Esse é um assunto que me fascina, a aliança da utilidade com a arte, com a beleza. A conjunção destes dois fatores quase sempre proporcionam um resultado surpreendente.
É encanador ver uma simples bomba d'água e ficar agradavelmente impressionado com seu desenho e logo pensarmos em substituir as nossas, mesmo que elas quase sempre fiquem instaladas em uma casa de máquinas ou porões.
Os objetos do cotidiano adquirem uma atração extra que supera suas funções originais.
As peças mostradas, além de bonitas são sempre confortáveis e funcionais trazendo a alegria do inusitado aos ambientes que se destinam.
Um belo passeio que completa a visita à mostra Histórias Mestiças, que está em cartaz no Instituto Tomie Ohtake.
Oh Land - Sun of a Gun
Abaixo das imagens, o "press-release" fornecidos pela assessoria de imprensa do Instituto Tomie Ohtake.
INSTITUTO TOMIE OHTAKE
APRESENTA
Design Dinamarquês - Mestres e Ícones
Abertura: 20 de agosto – até 28 de
setembro de 2014
Mestres e Ícones inaugura uma parceria entre o Instituto Tomie Ohtake, a
Agência Dinamarquesa para a Cultura e o Museu de Design da Dinamarca, que prevê
uma série de exposições de designers dinamarqueses no Brasil e de brasileiros
no país escandinavo.
Esta
primeira mostra no Instituto Tomie Ohtake traz
a proeminência do design dinamarquês construída no século XX até os dias de
hoje, por meio de 50 peças – objetos e mobiliário. A exposição destaca
sobretudo cadeiras, por sublinhar o modernismo orgânico adotado pelo país e que
tornou o seu design especialmente original, diferente da rigidez racionalista
praticada pela escola alemã.
Depois da Guerra, foi na Dinamarca e no restante da
Escandinávia, de maneira geral, que o ideal modernista de produzir para a massa
e entrar na vida diária das pessoas melhor se refletiu. O desenho mais orgânico
propiciou o surgimento de uma indústria forte que produzia peças leves,
flexíveis e dobráveis, mais aceitas e por isso mais populares.
A peça
mais antiga da exposição é a luminária PH de 1926, do designer Poul Henningsen,
também editor da revista Kritisk Revy
(1926/28/29), crítica do formalismo técnico e estético do avant-garde internacional, o qual chama de “modernistas
tristes”. Da conhecida era do ouro, os anos 1950 e 1960, a mostra reúne
criações dos excelentes mestres que se destacaram internacionalmente, como:
Finn Juhl, Hans Wegner e Arne Jacobsen e a ourivesaria de prata do fabricante
Georg Jensen. Na década de 1950, foi criado pelos dinamarqueses o sistema Lego,
que está presente na exposição com peças atuais e daquela década. Entre os
trabalhos dos anos 1980 e 1990 destacam-se as dos designers Jorgen Rasmussen,
Verner Panton e Nanna Ditzel, enquanto, do século XXI, as obras de Morten Voss,
Louise Campbell, Foersom&Hiort-Lorenzen
e Christian Flindt sinalizam a continuidade da histórica excelência.
Neste
pequeno, porém abrangente, panorama do design dinamarquês, o curador Lars
Dybdahl, do Museu de Design da Dinamarca, apresenta dez reflexões acerca da
identidade desta produção. Esses pontos estão todos em jogo nos 50 objetos da
exposição, em termos de significado e uso.
1/ O encontro com o novo que veio de fora –
moderação no diálogo com o estrangeiro
A
cultura de produtos e de design dinamarqueses foi formada no encontro com o novo
que veio de fora – posturas mediadoras, modificadoras e tradições têm se
desenvolvido durante muitos anos de interação com o estrangeiro. Especialmente
com o resto da Europa, e no século XVIII, e muito com os EUA e o Japão. No
presente, foi aberto o diálogo com o Brasil e os outros países do BRICS. O
diálogo com o estrangeiro normalmente tem se conectado com análise, um grande
potencial inovador e soluções de design com elaboração de características
técnico-funcionais de produtos.
2/ Construir pontes – “preservar a
continuidade do desenvolvimento”
Até
os anos 1960, a
indústria e cultura moderna da cidade foram comparadas e pesadas de acordo com
o significado da agricultura e da cultura de artesanato tradicional. E ao invés
de confronto de classes, a política dinamarquesa tem se baseado mais em
parceria social e em um modelo de bem-estar social. No campo do design, isso
significou um equilíbrio profissional entre tradições estáveis e processos de
modernização. Na estética de design, o normal não tem sido o rompimento radical
- antes a cultura de design tem buscado “preservar a continuidade do
desenvolvimento” (crítico de design italiano Augusto Morello, 1958).
3/ Habitabilidade – criação da atmosfera
(nórdica)
Já
nos anos 1920, funcionalistas dinamarqueses se distanciaram dos conceitos ao
mesmo tempo internacionais e avant-garde
de interiores de habitações. Nem a ”bomaskine” (a máquina de habitar) de Le
Corbusier ou o ideal de interior espartano e frio de Bauhaus ecoaram na
Dinamarca. Com uma tradição dinamarquesa e nórdica repleta de qualidade no que
diz respeito à cultura de interiores – e assim, certa cisão entre a estética da
habitação e a esfera pública –, essa também era a ótica dos designers
dinamarqueses após a Segunda Guerra, que estava sintonizada com refinamentos de
ideais de habitação modernos, simples e convidativos. A marcenaria de móveis
dinamarqueses, seu design e alto grau de elaboração, tiveram grande significado
para a “atmosfera nórdica clara e leve” da habitação – e ainda têm, num tempo em que o design
vintage e retrô são fortes evidências da qualidade do tempo, do caráter renovável
e da autenticidade dos objetos.
4/ Ferramenta estética, simplicidade e
detalhes
Mesmo
quando a estética industrial influencia o design dinamarquês, como, por
exemplo, em design de aparelhos, as referências ao uso de ferramentas são
altamente consideradas: em requinte e exposição honesta de construções; em
simples detalhes de cada objeto; no despertar das associações orgânicas; em
formas polidas que mimam a aproximação das mãos; no cultivo de materiais, etc.
Tudo num esforço fundamental de realizar e marcar um ‘preenchimento de produto’
qualitativo e compatível com o corpo, que seja a favor do usuário; e de um
desejo de deixar o produto se comunicar por si mesmo sobre seu uso.
5/ Artesanato (artístico) como fonte de
inovação para o design industrial
A
tradição de artesãos dinamarqueses de refinamento, tanto da ideia quanto da
forma, assim como o aprofundamento no caráter e nos tipos de materiais e
potenciais, têm enriquecido a qualidade do design dinamarquês industrial.
Especialmente quando o artesão também age como designer e, através disso, ativa
as possibilidades de diálogo entre as formas de práticas do artesão e os
processos que levam ao design do produto. A textura e a consciência do material
se tornaram, assim, num alto nível, um recurso histórico para o artesão
dinamarquês, e consequentemente, para o design de móveis e industrial. O
artesanato não é visto como uma forma de fabricação antiquada e pré-industrial
– e sim como uma qualidade emocional, inteligente e sensitiva.
6/ Valor simbólico e associativo
Quando
se fala de forma estereotípica do design dinamarquês, geralmente se evidencia a
paz, a harmonia, o funcional e o discreto, a renúncia e a adaptação, o profundo
respeito pelo trabalho e coisas similares. Assim, move-se a consciência precisa
do valor simbólico da forma, seu potencial criador de imagens e despertador de
associações, que com grande força renovadora se manifesta em 1945 em todo o campo
do design dinamarquês. A cultura visual dos produtos tinha agora maior valor
que anonimato, um deslocamento claro que aponta mais para o design atual
escultural e significativamente interativo, do que o de “funcionalismo” que era
visto nos anos entre-guerras.
7/ O perfil empático e social – foco no
usuário
Na
sua mediação entre a produção e o mercado, os designers dinamarqueses têm
direcionado seu foco para o usuário e sua relação com o produto. Cuidado social
e reflexão ergonômica se tornaram, dessa forma, algumas das qualidades
empáticas do design dinamarquês. O clima social, mental e econômico na expansão
do estado de bem-estar social também trouxe o desenvolvimento de ferramentas de
ajuda para os fisicamente debilitados e de instrumentos técnico-médicos do
setor social e de saúde. O modelo do desenvolvimento de produtos num trabalho
conjunto entre o design e a indústria nesse campo se tornou uma marca.
8/ A postura antiautoritária – ascensão
para todos
A
tradição dinamarquesa de radicalismo, de mente aberta e de fala contra
autoridades, na ânsia de responsabilidade mútua e mudança, participação e
expressão própria, tem sido muito útil para o debate democrático de questões de
design de todas as espécies. Esse fator não hierárquico proporcionou o experimental
e o inovativo, o sentimento de comunidade e de confrontos férteis nos estúdios
e times de design. Muitos trabalhos de designers dinamarqueses dedicados à
qualidade pedagógica para crianças também estão localizados de maneira central
nesse contexto.
9/ O imperativo orgânico – sustentabilidade
Através
de sua iniciativa e agitação profissionais, designers críticos contribuíram
significantemente nos anos 1970 para uma nova consciência do meio-ambiente,
critérios de sustentabilidade e métodos de trabalho, que então foram depurados
nos anos 1990 quando o “design verde” dinamarquês entrou em cena. Em paralelo com a
visão de meio-ambiente que ocupava a agenda política dinamarquesa e
internacional, os designers afiaram suas competências em desenvolvimento
sustentável e cultura de produtos, e as exigências de usuários e leis tornaram
as considerações de meio-ambiente quase obrigatórias para os fabricantes. Fair trade também se tornou na Dinamarca
uma dimensão cheia de perspectivas em design e sustentabilidade.
10/ O novo temperamento – design
dinamarquês no contexto global
O
boom do design dos anos 1980 e o caminho para uma nova responsabilidade dos
anos 1990 enfraqueceram aparentemente a pegada moderada do design dinamarquês.
Muitas sementes de um presente e futuro eficaz de design foram plantadas nesses
anos: uma libertação de um temperamento expressivo e inovador em combinação com
novas tecnologias e um crescente engajamento humanístico e sustentável na
discussão das necessidades humanas e sociais. O desejo totalmente necessário de
pensar além da “tradição nacional” e a vontade de contribuir para uma nova
agenda internacional, onde os produtos indiferentes nunca serão um trabalho
para o valioso designer.
Como
atores na sociedade globalizada, os designers dinamarqueses vivem e fazem
designs tanto no plano internacional quanto regional, com estúdios e relações
de trabalho que hoje existem tanto fisicamente no local quanto digitalmente em
aplicativos na Internet. Um ponto de partida na cultura de design nacional
influencia ativamente e especialmente nas tendências retrôs à busca de
identidade e segurança, que como tal florescem tanto entre os designers quanto
entre os usuários. Mas igualmente forte é também a prontidão para o globalismo
– uma liga de mudança do “nosso próprio” representa a estabilidade e a dose
extra e picante do novo surpreendente que vem de fora, interceptado, e
incorporado talvez inconscientemente ou de modo bastante estratégico.
Esse
é o encontro no conceito peculiar “o glocal” – o global unido de forma complexa
com o local. E a questão complicada sobre o futuro nacional de caráter
condicional do design – Não vai desaparecer, ou se tornar inativo e vazio de
calorias nos processos globalizados difusos de natureza econômica, política e
cultural do presente e do futuro? Em todas as circunstâncias, é preciso
discutir num plano que desconstrua a mitologia.
Na prática de design futura, a transferência de design e a amostragem
intercultural são alguns dos pontos focais, e os produtos substanciais
exclusivos são desenvolvidos para muitos que
mexem com a realidade.
Design Dinamarquês – Mestres
e Ícones
Abertura: 20 de agosto, às 20h
Até 28 de setembro de 2014.
Entrada franca
Instituto Tomie Ohtake
Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés, 88) - Pinheiros SP
Fone: 11.2245-1900
De terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca
Informações à Imprensa
Pool de Comunicação – Marcy Junqueira / Martim Pelisson
Fone: 11.3032-1599
Nenhum comentário:
Postar um comentário