky anuncia a venda de uma máquina de filmar sonhos, com filmes (preto e
branco ou colorido) e sonorizada, que possibilitaria ao comprador assistir a
seus sonhos tomando café da manhã.
Em “Drone Shadows”, James Bridle agencia a materialização
de uma tecnologia invisível, que permite o controle da visão e da ação à
distância. O que fazem exatamente essas máquinas voadoras robóticas – de
helicópteros de brinquedos a tecnologia de armamento militar - não se sabe ao
certo. Ao riscar no chão a caracterização fictícia dos drones, Bridle chama
nossa atenção para a uma tecnologia que, cada vez mais interconectada, permeia,
de forma invisível, nossa sociedade contemporânea. O que escolheremos fazer com
essa tecnologia é algo que depende de nossa capacidade de visualizá-las, para
então a agenciarmos de acordo com nossos desejos.
O sul coreano Hojun Song, em “Back to Program Ossi”, contesta o fato
de todos os programas espaciais serem dirigidos e desenvolvidos por governos ou
forças militares. “Ossi” - Open Source Satellite Initiative - é um satélite DIY
de uso individual, que possibilita uma conexão entre o indivíduo e o universo,
estimulando nossas fantasias. Também o
fotógrafo paulista Marcelo Zocchio
traz o espaço para o centro de sua obra, com a série “Planetas”, na qual registra nove viagens
ficcionais interplanetárias. A série é o resultado do interesse do artista por
questões relativas à relação do homem com o meio ambiente.
Tuur Van Balen, Catherine Kramer e Steven
Ounanian exploram as questões homem/ máquina em “Do androids Dream with Electrical
Beatles?”, onde Angelina performa uma versão de Yesterday, dos Beatles, cuja letra foi
modificada através de diversas traduções feitas por programas de computador.
Policing Genes é uma obra de design-fiction, em que o
inglês Thomas Thwaites imagina um
cenário, onde os genes de plantas geneticamente modificados são controlados por
um departamento da policia britânica especializado no policiamento das abelhas.
A
dupla inglesa Semiconductor
apresenta Worlds in the Making, uma
série de trabalhos recentes que exploram paisagens vulcânicas e a geologia única
das Ilhas Galápagos. Worlds in the Making (2011) é uma
vídeoinstalação com três projeções simultâneas, dividida em sete capítulos.
Tendo como ponto de partida a filmagem e animação de paisagens vulcânicas, rochas e minerais, e a utilização de técnicas científicas e dispositivos que o homem desenvolveu
para dar sentido a esses elementos,
este trabalho explora como o
homem observa, experimenta e cria
uma compreensão das origens do
mundo físico que nos rodeia. O espectador é levado para
um mundo que fica entre a ficção científica e a realidade
científica.
O holandês Matthijs Munnik em sua instalação Citadels: Lightscape busca explorar uma
esfera alucinatória dentro de nossos olhos através de efeitos estroboscópicos da
luz. Citadels é uma nova máquina dos sonhos, onde uma camada de padrões vívidos
cobre a realidade. A instalação permite ao observador investigar as infinitas
complexidades produzidas dentro do próprio olho. A dimensão geométrica de cores
puras, fractais, pixels, formas e formato deslumbrante.
Pesquisas sobre os efeitos
estroboscópicos da luz apontam que estes padrões surgem em razão da
interferência no sinal do olho para o córtex visual primário, esfericamente
transformado de acordo com o mapa retinotópico do olho. Esta
transformação cria as típicas estruturas vistas em alucinações.
Ainda mais importante, as estruturas comuns não são, portanto,
apenas uma construção da mente, mas percepções com origem física na arquitetura
interna do olho.
Também da Holanda, os artistas Persijn Broersen & Margit Lukács no
seu “Mastering Bambi”, criam uma
reconstrução do filme “Bambi” eliminando os seus personagens. A visão da
natureza do clássico de Walt Disney enraizada no romantismo europeu é
reinterpretada na floresta deserta e carente, onde a natureza torna-se o espelho da
nossa própria imaginação. A trilha
sonora é assinada por Berend Dubbe e
Gwendolyn Thomas.
Já o trabalho do inglês Justin Bennett transita entre as artes
visuais, o audiovisual e a música, com foco específico no desenvolvimento urbano
e na relação entre arquitetura e som. Para a mostra, ele cria um sound walk a
ser experienciado nas ruas pelos visitantes, nos arredores do Instituto Tomie
Ohtake.
O brasileiro Marcelo Krasilsic também apresenta um
trabalho criado especialmente para esta edição da Mostra. #PHOFOAM é uma
instalação performática onde os participantes fotografam e são fotografados
vestindo adereços de espuma e elásticos. As fotos são distribuídas no Instagram
com o hastag #PHOFOAM. A performance explora as múltiplas dimensões do discurso social contemporâneo
e evoca referências diversas - do wearable da literatura sci-fi ao Parangolé de Helio Oiticica.
A dupla de fotógrafos suecos Inka & Niclas investiga paisagens
naturais intocadas. Suas imagens causam estranheza através de interferências
sutis, como a de um spray que tinge a paisagem retratada ou a simples presença
de um visitante humano.
O norte-americano Golan Levin apresenta “The Free Universal Construction Kit”.
O projeto oferece cerca de 80 adaptadores entre brinquedos como Lego, Duplo, Fischertechnik, Gears!, K’Nex,
Krinkles (Bristle Blocks), Lincoln Logs, Tinkertoys, entre outros. Ao permitir que qualquer peça se encaixe com qualquer outra, o Kit incentiva novas
maneiras de relações entre os
sistemas fechados, permitindo a criação de projetos até então impossíveis. Os adaptadores podem ser baixados em sites de compartilhamento para a
reprodução por dispositivos de
fabricação pessoais, como a
Makerbot (uma impressora 3D open-source de baixo
custo).
Um sistema de “meta-mashup", o Kit
possibilita um processo criativo, onde qualquer pessoa pode desenvolver
as peças necessárias para modificar ou adaptar produtos
comerciais produzidos em massa. Um convite
para refletir sobre a nossa
relação com a cultura material de
massa e a evolução das
formas nas quais podemos melhor
adaptá-la à nossa
imaginação.
De autoria da dupla Mario Ramiro e Gabriela Greeb, Rede
Telefonia (2009) é uma peça
sonora de 4 minutos e 33 segundos criada a partir das escutas e das gravações
realizadas por Hilda Hilst nos anos 1970. Obra baseada nas experiências
realizadas pela escritora brasileira nos anos 70, quando ela procurava por meio
de gravações de sinais de rádio um canal de comunicação com amigos já falecidos.
A obra documenta uma prática experimental da escritora que
explora, com rigor metodológico, universos pouco explorados pela
ciência.
Ricardo de Castro propõe ao espectador experiências que
visam o deslocamento do indivíduo para a abertura de novos espaços mentais,
renovação de atitudes cotidianas, destruição de padrões e o redesenho de um
pensamento livre. A obras, que trazem em si ideias de magia, ciclo, morte e
renascimento, são de caráter relacional e, em alguns casos, acontecem em espaços
públicos, visando compartilhar com o maior número de pessoas a energia elaborada
no trabalho. A fotografia Totem Magia
(2010) é um registro de uma ação que Ricardo realizou na Quebrada da Morte, no
Deserto do Atacama, no Chile.
A instalação Blue Fungus é um projeto do estúdio Moniker, desenvolvido a partir de sua
prática processual Conditional
Design. O Conditional Design é
uma abordagem que reflete as tendências da nossa sociedade contemporânea - sob a
influência da mídia e das rápidas mudanças tecnológicas, nosso mundo, nossas
vidas e a maneira como nos relacionamos uns com os outros são cada vez mais
caracterizadas pela velocidade em estado de fluxo constante. Os visitantes
recebem uma folha com quatro adesivos quando entram no espaço. Eles são
autorizados a fixar os adesivos em algum ponto na exposição, de acordo com um
simples conjunto de regras. Os padrões emergem porque as pessoas vão observar o
que os visitantes anteriores fizeram e reagirão a isso. Em última análise os
visitantes funcionam como um coletivo para formular uma imagem.
O trabalho sonoro Oráculo (2009) de Arnaldo Antunes remete à leitura de um
oráculo. Em uma grande colagem, o espectador ouve trechos de textos de
filosofia, fotonovela, convites, documentos, textos de reportagem e fragmentos
de poemas. Com uma entonação uníssona, todas
essas referências parecem fazer parte de uma única e mesma narrativa – uma
releitura poética da prática milenar de consultar as divindades sobre o
futuro.
Completa a exposição o objeto interativo
Quando tudo o que aprendi não serviu para
nada, a Mateo Velázquez in memoriam (2009), do paulista Fernando Velázquez, uma forte metáfora
sobre as nossas buscas futuras.
Sobre a
curadora
Artista midiática e curadora. Desenvolve projetos em
colaboração com instituições como British Council, AHRC, Mondriaan Foundation,
Virtueel Platform e FutureEverything. Atual curadora da Mostra 3M de Arte
Digital 2013 no Instituto Tomie Ohtake, São Paulo e idealizadora do projeto
Labmóvel (menção honrosa no Prix Ars Electronica 2013). Co-curadora da ZERO1
2012 - Bienal de Artes e Tecnologia, San José, Califórnia (American Institute of
Architects 2013 Design awards). Ex-professora e orientadora do MA
em Mídias
Interativas na Goldsmiths University, Londres. Gerenciou a
criação do LABMIS, laboratório de mídias do Museu de Imagem e do Som, onde foi
responsável pelo programa de mostras, residências artísticas, workshops,
festivais e relações com instituições internacionais. Seu trabalho foi exposto
na Whitney
Biennial (NY), Stedelijk Museum (Amsterdam), ICA (Londres), Johnson Museum of
Art (Ithaca), Centre d’ Art Contemporain (Geneve) e na Bienal de São Paulo.
Teve publicações em periódicos como Creative
Review, Blueprint, The Guardian e Arco Magazine. Professora de “Design &
Inovação” na FAAP.
IV Mostra 3M
de Arte Digital
Abertura: 08 de outubro, às 20h
Visitação: 09 de outubro a 03 de novembro de 2013, de
terça a domingo, das 11h às 20h
Patrocínio:
3M
Realização: Elo3 Integração
Empresarial
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) -
Pinheiros SP Fone: 11.2245-1900
Informações à Imprensa
Marcy Junqueira – Pool de
Comunicação
Contato: Martim Pelisson / Fone:
11.3032-1599
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