Belíssima exposição na Galeria Estação onde estão apresentadas várias obras deste artista pouco conhecido aqui em São Paulo. Além da montagem, o espaço nos brinda também com um catálogo excepcional da mostra, isso tudo sem nenhum patrocínio.
As pinturas mostradas, embora possam parecer ingênuas, passam longe da estética naiif, pois o artista, apesar de ter começado sua carreira como auto-didata, teve instrução e conviveu com obras de várias escolas europeias de arte.
A falta do uso das perspectivas não nos priva da sensação espacial das cenas, já que com o uso de "pentes" sobre as tintas e bases o artista consegue dar volume às telas.
Evocação das Montanhas - Milton Nascimento
Abaixo das imagens, o "press-release", fornecidos pela assessoria de imprensa do evento.
Lorenzato, a grandeza da modéstia
NA GALERIA
ESTAÇÃO
Abertura:
11 de março, às 19h - Até 11 de maio de 2014
Em 2014, quando completa 10
anos, a Galeria Estação insiste na busca contínua de apontar como a produção de
raiz brasileira se insere na narrativa contemporânea. O espaço paulistano dá
inicio às comemorações com a inédita exposição de telas do artista mineiro
Amadeu Luciano Lorenzato (Belo Horizonte, 1900 – Belo Horizonte,
1995). Com curadoria do professor
Laymert Garcia dos Santos, a mostra traz 36 obras garimpadas em leilões e
coleções particulares pela galerista Vilma Eid. Durante a abertura ocorrerá o
lançamento em São
Paulo do livro “Lorenzato”, de Maria Angélica Melendi (191 pgs,
R$45,00).
Ainda pouco conhecida do
público paulistano, a pintura de Lorenzato é produto de uma técnica muito
própria, de difícil definição e resultado arrebatador. Para o curador, durante
décadas, ele foi considerado um artista regional, um naif, ou um primitivo, muito embora não se
reconhecesse como tal e preferisse se auto-qualificar como atual. "Talvez sua
obra tenha sido vista nesses registros porque Lorenzato era autodidata, não se
incluía em nenhum ismo, inexistia
para o mercado de arte brasileiro e não reivindicava nenhuma escola ou
tradição", afirma Laymert. O fato de ser pobre e de ter exercido diversos
ofícios pouco nobres, sobretudo o de pintor de parede, potencializavam a sua
marginalidade. "No entanto, o homem e a obra não se conformam aos clichês. pois
na modéstia de sua vida e no compromisso de sua arte reside a grandeza”,
ressalta o curador.
Suas elaboradas figurações
exploram temas e alegorias que vão dos retratos às paisagens – o céu, o campo, a
cidade, as árvores -, revelando apuro na combinação de cores e uma síntese na
articulação dos elementos pelo pincel. Segundo o professor, outra marca de
Lorenzato está no acabamento de suas pinturas, com o uso do pente sobre a tela,
nunca de forma uniforme ou repetitiva, sempre trazendo movimento e textura às
obras. O escultor Amílcar de Castro, que estimava o trabalho do artista,
costumava dizer que, além de pintar muito bem, Lorenzato penteava a pintura. O
ato de trabalhar com o pente "provoca movimento e vibração ao todo e às partes,
bem como ao fundo e às figuras". O resultado é uma variedade de céus povoando as telas. "Neles o
ar circula, ora levando-os para longe, para o fundo, criando distância, ora
interpondo-se entre os diversos planos de montanhas”, completa
Laymert.
Sobre o
artista:
Amadeo Luciano Lorenzato
(Belo Horizonte, 1900 – Belo Horizonte, 1995)
foi pintor de paredes, pedreiro e artista plástico. Filho de imigrantes italianos, foi educado na capital
mineira e tornou-se pintor de parede. Com a epidemia da gripe espanhola
que castigou a capital nos anos 20, a família de Lorenzato retornou à
Itália onde o jovem frequentou a primeira escola especializada, a Real Academia
de Arte, de Vicenza. Foi durante este período que o jovem artista conheceu e se
encantou pela obra dos mestres do primeiro Renascimento.
Em Roma conheceu o
caricaturista holandês Cornelius Keesman, com quem viajou pela Europa passando
pela Bélgica e França, onde expandiu seu interesse e conhecimento sobre arte.
Em 1948, voltou ao Brasil com a mulher e o filho
e se instalou em Petrópolis, onde trabalhou como pintor. A partir de 1950, Lorenzato passa a viver e
trabalhar em Belo
Horizonte , na construção civil. Exerceu o ofício até 1956,
quando teve uma perna fraturada em um acidente de trabalho. A partir daí, passou a se dedicar à
pintura artística, que exercitou até a morte, em 1995. Realizou diversas
exposições individuais e coletivas em museus e galerias de Belo Horizonte e
possui obras nos acervos da Fundação Clóvis Salgado e Museu de Arte da
Pampulha.
Serviço:
Lorenzato, a grandeza da
modéstia
Curador: Laymert Garcia dos
Santos
Abertura: 11 de março, às
19h (convidados)
Período da exposição de 11
de março à 11 de maio 2014, de segunda a sexta, das 11h às 19h, sábados das 11h
às 15h - entrada franca.
Galeria Estação
Rua Ferreira de Araújo, 625
– Pinheiros SP
Fone:
11.3813-7253
Adorei! Me lembra infância e tocou meu coração. As cores são lindas!
ResponderExcluirOi Ana Lúcia, é realmente emocionante. Sem saber escolhi uma música que tem tudo a ver com as obras. Bjs.
ExcluirSempre é possível ver algumas de suas em leilões de Belo Horizonte. Ele tem um público fiel por aqui. Seus trabalhos são de uma complexa ingenuidade.
ResponderExcluirBela dica!
Grande abraço!
Olá José.
ResponderExcluirÉ sempre muito bom receber seus comentários aqui, e com esse, você me mostrou a perfeita definição dos trabalhos desse artista. Uma complexa ingenuidade.
Mais uma vez, obrigado pela visita.
Abraços,