VIAGEM DE DEBRET COMEÇA PELA CAIXA CULTURAL SP
A mostra reúne 60 obras (aquarelas e desenhos) do famoso pintor francês
que retratam o sul do Brasil no início do Século XIX
A Caixa Cultural São Paulo inaugura, no dia 3 de maio, às 19h, a exposição “Debret – Viagem ao Sul do Brasil”. A mostra, com a curadoria de Anna Paola Baptista, reúne 60 aquarelas e desenhos, realizados pelo artista francês Jean-Baptiste Debret, que chegou ao Brasil em 1816, integrando a Missão Artística Francesa, e aqui permaneceu por 15 anos. Todo o conjunto pertence ao acervo dos Museus Castro Maya, detentor da maior coleção de obras de Debret existente no Brasil. A exposição segue até o dia 19 de junho, com entrada gratuita, na galeria Vitrine da Paulista.
A exposição é dividida em dois conjuntos: aquarelas e desenhos, feitos pelo artista na viagem ao Sul do Brasil, em 1827, na comitiva do imperador D. Pedro I, que percorreu os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. O artista pintou belas marinas da costa sul brasileira, paisagens da mata nativa, índios, brancos e negros, em seu cotidiano, destacando-se as festas e as tradições populares. O segundo conjunto é composto por célebres aquarelas realizadas no Rio de Janeiro, que retratam a vida urbana na Corte, desde a pompa do Império até o dia-a-dia de escravos, seus hábitos, vestimentas, e os trabalhos por eles executados. Toda a crônica do cotidiano urbano da cidade, e de seus habitantes, transparece nas aquarelas do artista.
Debret é o mais conhecido dos artistas que compunham a Missão Artística Francesa. Sua obra fez a crônica da vida urbana no Brasil imperial, apresentando os tipos humanos, hábitos, costumes e festas populares, além de espetaculares paisagens da mata atlântica e de marinas que revelam a iconografia histórica do Brasil, num grupo de obras que poucas vezes itinerou pelo país.
As obras, que compõem a exposição “Debret – viagem ao Sul do Brasil”, foram adquiridas pelo mecenas Raymundo Ottoni de Castro Maya, em Paris, no final dos anos 1930, com o intuito de resgatar os originais de Debret, que haviam servido de base para o livro Viagem pitoresca e histórica ao Brasil, que o artista lançou na França. O colecionador também adquiriu um importante material inédito, que ficara de fora da publicação.
Segundo a curadora Anna Paola, as imagens do sul contrariam algumas das mais marcantes características do trabalho de Debret: a flagrante sensação de intimidade e proximidade com a cena retratada, que emana de suas aquarelas sobre o Rio de Janeiro. Nas cenas do sul, ao contrário, predominam as vistas ao longe, tomadas a partir de um ponto de observação distante e alto.
“Alguns historiadores acreditam que Debret não chegou realmente a empreender o deslocamento ao sul, tendo se utilizado de relatos e desenhos de outros viajantes para compor os trabalhos” explica a curadora. “Até o momento, não temos documentos que resolvam essa questão, mas pergunto: isso é o mais importante? A viagem de Debret ao sul pode até não ter sido física, revela-se, porém, como construção mental e artística de uma paisagem, de uma representação que a coloca indubitavelmente na categoria de viagem”, completa.
A produção da mostra está a cargo de Izabel Ferreira, da Memória Visual Produção Cultural, e é patrocinada pela Caixa Econômica Federal.
Sobre Jean-Baptiste Debret
O artista nasceu em Paris, em uma família de artistas, sobrinho-neto do pintor e gravador François Boucher e primo de Jacques-Louis David, grande mestre do Neoclassismo. Estudou na Academia de Belas Artes e tornou-se um dos pintores oficiais do império francês, retratando as façanhas de Napoleão. Desgostoso com a morte de seu único filho e com a derrocada de Napoleão Bonaparte, o artista aceita participar da Missão Artística Francesa, que vem ao Brasil à convite de D. João VI.
Nos 15 anos passados no Brasil o artista retratou a vida urbana do Rio de Janeiro, o cotidiano da corte, desde as celebrações oficiais com desfiles militares até o dia-a-dia da damas, as vestimentas, seus hábitos e costumes, as tradições e festas populares, os escravos que tudo vendiam nas ruas da cidade, a bela arquitetura colonial e a floresta, a natureza luxuriosa da floresta atlântica brasileira.
Sobre os Museus Castro Maya
Os Museus Castro Maya, no Rio de Janeiro – Museu do Açude e Museu da Chácara do Céu –, têm origem na coleção de arte, formada ao longo da vida, pelo empresário, colecionador e mecenas das artes Raymundo Ottoni de Castro Maya (1894-1968).
Filho de colecionadores, Castro Maya conservou e aumentou significativamente a coleção herdada, adquirindo obras de arte, nacionais e estrangeiras, do Século IV a.C. ao Século XX. Sua coleção se apoia em múltiplos interesses, incluindo a arte moderna brasileira, arte oriental, arte européia dos séculos XIX e XX, Brasiliana, mobiliário, porcelana e prataria, azulejaria e louça do Porto, arte popular brasileira, livros raros etc.
Foi editor de livros e grande incentivador das artes, criador da Sociedade dos Cem Bibliófilos do Brasil, da Sociedade dos Amigos da Gravura, fundador e primeiro presidente do Museu de Arte Moderna (MAM) do Rio de Janeiro, presidente da Associação de Amigos do Museu Nacional de Belas Artes e membro do Conselho Federal de Cultura. Chamado de “um Medicis dos nossos dias”, foi mecenas e amigo de artistas brasileiros de seu tempo.
Castro Maya foi pioneiro, no Brasil, ao transformar sua coleção particular em patrimônio público, criando em
As casas do Açude e da Chácara do Céu começaram a funcionar como museus, respectivamente, em 1964 e 1972. E foram tombadas, juntamente com todo o acervo, em 1974. Na década de 1980, se deu a extinção da Fundação Castro Maya e os museus passaram para a esfera pública federal, integrados ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) do Ministério da Cultura. Em 2009, passaram a ser vinculados ao Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM)
FICHA TÉCNICA:
Curadoria: Anna Paola Baptista
Coordenação Geral: Izabel Ferreira
Design de Montagem: Anderson Eleotério
Programação Visual: Mauro Campello
SERVIÇO:
Exposição Debret – Viagem ao Sul do Brasil
Abertura para convidados e imprensa: dia 03/05, às 19h
Visita guiada com a curadora: dia 03/05, às 20h30
Datas: de 4 de maio a 19 de junho de 2011
Horário de visitação: terça-feira a sábado, das 9h às 21h, e domingos e feriados das 10h às 21h
Local: CAIXA CULTURAL São Paulo (Paulista) – Conjunto Nacional – Av. Paulista, 2083 – Cerqueira César, São Paulo (SP) – Metrô Consolação
Informações, agendamento de visitas mediadas e translado (ônibus) para escolas públicas: (11) 3321-4400
Acesso para pessoas com necessidades especiais
Entrada: franca
Recomendação etária: livre
Patrocínio: Caixa Econômica Federal
Um grande trabalho.
ResponderExcluirValiosas informações sobre Debret, que retratou o cotidiano do Brasil em suas telas, deixando-nos este importante legado.
abç
Betha