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quinta-feira, 8 de maio de 2014

UM TRÁGICO NOS TRÓPICOS - IBERÊ CAMARGO

Considerado um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros do século XX recebe uma homenagem em forma de retrospectiva de sua longeva carreira, mostrando obras das suas diversas fases de propriedade tanto do Instituto Iberê Camargo, como de colecionadores.

Nunca fui um fã de Iberê Camargo, sempre que via seus trabalhos tinha a sensação de ser um total ignorante, pois além de não gostar do que via, ficava irritado e intrigado por não perceber valor nenhum naquelas obras. 

E não é que essa exposição suavizou um pouco meu desconforto, pois as obras apresentadas me fizeram perceber que tinha razão. A angustia inicial em seus trabalhos foi muito mais intensificada após a tragédia que se abateu em sua vida, quando em legitima defesa matou um homem.

Esse é um passeio que não pode deixar de ser feito, mesmo que cheguemos já com uma certa prevenção.




Renato Borghetti - Milonga para Missões

Abaixo das imagens, o press-release, fornecidos pela assessoria de imprensa do evento.










CCBB SÃO PAULO APRESENTA


 UM TRÁGICO NOS TRÓPICOS


Retrospectiva inédita no CCBB São Paulo marca o início das homenagens ao centenário de Iberê Camargo

Recorte extenso das obras do artista ocupará todo o prédio da instituição em São Paulo

Projeto é uma co-realização do CCBB São Paulo com a Fundação que leva o nome do artista.

O Centro Cultural do Banco do Brasil de São Paulo dá inicio às homenagens do centenário de nascimento de um dos maiores artistas brasileiros, Iberê Camargo, com a exposição “Um Trágico nos Trópicos”, que acontece no período de 3 de maio a 7 de julho de 2014. O projeto, que tem co-realização da Fundação Iberê Camargo, configura-se como a primeira grande exposição do artista em São Paulo nos últimos dez anos, em alinhamento com as iniciativas da Instituição para o Centenário de seu artista patrono.

O CCBB São Paulo abrigará em torno de 145 obras de Iberê, entre pinturas e gravuras da coleção da Fundação e de colecionadores,  de forma a apresentar ao público parte importante da história do artista e sua relevância para as artes visuais no Brasil. Ao todo, serão aproximadamente 55 pinturas (das quais 50% pertence ao acervo da Fundação), cerca de 80 desenhos e gravuras (todos do acervo da Fundação) e mais de 10 matrizes de gravura.

Com curadoria de Luiz Camillo Osório, a exposição retrospectiva tem como premissa uma relação direta entre a presença viva da matéria pictórica e a potência trágica da pintura de Iberê. “A ênfase está na fase madura do artista, mostrando-a como coroamento de sua trajetória, em que a recuperação da figura foi menos um retorno a algo que havia sido abandonado e mais uma explicitação da corporeidade – do homem e da pintura e sua inscrição como visualidade encarnada”, afirma Camillo.

A primeira sala, no quarto andar, o ponto de partida do percurso, trará uma retrospectiva com os vários momentos da trajetória do artista. Segundo Camillo, “da pequena paisagem dos anos 1940 às enormes telas da última fase, a pintura vai se exasperando, o gesto com pincel e espátula vai ficando mais encrespado e mais introspectivo. A sala do terceiro andar será toda dedicada a esta última fase, das telas trágicas, do pintor diante de uma espécie de desespero inconformado, nada cínico, que aposta todas as suas fichas na força do acontecimento pictórico, como uma espécie de reencantamento sensorial a contrapelo de nossa eficiência técnica e instrumental. No segundo andar, veremos o processo de amadurecimento da trajetória de Iberê, dos carretéis até as telas dos anos 1980, quando a figura humana começa a reaparecer em suas obras. É a conquista de um estilo. No subsolo haverá uma pequena mostra complementar do Iberê gráfico, apresentada como uma exposição de câmara, intimista, em que muitos dos seus temas e obsessões são trabalhados no corte preciso da linha e das várias experimentações realizadas como gravador”.



Iberê Camargo, considerado um dos grandes e mais importantes nomes da arte brasileira do século 20, é autor de uma obra extensa, que inclui pinturas, desenhos, guaches e gravuras, com traços e sensibilidade única. Suas referências desde jovem eram personalidades independentes, como Guignard e Goeldi. Na Europa, estudou com mestres como Giorgio de Chirico, Carlos Alberto Petrucci, Antônio Achille e André Lhote. Iberê exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual durante sua carreira. Teve sua obra reverenciada em exposições de renome internacional, como a Bienal de São Paulo, a Bienal de Veneza, a Bienal de Tóquio e a Bienal de Madri, e integrou inúmeras mostras no Brasil e em países como França, Inglaterra, Estados Unidos, Escócia, Espanha e Itália. A questão do corpo e da carne (seja a da pintura e das tintas, seja a do homem e sua existência) marca a obra do artista desde seu início nos anos 1940 e a percorre até o final, nos anos 1990. Esta preocupação faz ressaltar a própria urgência da vida e sua inevitável finitude, com uma pincelada nervosa e precisa. Iberê faleceu em 1994, em Porto Alegre, deixando um acervo de mais de cinco mil obras – entre pinturas, gravuras, desenhos, guaches e documentos pessoais, que em grande parte integram o acervo da Fundação Iberê Camargo na capital sul rio-grandense.

A realização de “Um Trágico nos Trópicos” somente se viabilizou através de uma parceria da Fundação Iberê Camargo e o Centro Cultural Banco do Brasil, ambas instituições de grande magnitude no cenário cultural brasileiro. Sobre a parceria, Marcos Mantoan, Gerente Geral do CCBB SP, comenta: “Estamos muito felizes com a parceria e a grande oportunidade de homenagearmos um dos maiores artistas brasileiros de todos os tempos”.

Para Fábio Coutinho, da Fundação Iberê Camargo, “a oportuna homenagem do CCBB à Iberê Camargo no ano de seu Centenário e a parceria entre essas duas instituições demonstram o seu comprometimento em oferecer projetos de grande relevância cultural. Esperamos que a apresentação da obra de Iberê no CCBB aproxime ainda mais o público do legado desse grande artista.”

Integrando a retrospectiva, o CCBB São Paulo prepara atividades especiais junto à sua equipe educativa, como, por exemplo, visitas mediadas, oficinas educativas e atendimento ao público especial por meio de materiais táteis, no intuito de democratizar o acesso à obra do artista, considerado um dos mais importantes personagens da história da arte no Brasil.

Juntamente com a exposição, será publicado também um catálogo inédito com texto do curador Luiz Camillo Osório, incluindo textos e entrevistas de Iberê envolvendo personalidades como Augusto Massi, Carlos Martins, Clarice Lispector, Flávio Aquino, Joel Pizzini, Jorge Guinle, Lisette Lagnado, Paulo Reis e Pierre Courthion.

“Não há um ideal de beleza, mas o ideal de uma verdade pungente e sofrida que é a minha vida, é tua vida, é nossa vida, nesse caminhar no mundo.” – Iberê Camargo.

Resumo Biográfico – Iberê Camargo

Iberê Camargo nasceu em Restinga Seca, cidade do interior do Rio Grande do Sul, em novembro de 1914. O interesse pela arte manifestou-se cedo em Iberê que, já aos quatro anos, sentado debaixo da mesa, passava horas a fio a desenhar. Sua infância e as lembranças de sua cidade natal, como a estação ferroviária em que seus pais trabalharam, são elementos marcantes nas primeiras obras de sua carreira.

Em 1928, o artista ingressou na Escola de Artes e Ofícios de Santa Maria (RS). Lá, teve aulas com Frederico Lobe e Salvador Parlagreco. Sua mudança para Porto Alegre ocorreu apenas em 1936, ano em que iniciou o curso técnico de desenho de arquitetura do Instituto de Belas-Artes e começou a trabalhar como desenhista na Secretaria de Obras
Públicas do Rio Grande do Sul. Decidido a ser pintor e sentindo a necessidade de encontrar os meios que possibilitassem tal realização, Iberê mudou-se para o Rio de Janeiro, em 1942, com o apoio de uma bolsa de estudos concedida pelo Governo do Estado do Rio Grande do Sul. Insatisfeito, porém, com a proposta acadêmica da Escola Nacional de Belas-Artes, deixou a instituição e, ainda na capital fluminense, passou a ter aulas com Alberto da Veiga Guignard. Em 1943, junto de outros artistas, fundou o Grupo Guignard.

No Salão de Arte Moderna de 1947, Iberê Camargo apresentou a obra intitulada Lapa, pela qual recebeu o Prêmio de Viagem à Europa. Ávido por conhecimento, tornou-se aluno de nomes como Giorgio de Chirico, Carlos Alberto Petrucci, Antônio Achille, Leone Augusto Rosa e André Lhote. Seu retorno ao Brasil aconteceu em 1950. A partir de 1958, devido a limitações físicas provocadas por uma hérnia de disco, Iberê trocou o desenho e a pintura ao ar livre pelo trabalho no ateliê. Como motivo de suas composições, adotou o carretel, seu brinquedo de infância, desenvolvendo a partir dele sua pesquisa formal. Em 1961, recebeu o Prêmio de melhor Pintor Nacional na VI Bienal de São Paulo, com a série Fiada de carretéis.   

Ao longo de sua vida, Iberê Camargo exerceu forte liderança no meio artístico e intelectual. Entre várias outras atividades, destaca-se sua participação na organização do Salão Preto e Branco, em 1954, e, no ano seguinte, do Salão Miniatura, ambos realizados em protesto às altas taxas de importação de material artístico. O artista ainda lecionou, no ano de 1970, na Escola de Belas-Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Conhecido por seus carretéis, ciclistas e idiotas, Iberê nunca se filiou a correntes ou movimentos artísticos. Suas obras participaram de exposições de renome internacional, como a Bienal de São Paulo, a Bienal de Veneza, a Bienal de Tóquio e a Bienal de Madri, além de integrarem numerosas mostras no Brasil e em países como França, Inglaterra, Estados Unidos, Escócia, Espanha e Itália.

O artista faleceu em 1994, em Porto Alegre, deixando um acervo de mais de cinco mil obras, entre pinturas, gravuras, desenhos, guaches e documentos pessoais. Grande parte delas foi deixada à sua esposa, Maria Coussirat Camargo, e hoje integra o acervo da Fundação Iberê Camargo.

Resumo Biográfico – Luiz Camillo Osório

Luiz Camillo Osorio é Professor do departamento de filosofia da PUC-RJ e curador do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, desde 2009.

Dedica-se ao ensaio e à crítica e é autor dos livros Flavio de Carvalho: uma poética em trânsito, Cosac&Naify, SP, 2000; História de uma coleção: arte brasileira entre os anos 1960 e 1980 no acervo do banco JPMorgan-Chase, Rio de Janeiro, Andrea Jakobson Estúdio, 2003; Abraham Palatnik, Cosac&Naify, 2004; Razões da Crítica, Zahar, RJ, 2005; Ângelo Venosa, Cosac&Naify, 2008; Ione Saldanha - Fundação Iberê Camargo/ Cosac&Naify, 2012; Coleção Gilberto Chateaubriand – anos 90/ 00 e novíssimos, Barléu, 2014.

Realizou várias exposições como curador independente, entre elas “MAM-SP 60 anos”, OCA-Ibirapuera, 2008; “O Desejo da Forma: do Neoconcretismo a Brasília”, Akademie der Künste, Berlim, 2010; “Raimundo Colares”, MAM-SP, 2010; “Ione Saldanha”, Fundação Iberê Camargo/ MON-Curitiba e MAM-RJ, 2012/13.

Sobre o CCBB São Paulo

Inaugurado em 2001, o CCBB São Paulo busca a diversidade em seus projetos expositivos, que abrangem desde exposições históricas até movimentos contemporâneos, nacionais e internacionais. Depois de sucessos de público e crítica como “Impressionismo, Paris e a Modernidade” e “Mestres do Renascimento”, intervenções urbanas como as dos artistas Antony Gormley e Cai Guo-Qiang, apresenta agora uma homenagem a um dos mais importantes artistas brasileiros.

Sobre a Fundação Iberê Camargo

A Fundação Iberê Camargo, criada em 1995, um ano após a morte do artista, tem como objetivo preservar e divulgar sua obra. Além de aproximar o público deste que é um dos grandes nomes da arte brasileira no século 20, a instituição procura incentivar a reflexão sobre a produção contemporânea. A instituição realiza exposições, seminários, encontros com artistas e curadores, cursos e oficinas sobre a obra de Iberê Camargo e sobre questões ligadas à arte contemporânea, a fim de promover uma reflexão sistemática sobre o fazer artístico. A sede da Fundação, inaugurada em 2008, foi projetada por Álvaro Siza, um dos arquitetos contemporâneos mais importantes do mundo.

SERVIÇO

Iberê Camargo: Um Trágico nos Trópicos
Curadoria: Luiz Camillo Osório
Período: 3 de maio a 7 de julho
Horário de funcionamento: das 9h00 às 21h00, de quarta à segunda.
Local: CCBB - Rua Álvares Penteado, 112 - Centro - São Paulo – SP. Próximo às estações Sé e São Bento do Metrô. Estacionamento conveniado: Estapar Estacionamentos – Rua da Consolação, 228 (Edifícos Zarvos). R$ 15,00 pelo período de 5 horas. Necessário carimbar o ticket na bilheteria do CCBB. Informações: (11) 3256-8935. Van faz o transporte gratuito até as proximidades do CCBB – embarque e desembarque na Rua da Consolação, 228 (Edifício Zarvos) e na XV de novembro, esquina com a Rua da Quitanda, a vinte metros da entrada do CCBB.

Acesso e facilidades para pessoas com deficiência física// Ar-condicionado // Loja // Café Cafezal.
Informações: (11) 3113-3651/ 3113-3652. www.bb.com.br/cultura.

Contato para imprensa:
Adriana Miranda – Cinnamon Comunicação
(11) 3062.2015

Wagner Vasconcelos – CCBB São Paulo

(11) 3534-6558

Um comentário:

  1. Considerado um dos mais importantes artistas plásticos brasileiros do século XX recebe uma homenagem em forma de retrospectiva de sua longeva carreira, mostrando obras das suas diversas fases de propriedade tanto do Instituto Iberê Camargo, como de colecionadores.

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