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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Forever - Dudu Santos

Neste sábado foi aberta a exposição Dudu Santos na Galeria Jaqueline Martins com obras de três fases do artista.

Ainda não conhecia nada sobre seus trabalhos, e qual não foi minha surpresa ao deparar com belíssimas telas, que não constavam do release da assessoria de imprensa.

Os quadros apresentam uma densidade ora instigante, ora inquietante, tomando nossa atenção fazendo-nos apreciá-las com vagar e atenção.

Uma coisa que me chamou a atenção foi o capricho e o entusiamo com que Jaqueline Martins desenvolve seu trabalho, pois além da magnífica instalação da mostra, nos brindou com um catálogo muito bem feito, para ser guardado e sempre consultado. A satisfação com que recebe seus convidados, mesmo aqueles que não são compradores, demonstra que mais do que uma comerciante de artes, é uma arte-educadora, uma formadora de opiniões.

Abaixo das imagens, texto de Mario Gioia de apresentação da exposição e o "press-release", fornecidos pela direção da galeria.





Tudo igual - Lulu Santos









Anárquica persistência

É uma das cenas inaugurais de Kippur - O Dia do Perdão (2000). Os amantes se envolvem com intensidade em meio ao corrimento de tintas. O entrelaçamento dos corpos pulsando na matéria das cores serve de contraponto à rigidez das composições geométricas das bandeiras, símbolos de lados opostos em um campo de batalha, o palco principal vivenciado pelos protagonistas do título. A hábil construção do diretor israelense Amos Gitai no longa, de forte tom documental e crítico, confere, assim, ao componente pictórico algo que não pode ser desligado da vida, da liberdade.

E o caráter livre norteia a carreira de Dudu Santos, na ativa desde 1961. Nos 50 anos de trajetória, talvez um dos momentos mais midiáticos se constituiu quando unia performance e pintura,em parcerias com modelos e atrizes. Tais eventos chamavam um numeroso público para a casa de dimensões amplas no Morumbi, em São Paulo, na qual um mezanino atestava a popularidade dos eventos, já que ficava repleto de observadores. A união entre o gesto do artista e os movimentos da bailarina nos faz remeter às provocativas Antropometrias da Época Azul (1960), ações do visionário Yves Klein (1928-1962) em consonância com suas modelos. A proposta de mínimas restrições de Dudu, em sintonia com os anos pós-ditadura militar, já era compreendida, por exemplo, na exposição Pinxit (1993), realizada nas galerias Dan e Mônica Filgueiras. Para a mostra, Lygia Fagundes Telles escreve: “Na ruptura com o conformismo das regras cristalizadoras, ele exige o movimento na sua instigante sucessão de imagens que se desencadeiam como num sonho. Ou delírio, mas num delírio que é tumulto e, ao mesmo tempo, ordem (...)”1.

Para a individual na galeria Jaqueline Martins, o artista ainda tem no gesto um forte procedimento de sua poética, mas a paleta parece mais escura, não solar. Aquele prazer do fazer artístico, tão em voga nos anos 80, nos quais Dudu também tinha correspondências com obras de nomes hoje mais lembrados _Jorge Guinle pode ser citado nesse grupo_ e menos incensados atulamente, mas com representatividade em coleções institucionais importantes _Adir Sodré, Ana Horta, Cláudio Fonseca, Felipe Andery, por exemplo_, persiste, mas parece ser resultante de um olhar mais crítico. Nesse sentido, as esculturas negras exibidas na mostra formam um conjunto também pouco otimista. Talvez seja o lado mais expressionista do artista impondo-se. A lembrar, Dudu foi assistente de Marcello Grassmann, outro nome de caminho à margem na arte brasileira e um dos eixos do expressionismo nacional.

Ao mesmo tempo, em produções paralelas, a não reverência do artista continua a chamar a atenção. Paradigmática nesse sentido é a série em que Dudu pinta o próprio caderno de assinaturas de sua exposição no Clube dos Artistas e Amigos da Arte, em 1961. Pelas páginas preenchidas por nomes e sobrenomes que hoje intitulam logradouros em pontos variados de São Paulo, pinceladas preenchem anteriores vazios, anarquizando o que tinha se sedimentado como um relicário de elite.

“Não existem mais fronteiras ou estilos. Tudo vale, nada vale. A história da arte foi virada de cabeça para baixo, e nesse sentido os ícones invertidos de Baselitz, Salomé, Kosuth valem como um símbolo da nova pintura. Em vôo cego, morcegante, os artistas penetram em todos os desvãos ou escaninhos da história da arte, do realismo e do simbolismo”2, escreve Frederico Morais, ao analisar a produção do começo da década de 80.

“Foi uma delícia”3, diz José Roberto Aguilar, importante artista dos interstícios entre pintura, performance e videoarte. Ele diz isso ao comparar os politizados anos 70 e sua produção na década seguinte, na importante mostra Arte como Registro, Registro como Arte: Performances na Pinacoteca de São Paulo, com apurada curadoria de Ana Paula Nascimento e Gabriel Moore Forell Bevilacqua. Tal exposição tem grande interesse por atestar que um segmento da produção da época, atualmente pouco visto e veiculado, realizado por artistas de trabalhos mais efêmeros e de difícil classificação começa a gerar estudos mais detidos do estabilishment institucional. Mesmo se atendo a obras executadas no museu paulistano, não seria absurdo construir pontes entre a produção de finas amarras de Dudu e muitos dos registros presentes na coletiva, como o de Genilson Soares, hoje também artista do elenco da Jaqueline Martins.

“Enfim, fundamentada nas ambiguidades do homem e nas tensões internas às obras, a atual produção de Dudu Santos indica a descoberta de um novo rumo e expressa o controle intelectual e o despudor anarquista de um artista que teima constantemente em renascer”4, analisa, com brilho, Miguel Chaia, para catálogo da galeria Denis Perri, em 1988. E é reconfortante perceber que, 23 anos depois, tal olhar ainda é válido.

Mario Gioia

Dudu Santos exibe pinturas, desenhos e objetos na Galeria Jaqueline Martins

Mostra “Forever”, que será inaugurada em 10 de setembro, permanece em cartaz até 11 de outubro

Comemorando 50 anos de sua primeira exposição individual, em 1961 no Clube dos Artistas e Amigos da Arte, em SP, o pintor Dudu Santos inaugura no sábado, 10 de setembro, a mostra “Forever”, na Galeria Jaqueline Martins, sua representante desde o começo de 2011. Artista reconhecido pela densidade e expressividade de sua obra, Dudu volta a realizar uma individual em São Paulo após 6 anos. A entrada é franca.

A exposição - “Forever” reúne pinturas expressionistas (acrílicas sobre tela), 20 desenhos das séries Dark, Estudos e Poeta, além de 4 objetos criados pelo artista, cuja paleta de cores traz, em geral nessa mostra, um aspecto mais denso e crítico.

“Para a individual na Galeria Jaqueline Martins, Dudu Santos tem no gesto um forte procedimento de sua poética, mas a paleta parece mais escura, não solar. Aquele prazer do fazer artístico, tão em voga nos anos 80, persiste, mas parece ser resultante de um olhar mais crítico. Nesse sentido, as esculturas negras exibidas na mostra formam um conjunto também pouco otimista. Talvez seja o lado mais expressionista do artista impondo-se”, avalia o crítico Mario Gioia em texto assinado para o catálogo da exposição.

Efeméride – Durante essas 5 décadas dedicadas à arte, Dudu Santos atuou também como marchand, em um período de 10 anos compreendido entre 1976 e 1985. Sua produção artística nesse intervalo foi menos constante, tendo sido retomada após sua saída da Grifo Galeria de Arte de São Paulo, que tornou-se um dos espaços fundamentais para a arte contemporânea no cenário nacional da época e que é um marco lembrado ainda hoje como fator constituinte do mercado de artes atual.

Sobre o trabalho de Dudu Santos assim se expressaram importantes personalidades do meio artístico brasileiro:

“Nesta fase de revolução e libertação, a obra de Dudu Santos adquire instantes de sortilégio. Magia. Na ruptura com o conformismo das regras cristalizadoras, ele exige o movimento na sua instigante sucessão de imagens que se desencadeiam como num sonho. Ou delírio, mas num delírio que é tumulto e ao mesmo tempo, ordem, a ordem que nasce da energia criadora. Nessa energia de lucidez em meio da paixão, os impulsos de luxúria, desafio e também fragilidade na repentina cegueira da dançarina que passa a ser conduzida pelo criador na sua busca sem tempo para os pinceis, Dudu Santos toma das cores e as submete com suas próprias mãos.”

LYGIA FANGUNDES TELLES

“Durante todos esses anos, Dudu Santos tem perseguido essa verdade advento, fazendo de sua história particular a história da arte brasileira, uma história que, em geral, se nutre da história da arte internacional. Sua arte é a projeção de sua história particular, dos adventos e eventos artísticos de que participou. E não foram poucos, nesses últimos trinta anos de percurso. E como a origem da obra de arte está na origem do Ser, foram muitas as mudanças, as metamorfoses, as transubstanciações do Ser e da Obra.”

ALBERTO BEUTTENMüLLER

“Não se faz sucesso impunemente. A brilhante atuação da Galeria Grifo em São Paulo (e que não é apenas de mercado, mas também de contribuição real á cultura) transformou a imagem de Dudu Santos na do marchand por excelência. Inteligente, sensível e informado, ele se tornou o mediador ideal e confiável nesses delicados terrenos em que a beleza convive com o dinheiro.”

OLIVIO TAVARES DE ARAÚJO

Dudu Santos - Iniciou os estudos de arte em 1953, com a artista húngara Kizly Piroszka. Seu talento foi moldado ainda através de estudos com nomes das Artes como Eduardo Sued, Nelson Nóbrega, Yolanda Mohaly, Marcelo Grassmann, Renina Katz e Mario Gruber.

Sua primeira mostra individual aconteceu em 1961 e suas obras estão no acervo de grandes museus e pinacotecas como o MAC - Museu de Arte Contemporânea de São Paulo, MAB - Museu de Arte Brasileira da Fundação Armando Alvares Penteado, MOA, Museum de Art - Japão. Dudu Santos fez mais vinte exposições individuais no Brasil e no exterior, participou de diversas bienais nacionais e internacionais. O artista plástico ostenta um currículo vasto e respeitável é hoje um dos principais nomes em atividade do seleto mundo das artes do Brasil.

Galeria Jaqueline Martins - Com foco na arte contemporânea e na constante pesquisa em (re) descobrir artistas que têm uma importância cultural fundamental para a cena atual da arte contemporânea, a Galeria Jaqueline Martins representa artistas como Alex Vallauri, Genilson Soares, Alzira Fragoso, Adrianna Eu, Azeite de Leos, Daniel Nogueira, Dudu Santos, Nara Amélia e Ronaldo Aguiar.

Serviço:

Exposição Forever, de Dudu Santos

Local: Galeria Jaqueline Martins

Endereço: Rua Virgilio de Carvalho Pinto, 74 – Pinheiros – São Paulo, SP

Telefone: (11) 2628 1943

Abertura para convidados: 10 de setembro, sábado a partir das 11h

Data: de 12 de setembro a 11 de outubro

Horários: de segunda a sexta das 11h30 às 19h; sábado das 11h às 17h

Entrada franca

Informações para a imprensa:

Vicente Negrão Assessoria (11) 3060.8397/ (11) 3064.2563

Vicente Negrão (11) 9203.0475 – vicente@vicentenegrao.com

Filipe Bezerra – (11) 8102.8116 – filipe@vicentenegrao.com

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