Visualização de vídeos

Os vídeos e músicas postados neste espaço podem não ser visualizados em versões mais recentes do Internet Explorer, sugiro a utilização do Google Crome, mais leve e rápido, podendo ser baixado aqui.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

Beuys e Bem Além – Ensinar como Arte

Demorei a escrever minhas impressões sobre esta exposição porque, sinceramente, tinha ficado sem saber o que dizer.

O mote da mostra, descrito no "press-release" abaixo das imagens, já dá a exata dimensão e seu objetivo, que é apresentar a relação entre Joseph Beuys e seus mais destacados alunos, com o contraponto, a convite dos curadores estrangeiros, de semelhante relação entre um destacado mestre brasileiro e seus pupilos, no caso Nelson Leirner.

Há nesta exposição, algumas obras de uma beleza ímpar, tanto no lado alemão, quanto no lado brasileiro, mas há também obras de tamanha vanguarda e arrojo que me fugiram, fiquei sem condições de apreciá-las plenamente.

É um passeio que vale muito a pena, pois ali temos contato com vários artistas e obras que dificilmente teremos outras oportunidades de conhecer ou rever.



Seu Tipo - Ney Matogrosso






INSTITUTO TOMIE OHTAKE

APRESENTA

Beuys e Bem Além – Ensinar como Arte

Coleção Deutsche Bank

Abertura: 12 de setembro, às 20h (convidados) – até 30 de outubro de 2011

Beuys e Bem Além – Ensinar como Arte apresenta obras em papel, diretamente do Acervo do Deutsche Bank, de autoria do influente artista alemão Joseph Beuys (1921-1986), e de seis de seus mais destacados alunos: Lothar Baumgarten (1944), Imi Knoebel (1940), Jörg Immendorff (1945 – 2007), Blinky Palermo (1945-1976), Katharina Sieverding (1944) e Norbert Tadeuz (1940). A exposição documenta a busca de Beuys, como artista e professor, durante o pós-guerra na Alemanha e demonstra a ampla gama de posturas, técnicas e meios que incentivou seus alunos a explorar.

Este projeto, que comemora os 100 anos da presença do Deutsche Bank no Brasil, foi idealizado pelos curadores da Coleção, Friedhelm Hütte, Liz Christensen e Christina März, e se completa ao colocar ao lado do núcleo de Beuys outro artista que, assim como ele, também inovou no ensino da arte e teve papel fundamental na formação de novas gerações. Desta forma, no Brasil, a convite dos idealizadores alemães, os curadores brasileiros, Agnaldo Farias e Paulo Miyada, agregaram à exposição obras do artista e professor iconoclasta Nelson Leirner (1932), juntamente com trabalhos de sete se seus ex-alunos: Caetano de Almeida (1964), Leda Catunda (1961), Dora Longo Bahia (1961), Iran do Espírito Santo (1963), Sergio Romagnolo (1957), Edgard de Souza (1962) e Laura Vinci (1962).

Portanto a mostra traz esta seleção de trabalhos – cerca de 100 vindos da Alemanha e 50 brasileiros – sob a ótica de uma curadoria que vincula arte e educação em uma turnê que passa por seis museus latino-americanos em cinco países deste continente. Não se tem aqui o propósito de identificar uma versão latino-americana de Joseph Beuys, mas sim perceber um intercâmbio de ideias sobre pedagogia e arte, a partir do contexto histórico de cada país. A mostra parte em busca de diferenças e de bases compartilhadas na forma de experimentação e diálogo.

Na condição de artistas e professores excepcionais, cujas aulas gozavam de grande popularidade, Beuys e Leirner revelam vários pontos de intersecção, sobretudo no tocante à natureza disseminadora de seus ensinamentos, o teor político de suas obras e os seus esforços voltados à propagação da arte ao maior número possível de pessoas.

As ideias radicais de Beuys sobre ensino, bem como suas teorias acerca do elevado papel do artista na sociedade, renderam-lhe reputação como um dos artistas mais importantes e polêmicos do século XX. “Minha maior obra de arte é ser professor”, declarou Beuys em uma entrevista concedida à revista Artforum em 1977. “O restante é um produto residual, uma mera demonstração.” A frase reflete a importância por ele atribuída ao magistério, que considerava extensão de sua própria atividade artística. Beuys lecionou oficialmente na Academia de Artes de Düsseldorf de 1961 a 1972 e, de forma alternativa, em projetos realizados em parceria com a Universidad Libre Internacional (1973 - 1988), uma proposta educacional concebida juntamente com o escritor alemão Heinrich Böll (1917-1985).

Beuys descobriu na prática do ensino uma plataforma para suas ideias utópicas e provocativas sobre a “arte como capital social”, e para atuar como defensor de uma abordagem mais ampla e democrática à arte, através da qual as pessoas pudessem participar da criação de novos modelos de arte como “escultura social”. Beuys colocou em xeque as convenções acadêmicas de seu tempo, fundadas na hierarquia, declarando que qualquer um poderia matricular-se em suas aulas de arte, sem nenhum portfólio como pré-requisito, sendo então demitido da Academia com grande alarde e repercussão. Exaltou o engajamento direto da arte à vida, promovendo o ativismo político, frequentando ao mesmo tempo aulas de desenho.

A prática pedagógica de Nelson Leirner, por sua vez, também nasceu de seu engajamento político como artista e da defesa apaixonada da liberdade de expressão, fruto de sua experiência anterior da arte e da cultura anestesiadas pela linha dura do regime militar, iniciada em 1969. Naquele período, Nelson lecionava arte na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP) e reinventava, em conjunto com seus colegas Julio Plaza, Regina Silveira e Walter Zanini, técnicas não convencionais de treinamento de artistas.

Os métodos adotados por Leirner para minar o sistema pedagógico vigente e rejeitar seu caráter pretensioso seriam memoráveis e, muitas vezes, impiedosos: ele era capaz de tecer elogios e analisar uma obra que alunos de níveis mais avançados poderiam julgar ingênua ou mal estruturada, dar notas seguindo critérios aleatórios, a partir, por exemplo, de cartas de baralho, ou acatar auto-avaliações de alunos, ainda que eles próprios não tivessem conhecimento do motivo pelo qual haviam sido solicitados a fazê-la. Uma simples mesa sobre a qual colocasse uma folha de papel poderia tornar-se espaço de trabalho, e uma sala de aula poderia transformar-se em alguma coisa entre um palco e um púlpito. As aulas de Leirner revelavam-se verdadeiras performances, muito procuradas por alunos de todos os níveis e até mesmo por estudantes já formados, que regressavam para ouvir suas proposições e participar de discussões abertas.

Assim como Beuys, as perguntas e provocações de Leirner tinham claramente o intuito de tirar as pessoas de sua zona de conforto e de rejeitar o mercado como medida ou objetivo de suas investigações. Os alunos de ambos os professores eram, e ainda são, influenciados por esses dois referenciais que vivenciaram regimes militares e por eles foram transformados. Os atos de lançar luzes sobre áreas obscuras e incentivar os alunos a explorarem e defenderem suas próprias posições de forma pessoal, conceitual e material atestaram o comprometimento pedagógico desses dois homens. Valendo-se do poder do humor, da oposição, da mitologia e da performance/representação pessoal, os próprios Beuys e Leirner empregaram a arte como instrumento de navegação para averiguar as falácias em construções de sentido em diferentes sociedades, tendo propiciado estratégias de direcionamento individual por meio da prática educacional e criativa.

Beuys e Bem Além – Ensinar como Arte foi anteriormente exibida em Santiago do Chile, Buenos Aires, Cidade do México e Monterrey, também no México, e em Bogotá.

Exposição: Beuys e Bem Além – Ensinar como Arte

Abertura convidados: 12 de setembro, às 20h

Visitação: de 13 de setembro a 30 de outubro de 2011, de terça a domingo, das 11h às 20h – entrada franca

Instituto Tomie Ohtake

Av. Faria Lima, 201 (Entrada pela Rua Coropés) - Pinheiros SP Fone: 11.2245-1900

Informações à Imprensa

Marcy Junqueira – Pool de Comunicação

Contato: Martim Pelisson / Fone: 11.3032-1599

marcy@pooldecomunicacao.com.br / martim@pooldecomunicacao.com.br

Nenhum comentário:

Postar um comentário