Foi aberta na Pinacoteca, sábado 03/09/2011, uma bela exposição com obras do cartunista e ilustrador americano Saul Steinberg, com obras de diversos períodos de sua criação.
Foi também pintor e escultor com obras expostas em vários museus e galerias do mundo, sem se fixar em um único gênero artístico.
Os trabalhos apresentados carregam em seus traços uma fina ironia, quando não uma ácida critica aos usos e costumes americanos das décadas do pós-guerra, expondo e explorando suas idiossincrasias.
Os traços, aparentemente simples, carregam uma enorme simbologia, fazendo com que gastemos algum tempo a apreciá-los.
Abaixo das imagens, o "press-release" com as informações sobre a mostra e o artista, fornecidos pela assessoria de imprensa da Pinacoteca.
Englishman in New York - Sting
Saul Steinberg – As aventuras da linha
A Pinacoteca do Estado de São Paulo e o Instituto Moreira Salles apresentam a exposição Saul Steinberg. As aventuras da linha, com cerca de 110 desenhos do consagrado artista gráfico pertencentes ao acervo da Saul Steinberg Foundation. A mostra, organizada em parceria com a Pinacoteca do Estado de São Paulo, tem curadoria da historiadora Roberta Saraiva e apresenta obras produzidas por Steinberg entre os anos 1940 e 1950. Para essa exposição, foram restaurados 43 trabalhos.
Em Saul Steinberg: as aventuras da linha, são apresentadas obras que destacam o momento em que Steinberg se torna um artista internacional. Para isso, foram escolhidos trabalhos que fizeram parte de três importantes exposições: a primeira, Fourteen Americans, coletiva organizada pelo MoMA, em 1946; a segunda, uma mostra individual inaugurada em Nova York, em 1952, nas galerias Sidney Janis e Betty Parsons; e a terceira, uma exposição montada pelo Museu de Arte de São Paulo (Masp), também em 1952. Segundo a curadora Roberta Saraiva, “Aqueles que só conhecem o Steinberg da New Yorker ficarão surpresos com a exposição”.
Saul Steinberg ficou conhecido por, usando às vezes uma única linha, questionar em seus desenhos o papel das rotinas, a vida que levamos. A exposição revela ainda um pouco da lógica do trabalho do artista: o aspecto “serial” de sua criação. “Steinberg costumava trabalhar um tema ou motivo até esgotá-lo, produzindo longas séries de variações gráficas”, explica Roberta Saraiva. A mostra reúne, portanto, um número generoso de cowboys, trens, monumentos fictícios, pássaros, gatos e bichos sem nome, mulheres em casacos de pele, desfiles, desenhos de arquitetura, bombardeios e falsos documentos (passaportes e diplomas com assinaturas ilegíveis, selos e carimbos que Steinberg colecionava).
Em Saul Steinberg: as aventuras da linha, também estão expostos os desenhos murais que o artista criou para a Trienal da Milão, de 1954. São quatro desenhos em rolos de papel em formato ousado e proporções arquitetônicas que até então nunca foram expostos em conjunto: A linha, com 10 metros de comprimento, Tipos de arquitetura, com 7 metros, Litorais do Mediterrâneo, com 5 metros, e Cidades da Itália, com 3 metros. Todos possuem cerca de 45 cm de altura. Também integram a mostra dois trabalhos com inspiração brasileira: Pernambuco, uma mistura de personagens, bichos e motivos locais; e Grande Hotel de Belém, ambos realizados não propriamente no Brasil, mas a partir de desenhos de anotação e de cartões-postais colecionados por Steinberg durante uma viagem pelo país em 1952.
Steinberg no Brasil
Essa será a segunda vez que a obra de Steinberg será exposta no Brasil. Em setembro de 1952, o Museu de Arte de São Paulo (Masp) inaugurou uma exposição individual do artista, com uma variação da mostra inaugurada em Nova York, em janeiro do mesmo ano, nas galerias Sidney Janis e Betty Parsons. A vinda da obra de Steinberg ao Brasil na década de 1950 foi possível pela amizade do artista com Pietro Maria Bardi, então diretor do Masp, e os irmãos Cesare e Victor Civita. Bardi, assim como Steinberg, havia colaborado, na década de 1930, com a revista Il Settebello, quando ambos ainda moravam na Itália. É dessa época também a aproximação de Steinberg com os irmãos Civita, que atuavam no mercado editorial italiano. Anos mais tarde, Cesare se tornou agente de Steinberg. Foi ele quem agenciou as primeiras publicações de desenhos de Steinberg em revistas, como a The New Yorker. Foi devido a Cesare também que a revista carioca Sombra publicou uma seleção de desenhos de Steinberg, reproduzidos na capa e no miolo do seu primeiro número, em 1940. Foi a primeira revista do mundo a publicar um desenho de Steinberg em sua primeira página.
Catálogo Saul Steinberg. As aventuras da linha
O catálogo reúne as imagens das obras expostas, além de publicar pela primeira vez os desenhos que Steinberg fez sobre o Brasil. O artista veio ao país em 1952 por conta da abertura da exposição no Masp e, com sua esposa Hedda Sterne, viajou por Aparecida, Petrópolis, Salvador, Recife, Belém e Manaus, além de Rio de Janeiro e São Paulo, sempre registrando suas impressões em pequenos cadernos. No catálogo, a curadora Roberta Saraiva e o ilustrador Daniel Bueno fazem um diário de viagem de Steinberg no Brasil, tendo como base esses desenhos, assim como cartões-postais, bilhetes de viagem e outros itens, todos pertencentes ao acervo da biblioteca Beinecke, da Universidade de Yale.
O catálogo traz ainda um texto do crítico de arte Rodrigo Naves; uma entrevista de Steinberg cedida a Grace Glueck; um perfil do artista por Adam Gopnik, publicado na revista The New Yorker logo após a sua morte, em 1999; e um texto de 1952 do então professor da FAU-USP, Flavio Motta, publicado no jornal Diário de São Paulo, por ocasião da primeira mostra de Steinberg no Brasil.
Livro Reflexos e sombras:
Além do catálogo da mostra, o Instituto Moreira Salles publica Reflexos e sombras, livro de memórias de Saul Steinberg. A publicação nasceu de longas conversas entre o desenhista e o escritor e amigo italiano Aldo Buzzi, que depois as transcreveu e editou. O livro é dividido em quatro capítulos, nos quais Steinberg descreve as lembranças de sua infância na Romênia e de sua família; a viagem a Milão em 1933, onde estudou arquitetura e viveu sob o fascismo; sua emigração para os Estados Unidos em junho de 1942 e suas impressões sobre o país; e suas reflexões sobre a própria arte e o mundo artístico em geral.
Reflexos e sombras foi publicado pela primeira vez na Itália, em 2001, pela Adelphi Edizioni. Em 2002, o livro foi publicado em inglês pela Random House e agora, pelo IMS, tem sua primeira versão em língua portuguesa, com tradução de Samuel Titan Jr. A edição brasileira é a única amplamente ilustrada, com 63 imagens.
Sobre Saul Steinberg:
Saul Steinberg nasceu em 15 de junho de 1914, no lugarejo romeno de Râmnicul-Sarat. Seis meses mais tarde, sua família mudou-se para Bucareste, onde Steinberg passou toda a infância e a adolescência. Depois de um ano na Universidade de Bucareste, onde estudou filosofia e literatura, Steinberg foi para Milão para estudar arquitetura e completou sua graduação em 1940. Na cidade italiana, começou a publicar desenhos numa espécie de folhetim chamado Bertoldo, o que lhe valeu certa fama – em 1940, por exemplo, publicou alguns desenhos na revista Sombra, do Rio de Janeiro.
Em 1941, sob a ameaça do fascismo de Mussolini, Steinberg deixou a Itália, chegando aos Estados Unidos via Santo Domingo. Naturalizado em 1943, serviu no departamento de inteligência da marinha americana e no Office of Strategic Services (OSS) em missões na China, na Índia, no Norte da África e na Itália. Em 1944, casou-se com a pintora Hedda Sterne e estabeleceu-se em Nova York, onde obteve sucesso imediato, publicando prolificamente nas principais revistas do país, com destaque para a longa colaboração com a revista The New Yorker.
Steinberg compilou boa parte de sua produção em livros de desenhos que se tornaram clássicos do gênero, como All in Line (1945), The Art of Living (1949), The Passport (1954), The Labyrinth (1960), The New World (1965), The Inspector (1973) e The Discovery of America (1992). Ao mesmo tempo, realizou muitas exposições nos Estados Unidos e no exterior – inclusive no Brasil, onde exibiu seus desenhos no Museu de Arte de São Paulo em 1952. Sua obra foi tema de duas grandes retrospectivas: Saul Steinberg (1978), no Whitney Museum, e Saul Steinberg: Illuminations (2006), organizada pelo Frances Lehman Loeb Art Center, Vassar College. Saul Steinberg morreu em Nova York em 1999.
A arte sempre presente, mesmo nos momentos críticos da história. Diria até, principalmente nos momentos críticos da história e com bom humor heim!!!
ResponderExcluirMuito bacana mesmo!
bjs
Dagui